Archive for December, 2016
Joan Jett: “Qual é a diferença entre comer um bife sangrento e matar meu cão?”
“Há 20 anos, pensei: ‘Qual é a diferença entre comer um bife sangrento e matar meu cão, o cortando, o abrindo e o assando?
Sempre amei os animais, mas foi só nos anos 1980 que me tornei vegetariana. Muitas coisas me influenciaram para que eu mudasse de vida, tanto musicalmente quanto emocionalmente, mas principalmente o meu amor pelos animais.”
Excerto da entrevista “What’s in your basket, Joan Jett?”, publicada pelo jornal britânico The Guardian em 18 de julho de 2010. Joan Jett, que chegou ao auge da carreira na década de 1970, é uma das figuras mais importantes da história do rock.
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
Moby: “Os animais têm suas próprias vidas e eu não poderia mais continuar contribuindo com o sofrimento deles”
“A razão para que me tornasse vegetariano é que amo os animais e não quero estar envolvido em qualquer coisa que contribua com o seu sofrimento. No começo, desisti de carne bovina e frango. Depois, dos peixes.
Se você já passou algum tempo com os peixes, tenho certeza que você percebeu que eles sentem dor e são muito mais felizes quando não são espetados ou sufocados em uma rede.
Então refleti: ‘Mas as vacas e as galinhas exploradas para a produção de leite e ovos parecem tão miseráveis. Por que ainda estou comendo ovos e tomando leite?’ Foi aí que em 1987 abri mão de todos os produtos de origem animal e me tornei vegano.
Simplesmente para que eu pudesse viver de acordo com minhas convicções. Acredito que os animais têm suas próprias vidas e eu não poderia mais continuar contribuindo com o sofrimento deles.”
Excertos do artigo “Why I’m Vegan”, escrito pelo compositor, cantor e DJ Moby na edição de março de 2014 da Revista Rolling Stone.
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
Sean Brennan: “Animais são sencientes, então matá-los para transformá-los em comida é totalmente antiético”
“Sou vegano. Não consumo nada de origem animal. Sempre tive um grande respeito pelos animais e pelo meio ambiente. Prejudicar os animais seria inconcebível pra mim. Seria injustificável comê-los, já que não precisamos comer animais para obter todos os nutrientes que precisamos para sermos saudáveis.
Além disso, há muitas outras razões: animais são sencientes, então matá-los para transformá-los em comida é totalmente antiético. Fora que sabemos que a pecuária causa grandes danos ao meio ambiente, além de carne não ser algo saudável de se consumir.
Essa perspectiva tem me acompanhado desde a infância, e se intensificou quando aprendi mais sobre os danos causados pela produção de gado. Há um grande desperdício para se produzir uma pequena quantidade de carne. E usando os mesmos recursos, poderíamos investir muito mais na produção de alimentos veganos.”
Excertos da entrevista que o compositor e multi-instrumentista Sean Brennan, fundador da banda de gothic rock/darkwave estadunidense London After Midnight, uma das mais importantes do gênero, concedeu ao movimento russo Альянс Защитников Животных/Alliance For Animals no outono de 2010. Brennan é vegano e defensor dos direitos animais. Ele também usa o site do London After Midnight e sua música como instrumentos de protesto.
Referência
http://www.londonaftermidnight.com/interviews.html
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
Rob Zombie: “Sou vegetariano desde que era criança e depois me tornei vegano. Sinto que os animais sempre precisam de proteção”
“Sou vegetariano desde que era criança e depois me tornei vegano. Acho que é uma boa coisa de se fazer e, mais do que isso, é a coisa certa a se fazer. Mas primeiro entenda porque você está fazendo isso. É preciso fazer pelas razões certas. […] Realmente me importo com os animais, as causas animais. Sinto que os animais sempre precisam de proteção.”
Excertos da matéria “Rob Zombie: Animals Always Need To Be Protected”, de Karen Bliss, publicada na Samaritan Mag em 2 de outubro de 2012; e “Interview: Rob Zombie Answers Fan Questions, Part 3”, da Revolver Magazine, publicada em 22 de abril de 2016.
