David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

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Quando me decepcionei com Arnaldo Jabor

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Em dezembro de 2004, Arnaldo Jabor destilou preconceito e arrogância ao abordar um assunto que desconhecia (Foto: Reprodução)

Quando adolescente, e ainda mais ingênuo por sinal, eu gostava de assistir aos comentários sazonais do Arnaldo Jabor na TV. Até que um dia, em dezembro de 2004, percebi como um formador de opinião pode ser capaz de destilar tanto preconceito e arrogância ao falar de um assunto que desconhece completamente. Desde então nunca mais vi ou ouvi tal crítico comentando sobre coisa alguma.

É surpreendente reconhecer como até mesmo aqueles que são apontados por muitos como grandes críticos e articulistas derrapam num erro tão primário que é o de se sentir tão superior que se considera apto a falar com desdém sobre qualquer coisa, mesmo que não tenha se informado ou estudado sobre o tema. Basicamente não há como deixar de encarar isso como uma das armadilhas do ego.

Crítica no seu conceito original precisa estar sempre atrelada a argumentos. Ela precisa impreterivelmente de sustentação. Se isso não existe, não é uma crítica. E foi exatamente o que vi no último dia em que assisti ao Arnaldo Jabor na TV, há mais de 11 anos. Achismo, opinião inconsistente e a estoica e nociva personificação da pessoalidade.

Written by David Arioch

May 26th, 2016 at 11:58 am

Quatro mulheres e uma banda

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Roqueiras da Red Velvet planejam lançar primeiro EP este ano

Quatro mulheres e uma banda

Banda foi influenciada por Guns N’ Roses, Led Zeppelin, AC/DC, Deep Purple, Rival Sons e Janis Joplin (Foto: Red Velvet)

Formada por Débora Louize, Luana Maran, Priscila Louzano e Luana Santana, a banda Red Velvet surgiu em Paranavaí no final de 2014. Desde o início a intenção já era fundar uma banda feminina de rock. “Eu e uma amiga começamos a tocar e tivemos essa ideia. Mas ela se mudou daqui e decidi procurar outras meninas em escolas de música e cidades próximas”, conta Luana Maran.

Embora a história das mulheres no rock seja antiga, e tenha como exemplo nomes como Janis Joplin, Joan Baez, Joan Jett, Lita Ford, Rita Lee, Debbie Harry, Chrissie Hynde e muitas outras, ainda tem gente que se surpreende ao ver uma banda formada por garotas. “Há pessoas que encaram como novidade algo que não é. Em relação a ser uma banda de mulheres, nos sentimos indiferentes a isso, mas infelizmente há pessoas que ainda nos veem de forma estranha. Tem quem acredite que uma banda de mulheres é ‘menos capaz”, lamenta Luana.

Quatro mulheres e uma banda

“Vivemos um bom momento, com convites para tocar até fora do Paraná” (Foto: Red Velvet)

A Red Velvet tem conquistado boa popularidade no Noroeste do Paraná, com shows marcantes em Paranavaí, Altônia, Umuarama e Maringá. Nós tocamos bastante covers. Não seguimos exatamente um estilo. A gente toca o que gosta, levando em conta que temos formações bem diferentes”, comenta a guitarrista. Entre as principais influências da banda estão Guns N’ Roses, Led Zeppelin, AC/DC, Deep Purple, Rival Sons e Janis Joplin.

Desde o ano passado a Red Velvet tem se apresentado em várias regiões do Paraná, o que tem ajudado a alavancar ainda mais o trabalho da banda que se me vê mais próxima de gravar o primeiro EP. “Já temos algumas músicas autorais prontas. Queremos lançar nosso disco ainda este ano e temos certeza que o resultado vai ser animal. Vivemos um bom momento, com convites para tocar até fora do Paraná”, comemora Luana.

Até hoje a receptividade foi muito positiva em todas as cidades por onde a banda passou levando um repertório que vai do rock clássico ao heavy metal. “Tratam a gente super bem. É gratificante ver o carinho que recebemos desde o momento em que subimos no palco até a hora de ir embora”, enfatiza a guitarrista. Quem quiser contribuir com a Red Velvet ou contratar a banda para shows pode ligar para (44) 9716-9390.

