David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Sobre ser contra algumas formas de exploração e desconsiderar o veganismo

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Foto: Jo-Anne McArthur/We Animals

É estranho ser contra diversas formas de exploração e ainda assim considerar o veganismo como algo impraticável ou impossível. Quero dizer, se me alimento de animais, e tenho acesso à informação sobre as variantes da exploração de seres sencientes, devo reconhecer que se compro um pedaço de carne isso significa que algum ser vivo passou por privação ou sofrimento, ou os dois; senão aquele pedaço não chegaria às minhas mãos.

Claro, posso defender algumas bandeiras contrárias a alguns tipos específicos de exploração, mas analisando como um todo, as minhas contrariedades seriam pontuais, e em alguns casos até paradoxais e convenientes, já que é mais fácil defender aquilo que nos atinge primariamente.

Eu não acharia justo eu fazer um discurso sobre exploração, igualdade e equidade, por exemplo, em um churrasco convencional. Quero dizer, enquanto me alimento de animais. Mas por que? Simplesmente porque eu me sentiria invalidando o meu próprio discurso. Claro, esse é o meu entendimento, e a minha perspectiva. Não vendo verdades; apenas estimulo reflexões.

Alguém que é contrário a algumas formas de exploração poderia alegar que não vive sem carne. Não, não vivemos sem a nossa própria carne, ou seja, do nosso corpo, assim como qualquer animal não humano. É por isso que não existe carne sem morte, embora muita gente ainda resista a fazer tal associação. Não há como negar que um pedaço de carne que se consome é mais do que o simbólico fim de uma vida. Representa a negação à plena existência, e até mesmo à existência verdadeiramente pacífica.

 





Written by David Arioch

June 10th, 2017 at 9:04 pm

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