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Museu de Paranavaí vai ser reinaugurado no dia 5 de junho
Espaço reúne mais de 600 peças que remetem às mais diferentes fases da formação de Paranavaí
No dia 5 de junho, o Museu Histórico, Antropológico e Etnográfico de Paranavaí vai ser reinaugurado ao lado da Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade, na antiga Estação do Ofício. Para comemorar a reabertura, a Fundação Cultural preparou uma programação para pessoas de todas as idades.
Às 14h, começa uma apresentação de roda de capoeira, seguida pela abertura oficial do museu e visita monitorada. “Faremos um passeio pelo acervo da história de Paranavaí. Também vamos oferecer brincadeiras e jogos tradicionais como peteca, amarelinha, cinco marias, ciranda, pula-corda, elástico, dobradura e arte em papel, além de contação de histórias”, explica a coordenadora da Casa da Cultura, Rosi Sanga, que também administra o museu.
Uma biblioteca especial vai ser montada no local, onde o público pode ter acesso ao Cantinho da Leitura e a um sebo com venda de livros usados. “Às 16h, faremos um piquenique coletivo e às 17h30 o encerramento vai ficar por conta do forró pé de serra com a turma do professor de música Glau Ribeiro”, informa Rosi. Uma exposição de obras de arte, um varal literário com obras de escritores paranaenses e declamações de poemas também fazem parte da programação.
Um acervo com 2,8 mil fotos
O Museu de Paranavaí reúne mais de 600 peças que remetem às mais diferentes fases da formação de Paranavaí. Há inclusive objetos dos tempos da Fazenda Brasileira, como Paranavaí era conhecida nas décadas de 1930 e 1940, e um acervo com 2,8 mil fotos. Muitas já foram digitalizadas e devem compor o Memorial Digital do Pioneiro. O espaço pode ser visitado de segunda à sexta das 8h às 17h. Para mais informações, ligue para (44) 3422-5018.
Museu de Paranavaí vai ser reinaugurado em abril
Nova sede vai abrigar mais de 600 objetos e 2,8 mil fotos sobre a história local
Fundado em 2007, o Museu de Paranavaí sempre funcionou nas dependências da Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade. Porém, a partir da segunda quinzena de abril, o museu começa a atender em um novo espaço – na antiga Estação do Ofício. Atualmente o local está passando por reformas e adaptações feitas pelos colaboradores da Fundação Cultural de Paranavaí.
“Estamos fazendo um trabalho com muito amor e carinho, baseado no improviso e na criatividade”, comenta a coordenadora do Museu Histórico, Antropológico e Etnográfico de Paranavaí, Rosi Sanga, que ao longo dos anos conseguiu reunir mais de 600 peças que remetem às mais diferentes fases da formação de Paranavaí.
Há inclusive objetos dos tempos da Fazenda Brasileira, como Paranavaí era conhecida nas décadas de 1930 e 1940, e um acervo com 2,8 mil fotos. Muitas já foram digitalizadas e devem compor o Memorial Digital do Pioneiro. “Assim que o Museu for reinaugurado, vamos continuar com nossas exposições. Elas são baseadas em histórias que começam na época dos índios, embora eles não tenham vivido exatamente onde a cidade surgiu. Também falaremos da derrubada da mata, da fase econômica do café e de outros ciclos. O mais interessante é que aqui cada objeto tem uma memória a ser narrada”, revela Rosi.

Uma das paredes do museu está abrigando quadros que ajudam a contar a história de Paranavaí (Foto: David Arioch)
Uma das paredes do museu já está abrigando quadros que ajudam a contar a história de Paranavaí através das pinturas da artista Cecília Tortorelli. Importante referência para quem quer aprender um pouco sobre a colonização local e regional, o museu possui coleções, objetos do cotidiano, itens numismáticos, documentos e instrumentos de trabalho. Visitar o museu é uma grande oportunidade para entender o surgimento de Paranavaí e o seu desenvolvimento, principalmente nas décadas de 1930, 1940, 1950 e 1960.
Outra novidade é que no entorno do museu vai ser criado um canteiro com ervas medicinais usadas nos tempos da colonização. “Do lado de fora, vamos exibir depoimentos de pioneiros sobre essas ervas. Também vamos deixar dois tipógrafos em exposição na parte externa”, enfatiza. A tradicional Sala de Imagem e Som, que funcionava na Casa da Cultura e reunia um bom acervo de materiais e equipamentos de rádio, TV e cinema, também vai funcionar nas dependências do museu.
“A partir da segunda quinzena de abril, se tudo der certo, vamos atender das 8h às 17h, mas caso alguém nos ligue com antecedência, querendo conhecer a exposição, podemos abrir também fora do horário comercial”, declara a coordenadora. O Museu de Paranavaí continua recebendo doações, desde que sejam itens com relevância histórica. Para mais informações, ligue para (44) 3422-5018.