Formação

Débora Louize – Vocal

Luana Maran – Guitarra

Priscila Louzano – Contrabaixo

Luana Santana – Bateria

Acompanhe

Facebook: https://www.facebook.com/RedVelvet80

Instagram: @redvelvetrock

Twitter: @RedVelvet_Rock

Um bom projeto chamado The Last Shadow Puppets

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Projeto foi fundado em 2007 por Miles Kane e Alex Turner (Foto: Divulgação)

Gosto do projeto do Alex Turner em parceria com Miles Kane. Eu já apreciava o trabalho do Turner com o Arctic Monkeys e o do Kane no The Rascals, mas preciso dizer que realmente fiquei surpreso quando conheci o The Last Shadow Puppets há poucos anos.

Interpreto esse projeto como uma trilha sonora que ultrapassa as barreiras do tempo, que constrói a própria identidade em um eterno flerte entre passado e presente. Aos mais velhos, a nostalgia de outras épocas. Aos mais jovens, o sonho ocasional de ter a alma sublimada através de um universo imemorial, mas senciente. Um exemplo que reafirma a minha concepção é a música “Meeting Place”.

Written by David Arioch

May 7th, 2016 at 1:01 am

Vanusa X Black Sabbath

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Está circulando uma matéria na internet sobre as semelhanças entre a famosa “Sabbath Bloody Sabbath”, da banda britânica de heavy metal Black Sabbath, que faz parte do álbum homônimo, lançado em dezembro de 1973, e a pouco conhecida “What To Do”, da cantora Vanusa, que lançou o seu disco meses antes do Black Sabbath. Independente da controvérsia que estão criando sem o aval da cantora, que disse não ter interesse algum em processar o Black Sabbath porque considera isso apenas uma coincidência musical, só tenho uma coisa a destacar: “Que música boa!”

 

Written by David Arioch

April 30th, 2016 at 6:48 pm

O Bardo e o Banjo, a força do bluegrass à brasileira

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“Não foi uma formação planejada, mas sim uma união de bêbados que deu muito certo”

As primeiras releituras de O Bardo e o Banjo foram de bandas como Lynyrd Skynyrd, The Beatles e Johnny Cash (Foto: Divulgação)

O Bardo e o Banjo começou fazendo releituras de Lynyrd Skynyrd, The Beatles e Johnny Cash (Foto: Divulgação)

Em 2012, quando o multi-instrumentista e compositor Wagner Creoruska Junior se apresentava nas ruas mais movimentadas de São Paulo, divulgando a cultura bluegrass como um homem-orquestra, ele conheceu o violinista Antonio de Souza. “A ideia de criar uma banda veio daí. E logo sugiram convites para participarmos de shows e festivais. Então pensamos na entrada do Marcus Zambelo como vocalista, visando preencher mais o som que fazíamos. Ele tocava em uma banda cover do Rush”, narra Wagner em referência ao início da banda O Bardo e o Banjo, de bluegrass e folk, criada no mesmo ano.

Com a popularidade do grupo, Maurício Pilczuk, que já integrava outras bandas e era professor de música, foi convidado a ingressar como baixista, dando mais corpo aos shows. “Todos acabamos nos conhecendo enquanto tocávamos por aí. É interessante porque não foi uma formação planejada, mas sim uma união de bêbados que deu muito certo”, conta Creoruska rindo.

As primeiras releituras de O Bardo e o Banjo foram de bandas como Lynyrd Skynyrd, The Beatles e Johnny Cash, com o diferencial de uma peculiar roupagem bluegrass, o que Wagner admite não ser uma novidade, já que nos anos 1970 o grupo Old and in the Way, de San Francisco, na Califórnia, fazia covers do The Rolling Stones.

