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Ibama vai multar em mais de R$ 105 milhões os fornecedores do McDonald’s, Burger King, Walmart, Unilever e Nestlé por destruírem áreas de preservação permanente
As áreas foram usadas para o plantio de soja destinado à pecuária, ou seja, à ração animal
O Ibama anunciou esta semana que vai multar em mais de R$ 105 milhões a Cargill e a Bunge, fornecedores de alimentos para animais criados para consumo, por destruírem áreas de preservação permanente, causando grande impacto no cerrado brasileiro. A ação do Ibama é consequência de uma investigação realizada pela organização ambiental Mighty Earth em 2017, expondo as práticas da Cargill e da Bunge, que fazem parte da cadeia de fornecimento de carnes e produtos lácteos de corporações como McDonald’s, Burger King, Walmart, Unilever, Nestlé, Tesco e Carrefour.
Para se ter uma ideia do impacto, foi comprovado que a Cargill e a Bunge, que atendem 61 grandes companhias, financiaram ativamente a destruição de áreas úmidas nativas, obrigando populações inteiras a se deslocarem para favorecer um desmatamento equivalente ao tamanho da Inglaterra – comprometendo a biodiversidade e a sobrevivência de animais como a onça-pintada, tamanduá-bandeira, lobo-guará e cervo-do-pantanal. As áreas foram usadas para o plantio de soja destinado à pecuária, ou seja, à ração animal.
Glenn Hurowitz, CEO da Mighty Earth, diz que, embora a responsabilidade esteja recaindo somente sobre a Cargill e a Bunge, é importante questionar também por que as grandes corporações e empresas continuam se beneficiando dessa prática criminosa. A Bunge se defendeu dizendo que achava que destruir essas áreas era uma prática legal. “O governo brasileiro claramente não concorda. Mas se a Bunge apenas adotasse o simples passo de proibir todo o desmatamento em sua cadeia de fornecimento, não estaria enfrentando esses riscos”, enfatiza Hurowitz.
Referência
A história do ex-palhaço do McDonald’s que se tornou um vegetariano ético
“Meu desejo a todos aqueles que comem carne é que entendam que é possível ser saudável e feliz sem participar da matança de animais inocentes”
Geoffrey Giuliano nasceu em Rochester, Nova York, em 1953. Se graduou em artes cênicas pela Universidade de Nova York e depois concluiu o mestrado na mesma área. Com uma esposa e dois filhos, ele chegou a um ponto em sua vida em que o desemprego e um empréstimo estudantil o levaram a participar de todos os tipos de audições, inclusive de empresas do ramo alimentício que contratavam atores.
A única oportunidade em que viram o seu potencial foi em uma audição do Burger King, onde ele interpretou o Marvellous Magical Burger King, ícone da rede de fast food. “Foi a única oportunidade que apareceu. Minhas crenças eram minhas. ‘Se todo o resto do mundo quer matar uma vaca e comê-la, deixe que façam isso, desde que eu não participe.’ Era assim que eu justificava isso”, explicou Geoffrey Giuliano em entrevista publicada no “Hinduism Today” em março de 1991.
Giulliano já era vegetariano nos anos 1970, embora não por uma motivação verdadeiramente ética como comprova a frase acima. Depois de interpretar o famoso rei em vestes medievais que atraía principalmente crianças para as franquias do Burger King, o ator estadunidense foi contratado entre mais de 600 palhaços para representar Ronald McDonald, o personagem mais famoso da rede McDonald’s.
“Uma das primeiras coisas que me impressionou foi que o núcleo executivo do McDonald’s e a equipe da sua agência de publicidade [que sabiam exatamente como tudo era feito], nunca comiam a comida do McDonald’s. Eles tinham um chefe le cordon bleu, e era só chamá-lo que ele preparava qualquer coisa que eles quisessem”, disse.
