David Arioch – Jornalismo Cultural

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Por que enterra os seus?

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Uma breve discussão entre dois amigos na França de 1930

Ludovitch: cemitérios edificados para resguardarem seus falecidos? (Foto: копия)

“Olho para o chão e me pergunto, por que o homem que anseia por um paraíso etéreo e enxerga a vida como mera passagem terrena enterra os seus? Parece-me demasiado contraditório se levarmos em conta a fabulosa crença de Tártaro abaixo de nossos pés. Qual é a lógica de enterrar os seus quando a profundidade do espaço terreno é o símbolo burlesco do mundo inferior? O que busca o homem? Um eterno banho no Flegetonte?”, questionou o francês François Schieu ao deslizar a mão direita pelo queixo.

O ucraniano Nikolai Ludovitch, estático e atento às palavras do amigo, revelou jamais ter pensado a respeito. “É uma pergunta interessante, mas qual seria a solução mais plausível? Cemitérios edificados com cinquenta ou cem andares para resguardarem seus falecidos? É possível distender sentidos peculiares e simbólicos, já que estariam mais próximos da região superior, onde se movem os astros.”

 
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украинцев: uma neve vermelha no deserto siberiano

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Grupo de ucranianos viveu um episódio de terror no deserto siberiano (Foto: Reprodução)

Em 1941, os ucranianos Mikhail e Karen Kudha Ludovitch, à época com 89 anos, estavam dormindo em uma casa de repouso em Leningrado, no noroeste russo, quando foram acordados durante a madrugada por cinco soldados soviéticos. O casal foi colocado junto de mais 49 pessoas dentro de um velho caminhão usado no transporte de animais. O destino era a Sibéria. Morreram por inanição e hipotermia depois de serem abandonados a centenas de quilômetros de Omsk, no deserto siberiano.

Dos passageiros, apenas cinco foram encontrados vivos, segundo Mykola Dramenko, um sobrevivente ucraniano de ascendência cossaca que fugiu para a Espanha. O ato foi “justificado” como represália às manifestações separatistas. O neto de Mikhail e Karen, Nikolai Ludovitch, após saber do incidente por intermédio de uma rádio clandestina, localizou Dramenko. O sobrevivente revelou que só não morreu porque decidiram praticar antropofagia. A preferência era por cadáveres que exalavam odor mais tênue. Muitas milícias ligadas ao governo soviético eram contratadas para promover limpeza étnica, incluindo desde crianças a idosos, de acordo com Mykola.