Em 24 de março de 2016, Rob Zombie revelou em sua página no Facebook que as pessoas sempre o questionam sobre o motivo dele ter se tornado vegano:
“Assistam este vídeo e vocês saberão o porquê. Não estou pregando nada. Estou respondendo uma pergunta. Por favor, não comentem nada, a não ser que você tenham se sentido incomodados com o que assistiram. Acredite em mim, é duro e deprimente. Às vezes, a verdade é uma merda.”
Zombie se referiu ao pequeno documentário Glass Walls (Paredes de Vidro), narrado e estrelado por Paul McCartney em 2009, que mostra a realidade da indústria da exploração animal.
Famoso no cenário do hard rock e do heavy metal, o compositor e vocalista Rob Zombie atua como defensor dos direitos dos animais desde 1982, quando assistiu um vídeo de animais sendo executados em um matadouro. Ele fundou a banda White Zombie em 1985 e optou por seguir carreira solo em 1998. Depois estreou como cineasta em 2003, com o filme de terror House of 1000 Corpses (A Casa dos 1000 Corpos).
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
Fassbinder…
O alemão Rainer Werner Fassbinder foi um dos cineastas mais controversos da Alemanha das décadas de 1960 a 1980. Conheci o trabalho dele no final da minha adolescência, quando assisti Der Stadtstreicher (O Vagabundo da Cidade). Foi a primeira vez que vi um sujeito marginalizado e não romantizado como protagonista de um filme, mesmo que de curta-metragem.
Da Vinci: “Se aproxima deles para que possam gerar filhos que saciem seu paladar, assim criando sepulturas para todos os animais”
“Rei dos animais, como o próprio homem se descreve, eu devo dizer que sim, você é o rei dos animais. És o maior que, além de ajudá-los, se aproxima deles para que eles possam gerar filhos que saciem seu paladar, assim criando sepulturas para todos os animais.
E devo dizer mais, se me for permitido dizer toda a verdade, você não acha que a natureza já produz alimentos o suficiente para que se satisfaça? E se não estás contente, saibas que ela oferece tanta diversidade que lhe permite criar uma infinita combinação de ingredientes.”
Citações do polímata italiano Leonardo da Vinci publicadas na obra “Quaderni D’Anatomia – I-VI”, preservada pela Biblioteca Real de Windsor. Ove C.L.Vangensten, A. Fonahn, H. Hopstock. Christiana: J. Dybwad. Edição de 1911-1916.
Leonardo da Vinci, que nasceu em 15 de abril de 1452 e faleceu em 2 de maio de 1519, foi uma das figuras mais proeminentes e polivalentes do Renascimento. Atuou como escultor, pintor, arquiteto, poeta, músico, botânico, anatomista, inventor, engenheiro, matemático e cientista.
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
Plutarco: “Só para ter um pedaço da sua carne, os privamos da luz do sol, da vida para que nasceram”
“Chamas selvagens e ferozes outros carnívoros, os tigres, os leões e as serpentes, enquanto manchas no sangue as tuas mãos, e em espécie alguma de barbárie lhes ficas inferior.
E para eles, todavia, o assassinato é apenas o meio de se sustentarem; para ti, é uma lascívia supérflua. Aos inocentes, aos mansos, aos que não têm auxílio nem defesa — a esses perseguimos e matamos.
Só para ter um pedaço da sua carne, os privamos da luz do sol, da vida para que nasceram. Tomamos por inarticulados e inexpressivos os gritos de queixume que eles soltam e voam em todas as direções, quando na realidade são instâncias e súplicas e rogos que cada um deles nos dirige dizendo:
— Não é da verdadeira satisfação das vossas reais necessidades que queremos livrar-nos, mas da complacente luxúria dos vossos apetites.”
Excerto de “Do Consumo de Carne – Discurso Primeiro”, de Plutarco, escrito no final do século I.