A primeira música autoral do grupo foi "Sweetums", lançada no final de 2012 (Foto: Divulgação)

A primeira música autoral do grupo foi “Sweetums”, lançada no final de 2012 (Foto: Divulgação)

“O Hayseed Dixie também ficou muito conhecido fazendo isso. Adaptar arranjos é sempre um exercício de desconstrução e reconstrução musical. Para nós é legal porque tocamos do nosso jeito as músicas que adoramos, soando menos ‘agressivas’. É engraçado, por exemplo, tocar ‘Ace of Spades’, do Motörhead, e ver as crianças dançando como se fosse o show daquela galinha azul”, comenta às gargalhadas. Outro ponto positivo é que covers bem executados atraem bom público. Por isso a banda gosta de mesclar músicas autorais e releituras, tornando o show bastante interativo.

Influenciado pela música irlandesa e norte-americana desde a infância, Wagner ainda se recorda das tardes ouvindo os discos de Willie Nelson que pertenciam ao seu tio. “Ouvia também Beatles, Creedence e Rick Wakeman. Mas diria que todos viemos do rock e do metal, embora nossas maiores inspirações sejam Heyseed Dixie, Greensky Bluegrass, Old and in the Way e Bill Monroe, entre outros. Como o bluegrass é um tipo de música folclórica com raízes nas fiddle tunes irlandesas, no country e no blues, nos definimos com bluegrass e folk. Buscamos muito essa linguagem mais tradicional”, destaca.

A primeira música autoral do grupo foi “Sweetums”, lançada no final de 2012. Desde então a boa aceitação estimulou O Bardo e o Banjo a seguir em frente. “Não parei mais de compor e hoje temos cerca de 30 composições, incluindo gravadas e não gravadas”, revela Creoruska. Entre os temas das letras estão o cotidiano, relacionamentos, histórias fictícias e divagações.

De 2012 para cá, O Bardo e o Banjo passou por apenas uma mudança na formação (Foto: Divulgação)

De 2012 para cá, passaram por apenas uma mudança na formação (Foto: Divulgação)

Em 2013, a banda lançou o EP Sinergy, seguido pelo EP Lakeside, de 2014. No mesmo ano lançaram também o álbum Homepath e o CD ao vivo Folk n’ Roll que traz covers de Motörhead, Del and Dawg, Black Sababth, Lynyrd Skynyrd, Dire Straits, The Beatles, Ozzy Osbourne, Old Truck Revival, Johnny Cash e ZZ Top.

“O Homepath teve uma divulgação bem legal desde que foi lançado. Através dele conseguimos matérias em jornais e demos entrevistas para a TV. Inclusive tivemos uma das faixas tocadas em um episódio da novela ‘I Love Paraisópolis’, da Rede Globo”, explica Creoruska. Em síntese, o álbum se tornou uma ótima porta de entrada para os outros trabalhos da banda, também servindo como convite para que mais pessoas conheçam e se aventurem pelo universo do bluegrass.

De 2012 para cá, O Bardo e o Banjo passou por apenas uma mudança na formação. Em 2015, o violinista Antonio de Souza deixou a banda e foi substituído por Peter Harris. “Também fizemos alguns shows com o baixista Beto Grangeia que chegou a tocar baixo no clipe de ‘Homepath’. Tivemos ainda a participação do violinista Rik Dias em alguns shows antes da entrada do Peter”, enfatiza.

Em 2014, a banda lançou o álbum Homepath (Foto: Divulgação)

A banda lançou o álbum Homepath em 2014 (Foto: Divulgação)

O que também chama muita atenção no trabalho da banda é a qualidade dos vídeos, acima da média nacional. De acordo com Wagner, os clipes são sempre produzidos em parceria com produtoras e filmmakers aptos a captarem a essência de cada música. “Fizemos muitos vídeos a convite de produtoras com um portfólio incrível. E todos eles estão disponíveis no YouTube”, avisa.

Atualmente os integrantes estão trabalhando na produção do segundo álbum. Tudo indica que as gravações vão ser iniciadas nos próximos meses. “Quanto a instrumentos novos, estamos experimentando outros timbres. Por exemplo, um banjo feito de lata que uso em algumas músicas novas”, informa Creoruska.