Saiba Mais
O Museu Histórico, Antropológico e Etnográfico de Paranavaí é administrado pela Fundação Cultural de Paranavaí.
Museu preserva fragmentos da colonização de Paranavaí
Espaço reúne um acervo de mais de 600 peças doadas por pioneiros
O Museu Histórico, Antropológico e Etnográfico de Paranavaí, que funciona nas dependências da Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade, foi criado em 2007 e deste então se consolidou como importante referência para quem quer aprender um pouco sobre a colonização de Paranavaí, no Noroeste do Paraná
Mantido pela Fundação Cultural, o museu reúne um acervo de mais de 600 peças doadas por pioneiros. A coordenadora da Casa da Cultura, Rosi Sanga, explica que o espaço do museu conta com uma exposição permanente e uma temporária. “Há desde fotografias, objetos do cotidiano, instrumentos de trabalho, da história do café, itens numismáticos, documentos, obras de arte e coleções. É um acervo muito rico”, avalia Rosi, acrescentando que as fotos estão entre os maiores atrativos do museu e chamam a atenção de crianças e adultos.
Para muitos visitantes, principalmente aqueles que viveram o pioneirismo paranavaiense nos anos 1940 e 1950, estar em contato com tantas peças familiares evoca um tempo de muita saudade e nostalgia. “Enquanto as crianças se surpreendem, animadas com os instrumentos usados pelos avós, os mais velhos saem daqui chorando, muito emocionados”, revela a coordenadora, ressaltando que apenas de visitas aleatórias já receberam este ano milhares de pessoas, sem contar os estudantes que frequentam as oficinas da Casa da Cultura. Um dos destaques é a oficina Literarte que atende turmas de crianças e adolescentes no museu com o objetivo de reviver o passado a partir de brincadeiras, histórias e atividades artísticas.
No Museu de Paranavaí, as peças estão contextualizadas e organizadas por categorias. Há inclusive reproduções de espaços que remetem a um estilo de vida pautado pela luta. Exemplo é uma estrutura montada pela coordenadoria do museu para transmitir às novas gerações a sensação de viver em um rancho no período de colonização. Objetos pessoais e do cotidiano dispostos com esmero num ambiente rústico dão a tônica de uma peculiar fidelidade. Há instrumentos muito bem conservados usados por parteiras e pelos peões que trabalhavam na derrubata de mata.
O Museu Histórico, Antropológico e Etnográfico de Paranavaí funciona de segunda à sexta das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h. Entretanto, caso haja pedidos de abertura em outros dias e horários, Rosi Sanga deixa claro que basta agendar uma data. “A ideia do museu nasceu de uma parceria com a professora doutora Luciana Regina Pomari, do Departamento de História da Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (Fafipa). Desde então, fomos reconhecidos por todos os órgãos representativos nacionais e estaduais”, enfatiza Rosi. O Museu de Paranavaí também está em todos os catálogos e guias de museus do Brasil. Em 2007 e 2008, tiveram o acompanhamento da Coordenação do Sistema Estadual de Museus (Cosem) que ministrou cursos e treinamentos em Paranavaí. Para mais informações, basta ligar para (44) 3902-1049.
Site do Museu de Paranavaí: http://museuparanavai.webnode.com.br/
Fundação Cultural homenageia Emir Mancia
Advogado foi um dos grandes entusiastas da arte paranavaiense
Em homenagem ao falecido advogado e artista Emir Mancia, a Fundação Cultural revitalizou uma antiga placa que carrega um fragmento do poema “Totó Guda”. A placa está exposta em frente a Casa de Cultura Carlos Drummond de Andrade e faz parte do projeto Paranavaí Cidade-Poesia que dá visibilidade ao trabalho de artistas locais.
Emir Mancia, natural de Curitiba, mas radicado em Paranavaí, foi um dos grandes colaboradores e incentivadores da arte e cultura local. Várias de suas músicas e poemas foram selecionados no Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup). “Ele também dirigia peças de teatro, inclusive foi o fundador do grupo Chaplin”, explica a atriz e professora de teatro, Rosi Sanga.
Embora tinha a advocacia como profissão, Emir Mancia passava muito tempo envolvido com cultura, principalmente música, literatura e teatro. Era um escritor prolífico, no entanto teve tempo de publicar apenas uma obra; “Rastros Recolhidos”, de poemas e crônicas, escrito em parceria com o escritor Roberto Kalil e publicado em 1987.
A classe artística local sempre vira Mancia como um artista polivalente. Tal dedicação fez surgir o convite para presidir a Fundação Cultural em 1988. Naquele mesmo ano, o artista abriu o Femup com uma frase histórica. “Repete-se a alegria de ver a cidade invadida por artistas desse imenso Brasil que, como aves de arribação em tempo certo, aparecem para compartilhar a imensa alegria do conto, da música e da poesia em momentos tão efêmeros, e por isso tão esperados e gratificantes”.