Plutarco, que mais tarde adotou cidadania romana, foi um biógrafo e ensaísta grego, conhecido por obras antológicas como “Moralia” e “Vidas Paralelas”. Como filósofo, se inspirava principalmente em Platão. Seus trabalhos se voltam mais para a discussão de questões religiosas e morais. Esta segunda o levou a tornar-se um defensor do vegetarianismo. A Plutarco é atribuído o entendimento moderno do que foi a Grécia Antiga.
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
Tolkien: “Esse povo derruba árvores e caça animais, portanto, não somos seus amigos”
“Senhor – diziam – se tens poder sobre esses recém-chegados, faça com que voltem por onde vieram, ou que continuem seu caminho. Pois, nesta terra não desejamos que desconhecidos destruam a paz em que vivemos. E esse povo derruba árvores e caça animais, portanto, não somos seus amigos.
E, se não quiserem partir, nós os atormentaremos de todas as formas possíveis. Por mais quatro anos, Beren ainda vagou por Dorthonion, um proscrito solitário. Tornou-se, porém, amigo dos pássaros e dos outros animais, e eles o ajudavam, sem traí-lo. Dessa época em diante, não mais comeu carne nem matou nenhuma criatura viva.”
“O Silmarillion”, de J.R.R. Tolkien, páginas 139 e 161, publicado em 1977. A obra narra o início da Terra Média e de outras terras como Númenor, Valinor e Arda. O que pode despertar grande identificação no leitor é a rica e detalhada abordagem do mito da criação e seus seres folclóricos, comum nas histórias de tantas civilizações.
O livro também discorre sobre acontecimentos que se tornaram lendas nas eras posteriores, principalmente eventos envolvendo as primeiras casas de elfos, anões e homens. Embora a obra possa parecer fastidiosa em alguns aspectos, vale a pena para entender melhor livros como “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”, até porque “O Silmarillion” se passa em um período que antecede esses dois livros.
Ademais, a singularidade de Tolkien aliada à fantasia e à autoralidade no desenvolvimento da linguagem dão a tônica do livro que discorre sobre a primeira grande batalha entre o Bem e o Mal.
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
Gaudí, um dos maiores arquitetos do século 20, era vegetariano
“Desde o primeiro dia que cheguei a Maiorca [nas Ilhas Baleares – ao leste da Espanha], estou sendo tratado tão bem que chega a ser difícil declinar qualquer oferta de Dona Catalina. Uma vez me ofereceu uma grande variedade de embutidos escolhidos a dedo. Ela me disse: ‘Você pode comer, Don Antoni. Eu juro que foram preparados em casa.’ Agradeci e repliquei: ‘Infelizmente é a própria natureza que me impede de comê-los, Dona Catalina.’
Uma mesa pequena e simples, com verduras cruas, talvez endívia, que ele mesmo picou com o cabo de uma faca longa. Depois de tudo pronto, parecia gaspacho sem caldo. Então protegeu o peito com o guardanapo e depois de se alimentar dos vegetais, se serviu com uma maçã assada e metade de uma tangerina. Ele mesmo se servia, sem qualquer empregado. Esse foi o combustível do grande arquiteto naquele domingo de dezembro.”
Importante nome do modernismo catalão, Antoni Gaudí, que era vegetariano, é considerado um dos maiores arquitetos do século 20. Excerto da página 123 do livro “Gaudí”, de Gijs van Hensbergen, publicado em 2001; e excerto da página 108 do livro “Gaudí, Su Vida, Su Teoria, Su Obra”, de autoria de Cèsar Martinell i Brunet, publicado em 1967. Gaudí nasceu em Reus, na Catalunha, em 25 de junho de 1852 e faleceu em Barcelona em 10 de junho de 1926.
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
The beard and the boy Yusuf
“I never imagined that one day I would see you speaking Portuguese. Amazing, son!”
When I was much younger, I had never considered the possibility of growing a beard. The truth is that I did not even know if there was a beard to grow. However, from an early age I was intrigued by the number of bearded thinkers and writers until the early 20th century.
