David Arioch – Jornalismo Cultural

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Archive for the ‘Impacto Ambiental’ tag

Fungo cultivado em laboratório pode substituir a carne na ração de cães e gatos

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Outro diferencial da startup é que as embalagens dos seus produtos são biodegradáveis (Foto: Divulgação)

Um estudo concluído esta semana pela startup Wild Earth, dos Estados Unidos, que investe no desenvolvimento de alimentos para cães e gatos, revela que fungos cultivados em laboratório podem oferecer até 45% de proteínas, superando os 24% provenientes do bife. Um exemplo é o fungo do tipo koji cultivado pela Wild Earth que, além do alto valor proteico e de fornecer dez aminoácidos essenciais, tem alta classificação em digestibilidade, favorecendo melhor absorção dos nutrientes por parte dos animais, segundo a startup.

“Esse é um marco importante que valida a criação de um produto seguro, saudável e nutritivo para transformar a indústria de alimentos para animais de estimação”, disse o CEO da Wild Earth, Ryan Bethencourt ao Veg News, acrescentando que a criação de novas opções de rações também é uma forma de ajudar a reduzir o impacto ambiental e a exploração animal. Até o início de 2019, a Wild Earth promete lançar no mercado novas opções de petiscos veganos e rações veganas a preços acessíveis. Outro diferencial da startup é que as embalagens dos seus produtos são biodegradáveis.

 





Written by David Arioch

June 21st, 2018 at 7:07 pm

Natalie Portman: “Eu não como animais”

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A atriz se tornou vegetariana aos nove anos e vegana há sete anos

Natalie sobre o consumo de animais: “É a fonte número um de poluição, superando carros ou qualquer outra coisa” (Foto: Reprodução)

Na semana passada, a atriz e produtora Natalie Portman, que recentemente lançou o documentário “Eating Animals”, inspirado no livro homônimo de Jonathan Safran Foer, participou do The Late Show with Stephen Colbert.

Depois de comentar que ela agora tem um documentário chamado “Eating Animals”, Colbert a questionou se ela não se alimenta de animais: “Eu não como animais”, respondeu Natalie Portman, acrescentando que se tornou vegetariana aos nove anos e vegana há sete anos.

Colbert admitiu que experimentou uma dieta completamente livre de alimentos de origem animal por sete meses. “Nada que tivesse olhos passou pelos meus lábios. Nada com casco, penas, escamas; sem leite, sem laticínios ou qualquer coisa parecida por sete meses” revelou. O apresentador, que acabou cedendo, relatou que está tentando ser vegano novamente.

Sobre “Eating Animals”, que no Brasil deve receber o título de “Comer Animais”, assim como o livro, Natalie explicou que o documentário todo é voltado para a discussão sobre a agropecuária industrial, que representa 99% de todos os animais criados para consumo nos Estados Unidos, incluindo carnes, ovos e laticínios.

“É a fonte número um de poluição, superando carros ou qualquer outra coisa”, afirmou. Quando começaram a falar sobre “carnes mais sustentáveis”, proveniente de pequenos criadores de animais, Natalie Portman argumentou que, embora pequenas propriedades sejam melhores para o meio ambiente, elas não têm condições de sustentar a demanda dos consumidores por produtos de origem animal – o que indica que a abstenção desse consumo é o melhor caminho.





CEO do PayPal diz que carteiras de couro bovino vão se tornar obsoletas até 2028

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Consumidores estão considerando desconfortável o uso de matéria-prima baseada na morte de animais

Schulman: “Carteiras feitas de vacas mortas serão coisa do passado” (Reuters/Robert Galbraith)

De acordo com um relatório divulgado esta semana pela Bloomberg, cresce a cada dia o número de consumidores preocupados em comprar roupas, calçados e acessórios livres de matérias-primas baseadas em animais, o que está colocando em risco principalmente a indústria de couro, que movimenta mais de 90 bilhões de dólares.

Segundo a Bloomberg, enquanto a mudança reflete, em parte, uma abundância de opções, os consumidores também argumentam que é desconfortável usar algo baseado na morte de animais, além da crescente preocupação com o impacto ambiental. Embora a última queda registrada no comércio global de calçados de couro tenha sido de 12%, a tendência é de constante declínio.

Em teleconferência, o CEO do PayPal, Daniel Schulman, declarou que tudo indica que as carteiras de couro bovino vão se tornar obsoletas até 2028: “Carteiras feitas de vacas mortas serão coisa do passado, porque os consumidores estão escolhendo materiais mais modernos e se distanciando do dinheiro baseado em papel.”

A Grand View Research, empresa de pesquisa de mercado baseada em São Francisco, previu recentemente que a indústria global de couro vegano deve valer mais de 85 bilhões de dólares até 2025, superando a indústria de couro bovino.