Para interpretar o palhaço carismático, Geoffrey Giuliano recebia um salário anual de 50 mil dólares, além de chofer, limusine, um chefe de cozinha a seu dispor o dia todo, um escritório em uma cobertura e uma secretária. “Eu sentia que comer carne era prejudicial à saúde, desnecessário e muito, muito errado. Eu queria me redimir e deixar esse mundo, para sempre. E se eu pudesse ajudar alguém antes, essa seria a única razão para que eu continuasse nesse negócio de Ronald McDonald”, declarou ao “Hinduism Today”.
Giulliano ficou tão famoso como Ronald McDonald que as pessoas o paravam na rua para pedir autógrafo. Em uma carta aberta, ele explicou o motivo do seu desligamento da rede McDonald’s depois de dois anos. “Fui contra tudo em que acredito, vendendo para o gigante corporativista McDonald’s, interpretando Ronald McDonald para milhares de crianças inocentes que confiavam em mim. Também lamento dizer que interpretei o Marvellous Magical Burger King no Nordeste dos Estados Unidos, fazendo um show de mágica para crianças e promovendo as ‘glórias’ de comer carne para a corporação Burger King”, escreveu.
Em junho de 1990, Geoffrey Giuliano, o ex-Ronald McDonald, se juntou a 150 ativistas pelos direitos animais para falar sobre como a matança de animais visando a produção de alimentos não faz o menor sentido. Na ocasião, ele gritou frases como: “Carne é assassinato!” Em publicação do “The Sunday Sun”, de 1º julho de 1990, ele contou que é muito cruel comer animais.
Dez anos depois que deixou o seu trabalho como Ronald McDonald, o ator estava assistindo TV quando viu um anúncio antifumo estrelado por um dos intérpretes do Marlboro Man, que contraiu doença pulmonar por causa do tabagismo. Isso o inspirou a fazer algo a respeito do seu passado. Ele tomou a decisão de criar um show de mágica sem fins lucrativos, para conscientizar as crianças sobre o estilo de vida vegetariano, incentivando-as a respeitarem os animais e o meio ambiente.
“Quero me desculpar por ajudar a fazer lavagem cerebral nos jovens da América do Norte”, declarou. Como Ronald McDonald, Geoffrey Giuliano participou de comerciais e compareceu a muitos eventos do McDonald’s, inclusive inaugurações de franquias entre os anos de 1980 e 1982. O seu show mais conhecido era o “Ronald McDonald Safely Show”, voltado para crianças.
“Eu fazia shows, e todos os shows eram gratuitos, e havia crianças que nunca viram nenhum [tipo de] show em suas vidas. Eles corriam até mim, choravam e riam. As crianças eram maravilhosas. Isso foi o que me impediu [de continuar sendo o Ronald McDonald]”, justificou.
Em entrevista ao documentário “McLibel: Two Worlds Collide”, lançado em 1998 e dirigido por Franny Armstrong e Ken Loach, Giuliano revelou que a ideia era convencer as crianças de que os hambúrgueres não têm nada a ver com uma vaca morta, que eles crescem em um lugar feliz e você apenas os arranca com a ajuda de um cara roxo, do Hamburglar, e todos os outros personagens.
“Eles encobriram esse massacre de animais inocentes como em um conto de fadas. Uma vez fui à fábrica onde as galinhas são ‘preparadas’ para fazer o McNuggets. Elas entravam de um lado vivas e saíam mortas do outro lado. O cheiro era horrível. Havia algo escorregadio e nojento no chão, e você sabia que era um lugar de morte”, enfatizou.
Geoffrey Giuliano, que criou os quatro filhos como vegetarianos, se recordou em entrevista ao “Hinduism Today” que ele tinha muita facilidade para fazer as crianças sorrirem. Em suas visitas como Ronald McDonald ao Hospital de Crianças de Toronto, no Canadá, onde ele visitava pacientes em fase terminal, um dia uma enfermeira disse para ele não entrar em um dos quartos porque o garotinho que ele pretendia visitar estava em coma profundo.
