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Alex Bradshaw: “Estamos combatendo todos os outros preconceitos primitivos, menos o especismo”
“Sou apaixonado por direitos animais. Tento criar projetos que ajudam a transmitir essas ideias”
O inglês Alex Bradshaw é um ilustrador, escritor e escultor vegano especializado em folclore e rituais da terra. Durante os anos de 2005 e 2009, ele foi vocalista da banda vegana de crust punk Fall of Efrafa, fundada em Brighton, que ao longo de quatro anos lançou os álbuns “Owsla”, “Elil” e “Inlé”.
Em entrevista ao Plague Years em outubro de 2008, Bradshaw, que integra as bandas Anopheli, Archivist, Carnist, Eleleth, Momentum e Morrow, disse que não devemos aplicar o termo “civilizado” à humanidade enquanto estivermos subjugando outras espécies. “Estamos combatendo todos os outros preconceitos primitivos, menos o especismo”, criticou em referência ao fato de que naturalmente as pessoas se preocupam mais com as desigualdades e os preconceitos que as atingem diretamente, ignorando os demais.
Para Alex, o ser humano ainda não é capaz de ver e reconhecer o seu verdadeiro potencial. Em entrevista ao Metalorgie, publicada em setembro de 2016, ele relatou que o que o fez refletir profundamente sobre a exploração animal e se tornar vegano foi a música “Nailing Descartes To The Wall/(Liquid) Meat is Still Murder”, do álbum “Less Talk, More Rock”, lançado em 1996, pela banda vegana de punk rock Propagandhi.
Durante a entrevista, o inglês citou o trecho: “Mas você não pode negar que carne ainda é assassinato, e laticínios ainda são estupro. Eu ainda sou tão estúpido quanto qualquer um, mas sei dos meus erros. Reconheci uma forma de opressão. Agora reconheço o resto. A vida é muito curta para tornar a dos outros mais curta.” Depois de ouvir a música do Propagandhi, Alex admitiu a si mesmo que seria difícil não pensar a respeito e abraçar o veganismo por uma questão moral.
“Sou apaixonado por direitos animais. Tento criar projetos que ajudam a transmitir essas ideias. Comando um projeto de vestuário chamado Animals Allies. Faço camisetas com slogans veganos e doo todo o dinheiro para a caridade. Tenho feito isso há cinco anos e levantei um bom dinheiro. Bandas são uma boa forma de veicular mensagens sobre direitos animais”, garante Alex Bradshaw, também conhecido como Alex CF.
Referências
http://www.artofalexcf.com/
https://www.discogs.com/artist/935521-Alex-Bradshaw
http://plague-years.blogspot.com.br/2008/10/fall-of-efrafa-interview.html
http://www.metalorgie.com/interviews/1356_Alex-CF-Fall-Of-Efrafa-Light-Bearer-Morrow-Anopheli_Par-Email
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Propagandhi: “De alguma forma, todo mundo que come carne sabe que existe algum dano nisso”
“Não tenho nenhuma necessidade de machucar os animais para o meu próprio prazer ou conforto”
Fundada no Canadá em 1986, a banda Propagandhi, importante nome do cenário punk rock da América do Norte, tem se destacado desde os anos 1990 por ter como bandeira a defesa dos direitos animais e o veganismo. Em uma de suas músicas, “Nailing Descartes To The Wall/(Liquid) Meat is Still Murder”, que faz parte do álbum “Less Talk, More Rock”, lançado em 1996, eles cantam:
“Pare de consumir animais…da carnificina espalhada pelos pátios, fábricas e fazendas. […] Mas você não pode negar que carne ainda é assassinato, e laticínios ainda são estupro. Eu ainda sou tão estúpido quanto qualquer um, mas sei dos meus erros. Reconheci uma forma de opressão. Agora reconheço o resto. A vida é muito curta para tornar a dos outros mais curta.”
E, desde o princípio, se alguém tentasse criticá-los, alegando que jovens de uma banda de punk rock dificilmente conhecem a verdadeira realidade das fazendas e dos matadouros, era preciso estar preparado. De acordo com o vocalista e guitarrista Chris Hannah, o Propagandhi veio de uma área área rural, de uma cidadezinha chamada Portage La Prairie, de pouco mais de 13 mil habitantes. Então os integrantes da banda viram e tiveram contato com vacas, fazendas, laticínios e matadouros enquanto cresciam.
“Nós somos desse meio. Sabemos o que acontece. Nós vimos isso. E sou meio que feliz por ter esse tipo de munição que me trouxe um desafio. Isso é outra coisa sobre ser do campo no Canadá, você sabe quando as pessoas estão falando merda”, disse Hannah em entrevista a Ian Phillips em 18 de dezembro de 2007, em referência às pessoas que tentam desqualificar as letras da banda, alegando que são “sensacionalistas” ou “apelativas”.
Segundo o baixista e vocalista Todd Kowalski, o Propagandhi é um grupo vegano em essência. “É importante para nós que todos [da banda] acreditem no que estamos dizendo e praticando, senão isso não seria sincero. Definitivamente, usamos a banda para promover o veganismo através da música, entrevistas, artigos, etc. Na minha vida, tento deixar um exemplo, ser a minha mensagem para as pessoas ao meu redor. E funciona. Muitos dos meus amigos, assim como meu irmão, se tornaram vegetarianos depois de ver como é fácil”, declarou em entrevista à revista T.O.F.U.
