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A essência pacifista de Tanović
Terra de Ninguém mostra como a guerra é vazia em sentido
Ničija Zemlja, que no Brasil ganhou o nome de Terra de Ninguém, é um filme de 2001, do cineasta bósnio Danis Tanović. A obra que gira em torno de um episódio da Guerra da Bósnia foge do romantismo hollywoodiano e retrata com realismo o despropósito de um conflito sem heróis.
A história se desenvolve a partir de dois inimigos naturais; o sérvio Nino (Rene Bitorajac) e o bósnio Ciki (Branko Djuric) que se perdem de seus agrupamentos e vão parar na “terra de ninguém” – uma área que não pertence a nenhuma das nações envolvidas na guerra e pode receber tanto uma investida militar dos sérvios quanto dos bósnios. O que torna a situação mais delicada é a presença do bósnio Cera (Filip Sovagovic) que depois de ferido foi colocado sobre uma mina por soldados sérvios.
Como o artefato é de fabricação estadunidense, há uma alusão à falta de empenho dos EUA pelo armistício, mesmo tendo o privilégio de ser a nação com maior apelo junto à Organização das Nações Unidas (ONU), além de símbolo da expansão ocidental. Enquanto a carnificina prossegue na “terra de ninguém”, Nino e Ciki firmam um pacto de mutualidade, iniciado com a tentativa de desativar a mina sobre a qual Cera repousa. O absurdo da situação cria uma atmosfera cômica; os protagonistas trocam favores e ao mesmo tempo tentam encontrar meios de se eliminarem.
Entre as cenas de destaque de Terra de Ninguém está uma em que o representante da ONU se empenha para negociar algumas medidas com o alto escalão, na esperança de tirar os dois soldados da zona de perigo. O pedido é negado. Tanović também denuncia o desserviço dos meios de comunicação de massa ao explorar o telejornalismo de mercado. No filme, uma repórter que sonha em ser famosa tenta gerar animosidade entre Nino e Ciki enquanto o idealista da ONU faz o possível para ajudá-los, mesmo sem o consentimento dos superiores. Em suma, Ničija Zemlja é um filme de caráter pacifista que explora o paradoxo da violência e mostra como a guerra é vazia em sentido.