Além de entusiasta do Femup, Mancia foi professor de muita gente que na atualidade se destaca trabalhando com arte e instruindo outras pessoas. “Na minha primeira declamação eu ensaiei com ele”, lembra a professora de teatro. O artista movimentava a classe cultural com idéias inovadoras. Graças ao advogado surgiu em Paranavaí o Centro Cultural Chaplin. Mas, infelizmente, o artista faleceu antes de ver tudo pronto. “Então decidimos homenageá-lo dando ao teatro o nome Emir Mancia”, explica Rosi, acrescentando que Mancia ajudou a escolher o espaço e se responsabilizou pelo registro do centro cultural.
À época, o Teatro Emir Mancia, fundado em 1995, se situava ao final da Rua Rio Grande do Norte em um velho barracão de beneficiamento de café. O espaço atendeu a comunidade por um período de um ano e meio, servindo de reduto para grupos de estudo, oferecendo espetáculos e oficinas para estudantes. Toda semana era apresentada pelo menos uma peça no local. “Lembro que a Elmita Simonetti e o Adriano Morais ajudaram bastante. Realmente havia muita gente envolvida na iniciativa”, destaca Rosi Sanga.
O Centro Cultural era totalmente independente, mantido com recursos dos associados e renda dos espetáculos. Lá, foram apresentadas peças que ficaram em cartaz por um bom tempo como “Mão na Luva”, de Oduvaldo Viana Filho, dirigida por Emir Mancia; “Liberdade, Liberdade”, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes; e “A Noite Escura e Mais Eu”, de Lygia Fagundes Telles. Muitas peças infantis também foram encenadas no Teatro Emir Mancia que teve de fechar as portas em função de dificuldades financeiras. “Havia muitas despesas e não conseguíamos mais pagá-las. O aluguel era bem caro”, reitera Rosi.
Segue abaixo o poema do qual foi extraído fragmento para a criação da placa em homenagem ao advogado e artista Emir Mancia
Totó Guda (Femup/1985)
Atrás do morro do Feiticeiro
na cabeceira do Coatinga
rodeoado de ipê, uvaia e cacheta
e guarimirim, no meio de sambaqui,
ergueu cabana, criou porco e galinha,
Heitor Bento e Luiza, naquele rincão guarani.
E matou-se veado, tateto, lontra e paca,
bananal crescendo, por bicho cobra vigiado,
caminho de tigre e onça,
daí tiraram o sustento, mais farinha de mandioca.
Tinhoso de rio, manhoso de mato,
filho de outro casamento, mas não enjeitado,
cresce com igual cuidado e de Deus a ajuda,
o índio caboclo, de apelido Totó Guda
Até os quinze, de corpo mirrado,
tanto remo, subida de morro, corte de gissara,
palmito às costas, aos dezesseis afamado
cerveja em casa de mulher dama
e muita lição a safado.
Em festa de Navegantes, de remo ou de vela,
pescador festejado no cerco à tainha,
matador de robalo, badejo e cardume de pescadinha.
Também na batalha diária da maré
era moço conhecido de Antonina a barra do Jacaré.
Anos que passam, águas que rolam,
rapaz feito e casador, levou mulher pro rancho,
erguido de pau-a-pique, rejuntado de sapé.
Comendo a caça abatida no armado mundéu,
mergulho na água fria, corpo pelado secando ao céu,
picura na banha fritando, no poço bonito, passou lua de mel
Mas os tempos mudaram, plantação definhou,
as crianças chegaram, bananal acabou.
Palmito não corta é lei do Governo,
a caça arribou e o peixe do rio, veneno matou.
Larga o rio vem prá cidade, com tralha e filharéu.
Trabalho é pouco na estiva da Marinha,
porisso as horas perdidas no Chiquito Bordel
Do jogo e da cachaça não larga
filhos crescem e ninguém ajuda,
biscate não tem, volta ao mar, Totó Gudá.
Na noite enluarada, bêbado e briguento,
apanha e surra João Peitudo e Nascimento.
Daí em diante, vingança jurada, à traição
Ou mão armada, só na morte a expiação, prometem os desafetos.
A Páscoa se aproxima, semana santa,
se avizinha, em noite de maré alta,
Totó Gudá as redes lança, em nome de Iemanjá
na procura de peixe bom,
prá comemorar a ressurreição do filho de Oxalá.
Na volta grande folia, na venda do pescado
em roda de amigos e até tantas a cantoria.
Perto de casa, não escapa do atentado,
da faca e da navalha, dos inimigos a autoria.
Parte pro mar, parte pro mar, Totó Guda.
Com teu peito agonizante, das ondas
verdes outro eterno viajante.