O Bardo e o Banjo já fez shows em nove estados do Brasil. Ainda assim há muitas cidades onde a banda pretende se apresentar até o final do ano. “Agora vamos fazer uma pequena turnê pelo estado de São Paulo. Serão 15 shows em duas semanas. Possivelmente passaremos por Brasília no final de julho e também pela região Sul em agosto e setembro. Em novembro voltaremos a Maringá para participar da Virada Cultural”, anuncia.

“Tocar na rua é uma experiência única”

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Wagner Creoruska: “Fico bastante impressionado com a aceitação do público em geral” (Foto: Divulgação)

O fundador da banda O Bardo e o Banjo, Wagner Creoruska Junior conta que quando começou a tocar sozinho pelas ruas de São Paulo jamais imaginou que um dia as pessoas iriam se interessar tanto por bluegrass e folk. “Fico bastante impressionado com a aceitação do público em geral. Hoje temos muitas bandas de folk, muitos artistas tocando e começando pelas ruas. Acho incrível e apoio todos eles. Tocar na rua é uma experiência única”, admite.

E foi justamente a boa repercussão do trabalho que motivou Creoruska a fundar o projeto Redneck Murder que recentemente disponibilizou o EP No Road is Too Long no site SoundCloud. “É um som mais puxado para o rock e southern rock. Fica o convite para todos ouvirem!”, recomenda o multi-instrumentista que vê a internet como aliada e a considera fundamental na divulgação de sessions, vídeos e matérias sobre o trabalho da banda – publicadas principalmente em blogs. No entanto, defende que o contato com o público nas ruas é de suma importância e nunca deve ser subestimado. “O contato visual real, a música ao vivo ali na sua frente, causa um impacto muito maior do que um vídeo ou áudio na internet”, avalia.

Wagner Creoruska também reconhece o potencial dos sites de financiamento coletivo, ferramenta que tem ajudado a transformar boas ideias em realidade. “Para quem precisa de dinheiro para gravar um álbum ou clipe, o financiamento é uma grande solução. Porém, tem que ser bem pensado e estruturado para que você consiga convencer as pessoas a participarem do projeto”, argumenta.

“Agradecemos sempre aos nossos fãs. Eles são nossos principais parceiros e patrocinadores. Realmente, o Bardo e o Banjo não estaria onde está não fosse por eles” – Wagner Creoruska Junior.  

Formação Atual

Wagner Creoruska Junior – vocal, banjo e percussão

Marcus Zambelo – vocal, bandolim, percussão e sapateado

Maurício Pilcsuk – vocal e baixo acústico

Peter Harris – violino

Saiba Mais

 O Bardo e o Banjo continua aberto a convites de shows. Para entrar em contato, ligue para (11) 98863-2373 ou envie mensagem por WhatsApp. O e-mail da banda é obardoeobanjo@gmail.com. A agenda pode ser acompanhada pelo site www.obardoeobanjo.com

 O CD Homepath, camisetas, bonés e posters podem ser comprados na loja virtual da banda: http://www.obardoeobanjo.lojaintegrada.com.br

Powerviolence, música de cunho social e politizado

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Show do Capitalist Casualties nos Estados Unidos (Foto: Divulgação)

Show do Capitalist Casualties nos Estados Unidos (Foto: Divulgação)

Importante subgênero da cultura punk, o powerviolence jamais se popularizou no Brasil, ao contrário de países como Estados Unidos, Canadá e Japão, além do continente europeu. Acredito que um dos grandes diferenciais do powerviolence é o fato de ser um dos estilos musicais com maior número de pessoas politizadas ou engajadas em causas sociais – claro que numa avaliação de proporcionalidade. Algumas bandeiras do subgênero nascido nos Estados Unidos são a defesa dos direitos dos animais, humanitarismo e denúncias de problemas urbanos.

Não é música por música ou simplesmente música pela arte. É música pela transformação, pela necessidade de fazer algo. Inclusive o som pancada, que tem um conceito tão literal quanto metafórico, ultrarrápido e conciso é justamente uma referência à necessidade de despertar, refletir por si mesmo – ter uma opinião fundamentada e agir. A ideia é instigar o ouvinte, como se estivesse ao seu lado gritando em seu ouvido.