Among the Brazilians, my earliest memories of my time at the college involve authors like Machado de Assis, José de Alencar and Gregório de Matos. I do not know whether the fact of growing a beard was a preference with aesthetic motivation or whether it had a relationship with the zeitgeist. In addition, I also recognize that in the past it was customary to keep facial hair to hide imperfections and scars caused by diseases such as smallpox.
Thinking internationally, Plato, Chaucer, Melville, Victor Hugo, Ibsen, Tolstoy, Dostoevsky, Whitman, Bram Stoker, Hemingway, D.H. Lawrence, Bernard Shaw and Ginsberg are some bearded men who come to my mind at this time. And analyzing periods, it is fair to say that from the beginnings of philosophy and literature, the beard was present, and here I speak not as a form of social distinction, but as a resource of personal construction. However, today, unlike other times, bulky beards and long beards are almost always associated with hipsters, terrorists and religious fanatics. Of course, political parties.
Thinking about it, I remembered a singular experience after I became bearded. One day, I left around 8:00 am and went to the house of a man named Francisco, who arrived in Paranavaí in 1944. He agreed to give me an interview about the colonization times of the Northwest of Paraná. In front of his house, I rang the bell and watched a little dog roll around inside his wooden house.
It was not long when someone shouted from the distant porch: “Come in, my son. Come to me. “I opened the gate, climbed a few steps, and crossed the garden. There he was, tall and thin, sitting on a comfy brown chair with beige upholstery. Beneath his feet was a scattering of sand inside a small box. “What a nice old man!”, I thought, and then we shook our hands. Suddenly, he looked me in the eyes and said: “I bet you understand it more than I do.” I did not catch the message and I noticed his feet sinking slowly into the sand.
“Sand is life, isn’t it? How many shades of sand can you recognize?”, he asked. I was confused and I laughed, suspecting that the man was drunk or under heavy medication. Still, I replied: “It depends on the incidence of the sun, the factors of action and reaction. Hmm…thinking better, I suppose, I can identify 25 to 30. ”
– Splendid! I already imagined something like that. I was suspicious when I saw you”, he said.
And the conversation went a completely different way, leaving me sometimes hesitant. We talked almost nothing about his life, because most of the questions were asked by him. “I never imagined that one day I would see you speaking Portuguese. Amazing, son!”, he pointed out in the first ten minutes with a dubious smile.
He digressed heavily, and occasionally asked to see the palm of my hand. “You may not see it, but the traces of your hand say a lot about your beard. And whoever says that a beard is nothing more than hair on the face is a fool. It says a lot about the ways of a man’s life. It, in its sinuosity, is like a physical extension of your own mind. I know this because I have been growing a beard for almost 60 years”, he told, touching his gaunt white beard that covered his chin. So, he regretted that at the age of 86 he was no longer bearded like 20 years earlier.
I also noticed his damp eyes as he bent over and slid his index finger into the sandbox. Some tears dripped painfully, as if coming out of an eyedropper. Seeing that, I apologized and suggested that maybe we’d better schedule the interview for another day. Trembling, Francisco got up and asked me to give him a hug.
“Of course, mister Francisco”, I replied.
When his translucent wrinkled hands touched me, I heard his restrained sobs and his heart pounding. “Now, I could even shave my beard,” he whispered, weakened. Soon, he faded. I screamed and his wife appeared. She asked me to put him on the bed. Fainted, his expression was serene and I saw his meager smile. Respectfully, I did not ask for explanations, I said goodbye and walked to the porch, where I found a picture of a seven or eight-year-old child sitting on the shoulders of Francisco still young.
The following week, I discovered that the smiling little boy in the photo was an Egyptian orphan who would be adopted by Francisco, a former soldier of the Suez Battalion. In 1957, the boy named Yusuf died in his arms, after being shot in his head by an Israeli soldier on a mission in Port Said. “I will never shave my beard again in my life. Never! I swear by everything in this world, unless Yusuf returns to life”, shouted Francisco in tears that day.