Sobre a realidade comum da indústria de laticínios
Imagine carregar um bebê no ventre por nove meses, sentindo que existe outra vida dentro de você, e assim que ele nascer, ser retirado do seu convívio. Esse tipo de privação é a realidade comum da indústria de laticínios. Imagine o nível de estresse da vaca e do bezerro nessa situação. No sistema industrial é comum os bezerros mamarem somente uma vez (ou nem isso) se não forem considerados “interessantes” como matéria-prima. Caso haja o interesse de comercializar carne de vitela, eles normalmente passam dois dias com a mãe para serem amamentados com o colostro, o que previne doenças e evita que a carne do bezerro seja desqualificada comercialmente. Depois são separados definitivamente e confinados em gaiolas, baias ou qualquer outro espaço reduzido – onde são alimentados com um leite artificial pobre em ferro e outros nutrientes que ajudam a tornar a carne “mais clara, tenra e macia”. A carne classificada como ideal é obtida após a morte de um bezerro com idade entre três e seis meses. Para produtores que não têm interesse nesse tipo de mercado, o que é muito comum no setor nacional de laticínios, a morte do bezerro pode ser decretada logo após o nascimento; já que ele é considerado descartável – ou simplesmente um efeito colateral de um processo. De fato, suas necessidades como ser senciente não são ponderadas, e a sua curta existência é apenas uma forma de assegurar a manutenção da produção leiteira. Afinal, uma vaca precisa gerar vidas para entrar no período de lactação – seja de curta, média ou longa duração. Sendo assim, isso nos leva a uma óbvia conclusão. Se uma vaca produz leite, mesmo que geneticamente modificada e condicionada a produzir volumes incomuns, ela não o faz para alimentar seres humanos, mas sim por um dom natural que é alimentar seus filhos, assim como faziam seus ancestrais antes da intervenção humana.