Me dá sua carteirinha de vegano!
Saindo da academia, já cansado, pernas esmorecendo pela destruição marota do treino de segunda, atravessei a rua e tão logo desativei o alarme do carro, um cara sentado em uma mureta saltou e gritou:
— Porra, cara! Tô aqui na espreita faz hora. Você é vegano! Tá andando de carro por que?
— Porque preciso. Preciso estar em vários lugares diariamente e tenho pouco tempo livre. Por enquanto é o jeito.
— Precisa porra nenhuma! Isso não é vegano, caramba! Parece um refém do sistema com esse papinho pós-história.
— É mesmo?
— É, me dá essa merda dessa carteirinha aí!
— Que carteirinha?
— Sua carteirinha de vegano, ora!
— Não tenho carteirinha.
— Como não?
— Não tenho.
— Olhe, cara, dessa vez vou te liberar, mas só porque seus pneus são da Michelin.
— Obrigado, irmão. Não sei o que eu faria sem a minha carteirinha.
— Tá! Tá! Tá! Tá liberado! Vai vegano!
Fiz um V com os dedos médio e indicador da mão direita e ele retribuiu enquanto comia uma goiaba.