Do subgênero, uma das bandas mais emblemáticas é o Capitalist Casualties, grupo de Santa Rosa, na Califórnia, que pratica um som cru, breve, alígero e dissonante desde 1986. Na década de 1990 e início dos anos 2000 o powerviolence conquistou boa visibilidade. O que contribuiu muito foi a expansão de fanzines, webzines, gravadoras e revistas independentes. A situação mudou mais tarde com a extinção de festivais e outras iniciativas que ajudavam na divulgação do estilo. Há quem diga que o powerviolence perdeu espaço porque hoje em dia ainda é muito difícil ser autossuficiente no cenário underground.

Contribuição

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Written by David Arioch

April 4th, 2016 at 11:59 pm

Elemento Principal conquista espaço no cenário nacional de música independente

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Destaque no SP Music Festival e WebFestValda, banda de Paranavaí vai gravar o primeiro álbum no icônico Da Tribo Studio  

Elemento Principal foi um dos destaques do maior festival de música independente do Brasil (Foto: WebFestValda)

Elemento Principal foi um dos destaques do maior festival de música independente do Brasil (Foto: WebFestValda)

De Paranavaí, no Noroeste do Paraná, a banda Elemento Principal vem se destacando desde 2014 no cenário nacional de música independente. Com uma proposta moderna de mesclar rock, rap, reggae e MPB, Miojow, Arthur Pelego, Bana, Narbona e Mano Bell viajam para São Paulo este mês, onde, entre os dias 21 e 27, vão gravar sete músicas no icônico Da Tribo Studio, por onde já passaram bandas como Sepultura, Raimundos, Krisiun e Claustrofobia.

Três gravações fazem parte da premiação conquistada em agosto de 2015, quando o Elemento Principal ficou em segundo lugar entre mais de 600 bandas de todo o Brasil no SP Music Festival. “Vamos sair de São Paulo com o nosso primeiro álbum produzido pelo lendário Ciero, um grande produtor com 22 anos de experiência e mais de 200 discos gravados. Por enquanto o nosso maior dilema é escolher quais das nossas 15 músicas vão entrar no CD”, informa o guitarrista e vocalista Arthur Pelego.

Banda foi premiada no 50º Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup)

Banda foi premiada no 50º Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup) (Foto: Amauri Martineli)

Levando em conta que o Da Tribo Studio é especializado em rock e heavy metal, a banda optou por priorizar músicas com mais “pegada” – como “Pira”, “Pronto Pra Qualquer Parada” e “Positive Vibration”. “Nossas composições são bem agitadas e abordam bastante a questão da autoestima. Gostamos de mandar mensagens de paz e respeito. O Elemento Principal é aquilo que está em você, que te permite ter condições de fazer a diferença na vida de alguém”, destaca Arthur Pelego.

Depois de São Paulo, a banda viaja para o Rio de Janeiro, a convite da produtora do WebFestValda, o maior festival de música independente do Brasil, para a gravação de um programa veiculado no YouTube. “Vai ser uma ‘live session’ em que tocamos nossas músicas e conversamos um pouco sobre o nosso trabalho. Com certeza vem por aí mais uma experiência fantástica”, avalia o guitarrista.

Após o lançamento do álbum até julho deste ano, o Elemento Principal vai divulgar o material em todo o país e também fechar novas parcerias para a participação do grupo em festivais europeus em 2017.

Revelação no WebFestValda

Em 2014, a banda Elemento Principal foi escolhida como uma das 24 melhores de um total de 1218 inscritas no WebFestValda, o que garantiu ao grupo o direito de participar da final no Circo Voador, um dos espaços culturais mais célebres do Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia da importância da classificação, só duas bandas do Paraná foram selecionadas.

Grupo pretende excursionar pela Europa em 2017 (Foto: Elemento Principal)

Grupo pretende excursionar pela Europa em 2017 (Foto: Elemento Principal)

“A experiência de tocar no Valda foi incrível. Ele agrega uma grande equipe de profissionais renomados da área de produção e direção musical, e tudo a seu dispor. Outro ponto alto é o intercâmbio com artistas de todo o país. Sem dúvida, foi um momento de grande reconhecimento do nosso trabalho”, comenta o guitarrista e vocalista Arthur Pelego.

