David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

O homem e o carrinho

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No mercado, vi um senhor fazendo um esforço hercúleo para empurrar um carrinho abarrotado de carne

No mercado, vi um senhor fazendo um esforço hercúleo para empurrar um carrinho abarrotado de carne. Havia tanta carne que por um momento ele parou de empurrá-lo. Em seguida, enxugou o líquido viscoso que escorria de um dos sacos de carne, lambuzando sua mão direita. Seu carrinho não era o único na mesma situação.

Antes que eu me afastasse, um de seus filhos se aproximou e o questionou se não havia carne demais no carrinho. Incomodado, o homem respondeu, num paradoxo ruidoso: “Carne é vida. Melhor sobrar do que faltar.” Por outro lado, ele sentia-se desconfortável porque uma de suas mãos estava grudenta. Sem velar a expressão de repulsa, na tentativa de limpá-la, ele acabou esfregando a mão em uma porção de belas laranjas.

Em menos de minuto, algumas testemunhas se aproximaram e viram as laranjas manchadas pelos glutinosos vestígios de carne. Então reclamaram: “Que sujeito nojento! Eu que não pego essas laranjas!” E partiram empurrando seus carrinhos cheios de peru, tender, pedaços de carne bovina e bandejas de presunto.

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