“Bom, se ele está tão distante [em coma profundo], o que pode machucá-lo?”, questionou. Então caminhou até a criança, mexeu em seu nariz, fez um pequeno truque de mágica, sussurrou em seu ouvido e segurou sua mão. “Juro por Deus, ele saiu do coma e sorriu. Foi inacreditável!”, garantiu.
Longe dos holofotes, Giulliano se especializou na produção de biografias e se tornou um autor bem-sucedido. Publicou livros sobre a vida de Paul McCartney, George Harrison e Pete Townshend, além de um livro de entrevistas raras dos Beatles. Em publicação do “Hinduism Today” de março de 1991, ele se desculpou novamente com todos os vegetarianos, principalmente aqueles que, por causa do seu trabalho como Ronald McDonald, tiveram dificuldades em convencer seus filhos a seguirem uma dieta vegetariana.
“Meu desejo é que todos aqueles que comem carne entendam que é possível ser saudável e feliz sem participar da matança de animais inocentes”, destacou.
Referências
Armstrong, Franny. Loach, Ken. McLibel: One-Off Productions e Spanner Films. Two Worlds Collide (1998).
https://www.hinduismtoday.com/modules/smartsection/item.php?itemid=804
http://www.mcspotlight.org/people/interviews/guilliano_geoff.html
http://www.mcspotlight.org/people/witnesses/advertising/guiliano_geoff.html
http://www.thenazareneway.com/vegetarian/ronald_mcdonald_is_now_a_vegetar.htm
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Relatório denuncia Burger King como comprador de ração animal produzida em áreas desmatadas da Amazônia
Relatório divulgado recentemente pelo grupo ambiental Mighty Earth (ME), dos Estados Unidos, denuncia que a cadeia de fast food Burger King compra importante parcela da ração animal produzida em áreas desmatadas da floresta amazônica.
O objetivo da Mighty Earth ao denunciar o Burger King é garantir transparência na atuação das grandes corporações que estão envolvidas em ações que prejudiquem o meio ambiente. Por isso, eles usaram tecnologia de mapeamento por satélite, entrevistaram agricultores e visitaram 28 fazendas ao longo de três mil quilômetros de áreas que pertencem ao Brasil e à Bolívia.
Um dos grupos apontados pela ME como um dos grandes financiadores do desmatamento na Amazônia é a multinacional Cargill, sediada em Minnesota, nos Estados Unidos, e uma das principais fornecedoras do Burger King. “Burger King não é a única empresa cuja falha de políticas e práticas estão causando grandes problemas ambientais. Tanto a indústria de fast food quanto de vendedores de carne, como supermercados, obtêm suas matérias-primas de muitas fontes questionáveis”, alega a Mighty Earth, acrescentando que o ponto mais crítico da situação é que o Burger King se recusa a mudar suas práticas.
A destruição da floresta amazônica tem forçado a migração de populações locais, queima de áreas nativas e destruição de aproximadamente 200 milhões de hectares de florestas naturais e pastagens, o que equivale a 15 vezes o tamanho da Inglaterra, segundo informações obtidas por Anna Starostinetskaya, da Veg News.
“Hambúrgueres e batatas-fritas não valem a destruição das florestas tropicais”, informa o relatório. De acordo com Anna Starostinetskaya, embora a organização ambiental tenha feito um bem em denunciar o problema, não foi tão feliz na sugestão para resolvê-lo:
“Eles identificaram uma solução equivocada, que seria cultivar mais soja e gado em menos terra, uma prática que resulta em operações concentradas de alimentação animal nos moldes das fazendas industriais, o que, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação [FAO] ,já provou ser algo nocivo para o ambiente, bem-estar animal e saúde humana”.
Referências
http://vegnews.com/articles/page.do?pageId=9121&catId=1
http://www.mightyearth.org/mysterymeat/
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