No ano passado, o Elemento Principal participou novamente do WebFestValda. Embora não tenha chegado à final, a banda foi convidada para gravar a música tema do festival. O resultado pode ser conferido no making off de 2015, disponível no YouTube.

O surgimento da banda

Formada no início de 2012, a banda Elemento Principal surgiu no Estúdio Garagem, de Paranavaí, onde o vocalista Guilherme Miojow conheceu os irmãos Arthur e Lucas Bellanda – Arthur Pelego e Mano Bell. Logo o trio apresentou a proposta de fusão de estilos musicais para o contrabaixista Fernando Bana e o guitarrista Rodrigo Narbona. “Eles concordaram em participar e estamos aí até hoje. Somos amigos e parceiros de banda”, relatam Arthur Pelego e Mano Bell.

Desde 2014, a banda tem conquistado o público com músicas como “Salve a Rua”, “Paraná”, “Como Um Sonho”, “O Bagulho é Doido”, “Sempre Mais” e “Ação e Reação”. “São músicas que falam principalmente sobre o cotidiano e a situação do país”, explicam. Em Paranavaí, o Elemento Principal foi um dos grupos que mais cativou a plateia do 50º Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup), realizado no ano passado.

Formação do Elemento Principal

Guilherme Miojow – Vocal

Arthur Pelego – Guitarra e vocal

Rodrigo Narbona – Guitarra solo

Fernando Bana – Contrabaixo

Mano Bell – Bateria

Vírus 27, um dos embriões do movimento skinhead brasileiro

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Uma das poucas bandas a unir carecas, punks (skunks) e pessoas sem ligação com qualquer movimento 

Capa do disco "Brasil Oi", lançado pela banda em 1988 (Arte: Reprodução)

Capa do disco Brasil Oi”, lançado pela banda em 1988 (Arte: Reprodução)

O Vírus 27 é uma banda brasileira fundada em São Paulo em 1982 por fãs do Dead Kennedys – até hoje um dos maiores nomes do punk rock graças à criatividade e imprevisibilidade de seu líder Jello Biafra. Infelizmente, pouco tempo após a criação da banda, dois integrantes do Vírus 27, Ademilson, que inclusive escolheu o nome do grupo, e Di, morreram.

Embora nos primeiros anos do Vírus 27 tenha restado apenas o baixista Pezão da formação original, a banda já estava se afastando do punk rock tradicional, se tornando um dos embriões do movimento skinhead brasileiro e um dos poucos grupos a unir carecas, punks (skunks) e até pessoas sem ligação com qualquer movimento ideológico, que apenas se identificavam com a proposta musical. A importância do Vírus 27 durante a Ditadura Militar é incontestável, ainda mais levando em conta o teor de suas canções de protesto em shows, atraindo multidões de jovens insatisfeitos.

Mais tarde, desempregado e enfrentando sérias dificuldades financeiras, Pezão teve de trocar a difícil realidade proletária do meio urbano pela área rural, onde começou a trabalhar como cortador de cana, sendo obrigado a deixar definitivamente o Vírus 27. Com a nova mudança de formação, Braz continuou na bateria e ingressaram na banda o baixista Lula (ex-Negligentes), o guitarrista Júnior e o vocalista e guitarrista Joe 90 que se tornaria um dos compositores mais importantes do oi! brasileiro.

A estreia nacional do Vírus 27 veio com o convite para participar da coletânea “Ataque Sonoro” que reuniu os maiores nomes do punk rock nacional. No ano seguinte, empolgados com a boa repercussão, lançaram o álbum “Parasita Obrigatórios”, baseado em 16 composições e um bônus que se tornou um hino: “Vida Longa aos Skinheads”.

Em 1987, participaram da hoje rara coletânea “Ronda Alternativa”, uma iniciativa da saudosa Devil Discos. No ano seguinte, o disco “Brasil Oi!” reafirmou a posição de destaque do grupo como expoente do oi! nacional, com letras que exaltavam tanto as virtudes brasileiras, com viés patriótico, quanto a invisibilidade social e outros problemas vividos pela maior parte da população. “Caso Sério”, de 1996, foi o último álbum lançado pelo Vírus 27, um ano depois de terem participado da compilação “Oi! Um Grito de União”, da extinta Rotten Records.