Kowalski se tornou vegetariano após pensar sobre o assunto por um mês ou mais. Depois de uma crise de consciência, o vegetarianismo pareceu a coisa certa a se colocar em prática. “Fui vegetariano por um ou dois anos antes de me tornar vegano, embora não tenha sido um processo lento”, relatou.Em entrevista a Noisey publicada em 23 de junho de 2015, Todd disse que o Propagandhi já tinha abraçado o veganismo “antes que se tornasse algo legal”, talvez citando a tendência de pessoas que se tornam veganas por acharem “divertido”, e não pelos motivos certos. “Agora há muitos livros de receita e outros materiais, mas, de volta aos anos 1980, se você quisesse fazer algo como hambúrgueres, você tinha que comprar um saco de grãos em pó e misturá-lo com água”, contou em tom bem-humorado.
Por outro lado, a popularidade do veganismo tem agradado bastante aos integrantes do Propagandhi. Todd Kowalski enfatizou que ficou muito mais fácil encontrar comida vegana durante as turn~es. Quando não vão a restaurantes veganos, eles optam pelos tailandeses, que também têm ótimos pratos sem ingredientes de origem animal. “Em casa, normalmente preparo minha comida, e de vez em quando vou ao Merkato, o meu restaurante etíope favorito em Winnipeg”, revelou ao VegNews.
Para os caras do Propagandhi, é razoável, natural e lógico que uma pessoa se torne vegana se ela estiver interessada em provar que defende a justiça para todos os seres vivos. “Não tenho nenhuma necessidade de machucar os animais para o meu próprio prazer ou conforto. Não quero contribuir com as indústrias que estão poluindo o mundo, matando e ferindo animais. Ser vegano é fácil, saudável e muito mais prazeroso do que sofrer de dor depois de comer uma bratwurst [salsicha alemã]”, declarou Kowalski rindo em entrevista à revista T.O.F.U.
Todd reclamou também que não consegue entender como as pessoas são capazes de substituir a compaixão e a justiça por um copo de leite ou um pedaço de queijo, levando em conta que isso significa a exploração das vacas por toda a vida. Ele frisou que as pessoas podem mudar facilmente se elas tiverem vontade o suficiente. “De alguma forma, todo mundo que come carne sabe que existe algum dano nisso. Sinto em algum lugar de mim um pouco de ressentimento por isso. Me pergunto como eles podem continuar contribuindo com isso se eles se consideram justos?”, questionou.
Entretanto, Kowalski ponderou que é muito fácil generalizar que todas as pessoas do mundo que consomem alimentos de origem animal não têm compaixão. De acordo com o baixista e vocalista do Propagandhi, há certas culturas em que, devido às circunstâncias, as pessoas nem sabem ou cogitam o que seja o vegetarianismo, até por fortes fatores culturais e educacionais.
“Não culpo essas pessoas fortemente. [Mas] nós, na América do Norte, temos a informação e a história cultural para agir de maneira diferente, especialmente considerando que a maioria da ‘nossa carne’ é produzida em revoltantes fazendas industriais. Com isso em mente, carne de animais criados livres [também] não é um substituto justificável”, argumentou e acrescentou que sua reprovação se estende a todos os países onde o consumo de produtos de origem animal foi naturalizado pela indústria.
Sendo assim, as pessoas compram carne diretamente de açougues e mercados, financiando não apenas a morte e o sofrimento animal, mas também a ganância daqueles que veem os animais apenas como um meio de obter lucro. Contudo, Todd Kowalski explicou que se tivesse nascido em Dinka, no Sudão, ou em algum lugar onde comer carne fosse a espinha dorsal de sua vida, provavelmente ele não teria chegado a se tornar vegetariano.
“Porém, se eu mudasse para o Canadá ou Estados Unidos, eu poderia ter me revoltado com isso e me tornado vegetariano. Claro que a sociedade dita como será sua vida e suas escolhas. No entanto, branco ou aborígine, comprando ‘sua carne’ das fazendas industriais é completamente injusto e decididamente contra a natureza e, ao meu entender, contra a cultura aborígine. Não é sustentável, lógico, necessário, justo ou espiritual”, criticou o baixista do Propagandhi em entrevista à revista T.O.F.U..
Formação
Chris Hannah – Vocal e guitarra
Todd Kowalski – Baixo e vocal
Jord Samolesky – Bateria e vocal
David Guillas – Guitarra e vocal
Saiba Mais
O Propagandhi é colaborador de organizações que atuam em defesa dos direitos animais, como Peta e Sea Sheperd, além de outras.
Entre os anos de 1993 e 2012, o Propagandhi lançou os álbuns “How to Clean everything”, “Less Talk, More Rock”, “Today’s Empires, Tomorrow’s Ashes”, “Potemkin City Limits”, “Supporting Castle” e “Failed States”.
Referências
https://noisey.vice.com/en_us/article/propagandhi-winnipeg-interview-2015
http://vegnews.com/articles/page.do?pageId=381&catId=5
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