Que tudo que você não fala ganha vida “na sua cara”
Quando eu era criança, acredito que por volta dos oito anos, um dia a professora, uma freira, me chamou diante da turma na Escola São Vicente de Paulo e perguntou o que mais gosto de fazer:
— Gosto de escrever.
— O que você escreve, David?
— Histórias…
— Que tipo de histórias?
— Das coisas que vejo na rua, na “cara das pessoas”…
— Como assim na “cara das pessoas”?
— É que a “cara das pessoas” é feita de histórias.
— De que tipo?
— Do tipo que elas não querem contar. Então eu imagino o que é e escrevo…
— Mas isso não é ser mentiroso?
— Não…
— Me explique melhor…
— Se você prestar atenção, muitas vezes a “cara das pessoas” diz aquilo que elas não querem contar.
— E o que elas não querem contar?
— Acho que muita coisa. Meu avô fala que trazemos “na cara” as histórias que não contamos.
— E o que isso significa pra você?
— Que tudo que você não fala ganha vida “na sua cara”.
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