Com uma longa trajetória iniciada no início da década de 1980, a banda conquistou projeção nacional e internacional com a sua formação mais clássica – Joe 90 (vocal e guitarra), Emerson Flocks (baixo) e Léro (bateria). A música do Vírus 27 sempre foi simples e coesa, como o próprio gênero oi!, uma ramificação do punk rock, demandava, e a produção também era independente e underground, limitações que inclusive agregaram novo status e conceito do ponto de vista estético. Incrível como uma música Oi! – “Caminhos Incertos”, lançada nos anos 1980, continua tão atual.

“Quanto tempo faz,
Que o povo não se entende
Quanto tempo faz,
que vocês não me compreendem”…

Curiosidade

O nome Vírus 27 é uma referência ao selo Alternative Tentacles, fundado por Fello Biafra, dos Dead Kennedys, em 1979.

Saiba Mais

Historicamente, a cultura skinhead em essência nunca defendeu o uso de violência, muito menos qualquer forma de racismo ou preconceito. Esse tipo de conduta é inerente aos boneheads, um movimento completamente diferente que inclusive se apropria de forma equivocada e ilícita da palavra skinhead, um termo hoje totalmente vulgarizado e descontextualizado por causa da desinformação.

Written by David Arioch

February 12th, 2016 at 11:29 pm

Living Colour e o culto da personalidade

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Em 1988, o Living Colour chegou ao auge após o lançamento do álbum Vivid (Foto: Divulgação)

Em 1988, o Living Colour chegou ao auge após o lançamento do álbum Vivid (Foto: Divulgação)

Contexto – Estados Unidos da América em 1988. Quatro jovens com boa formação cultural e influências que iam do funk ao hard rock, passando pelo punk e chegando ao heavy metal, lançam o disco Vivid, até hoje aclamado como um dos melhores discos lançados nos anos 1980.

Um dos destaques do álbum é a música “Cult of Personality” que se baseia na propaganda da exaltação de virtudes com facetas políticas, religiosas e comportamentais. Mick Jagger, dos Rolling Stones descobriu a banda à época, tornando-se um dos maiores fãs dos caras, inclusive foi um dos responsáveis por alavancar o sucesso do Living Colour.

Outros clássicos do álbum são “Middle Man”, “Funny Vibe”, “Glamour Boys” e “Open Letter (to a Landlord)”. Até hoje, Vivid figura em listas do mundo todo de álbuns que marcaram a história do rock. Em 2013, o Living Colour veio ao Brasil se apresentar no Rock In Rio com a sua formação mais clássica. Quem é fã da banda, se surpreendeu com as performances eletrizantes de Vernon Reid, Corey Glover, William Calhoun e Doug Wimbish que se juntou ao Living Colour em 1992, substituindo Muzz Skillings.

Written by David Arioch

February 11th, 2016 at 11:43 pm

Viza, viajando através da música

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viza

Viza é uma banda de gypsy punk que vale a pena conhecer (Foto: Divulgação)

Viza é uma banda de gypgy punk dos Estados Unidos que conheci em 2013, mas não somente gyspy punk, vai muito além disso. Tanto que daqui algum tempo penso em escrever sobre o trabalho desses caras. Talvez até para poder reavaliar com mais profundidade minhas impressões e também entender como eles analisam o próprio trabalho.

Tenho os cinco discos do Viza, além de alguns EPs, e digo com tranquilidade que é o tipo de música que nunca tiro do carro. Para quem gosta de subgêneros do rock não convencional, e que flertam com a música world ou multiculturalista, é uma boa banda para se conhecer.

Suas composições nos convidam a uma viagem por todos os continentes. Eles conseguem facilmente reunir num único álbum todas as emoções humanas sintetizadas em música. Só acho uma pena que gypsy punk seja um gênero pouco difundido no Brasil, onde a diversidade musical é predominante.

Written by David Arioch

February 4th, 2016 at 10:48 pm