Referência

Veg News





 

Minerva Foods: impacto ambiental, vazamento de amônia e demissão em massa

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Minerva Foods se envolveu em inúmeras tragédias e escândalos nos últimos anos (Imagens: Reprodução)

A empresa alimentícia Minerva Foods, responsável pelo envio de aproximadamente 54 mil bois à Turquia desde que o Porto de Santos voltou a realizar o transporte de animais para exportação em dezembro do ano passado, é apontada pela revista Globo Rural como a segunda maior exportadora de carne bovina do Brasil, e não é novidade para ninguém que com a queda da JBS/Friboi, a empresa pode se consolidar como a maior produtora de proteína animal do Brasil em 2018.

A Minerva Foods começou a chamar muita atenção no ano passado pelo grande volume de animais enviados para serem mortos e comercializados fora do Brasil, um negócio que há muito tempo é reprovado no mundo todo, e não apenas por defensores dos direitos animais, entidades de bem-estar animal e ambientalistas, mas também por profissionais de medicina veterinária e do setor de vigilância sanitária, que reconhecem que não há transporte de carga viva sem maus-tratos e impacto ambiental.

Normalmente os problemas incluem má acomodação, alimentação deficiente, incapacidade de movimentação e até mesmo casos de ações diretas de crueldade que culminam na morte do animal. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em uma viagem com 27 mil bois para a Turquia, por exemplo, é preciso trabalhar com uma margem de perda de pelo menos 10% dos animais, o que significa que até 2,7 mil bovinos poderão morrer antes de chegaram ao seu destino. E para o “descarte” desses animais, há sempre um moedor ou triturador nos “navios boiadeiros”.

Também de acordo com a Embrapa, um bovino criado para extração de carne produz em média de 30 a 35 quilos de esterco por dia. Sendo assim, em uma viagem marítima com 27 mil bois, e duração de 15 dias, esses animais podem produzir até 945 mil quilos de fezes e urina, e não raramente os dejetos são lançados ao mar, provocando grande impacto ambiental.

A flexibilização das multas e das leis em situações que envolvem exploração animal em pequena ou grande escala também favorece essas consequências. Na semana passada, por exemplo, mesmo após a constatação de irregularidades, a Secretaria de Meio Ambiente de Santos multou a Minerva Foods em pouco mais de R$ 1,4 milhão por inadequação no transporte de “carga viva”. Em síntese, maus-tratos contra animais. Sim, “carga viva” é o termo formal. Mesmo que se trate de vidas, os bovinos, como bens móveis, são qualificados apenas como “carga”. Essa multa, assim como outra de R$ 2 milhões emitida sob a causa de poluição atmosférica, não significou nada para a empresa, e nem poderia ser diferente.

Só no segundo trimestre de 2017, a Minerva Foods alcançou uma receita bruta de R$ 2,76 bilhões, segundo informações da Revista Globo Rural de outubro de 2017. E desde a queda da JBS/Friboi após a Operação Carne Fraca, a Minerva Foods estreitou ainda mais o seu relacionamento com a Bancada Ruralista na Câmara dos Deputados em Brasília, o que claramente levanta suspeitas sobre jogo de interesses e favorecimentos.

Uma grande prova disso foi a intervenção do deputado federal Beto Mansur (PRB-SP), do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e do ministro da agricultura Blairo Maggi (PP-MT) em favor da Minerva Foods, garantindo a liberação do Navio Nada com destino à Turquia, levando cerca de 27 mil bovinos. O resultado gerou surpresa e comoção porque até então tudo indicava que o Brasil em uma ação revolucionária, necessária e endossada legalmente já não toleraria mais o transporte de cargas vivas, que comprovadamente vai na contramão até mesmo da mais sutil compreensão do bem-estar animal.

No entanto, como o próprio ministro é um dos maiores representantes dos ruralistas no Brasil a sua atuação foi bastante previsível quando ele decidiu intervir em benefício do lucro e em detrimento dos milhares de animais no Navio Nada, mesmo depois de laudos comprovando maus-tratos e más condições de acomodação. E não bastando a liberação do navio, outra intervenção garantiu que a exportação de animais vivos em todo o território nacional voltasse a ser permitida. A liminar que proibia tal prática foi derrubada pelo desembargador do TRF-3 Fábio Prieto, sob a alegação de que isso “enseja “grave risco de lesão à agropecuária nacional”, o que desconsidera completamente a realidade dos animais e, mais uma vez, considera somente os lucros dos envolvidos, ou seja, interesses particulares em detrimento da vida e do meio ambiente.

O que também não pode ser desconsiderado nessa questão de exportação de bovinos, é que a Minerva Foods, que deve liderar as exportações de animais vivos no Brasil em 2018, esteve envolvida nos últimos anos em diversos escândalos, como vocês podem conferir no meu artigo “Minerva Foods: maus-tratos contra animais, pagamento de propina, exportação de carne contaminada e trabalho escravo”. E como se não bastasse, a empresa também é a responsável por uma tragédia registrada em 6 de outubro de 2015, quando o navio Haidar, com cinco mil bois vivos, tombou em um cais em Barcarena, no Nordeste do Pará, resultando na morte da maior parte dos animais. Segundo o prefeito de Barcarena, Antônio Carlos Vilaça, o navio da Minerva Foods deixou óleo em todas as praias do município, gerando grande impacto ambiental, e inviabilizando até mesmo o turismo.

Outra tragédia foi registrada em 31 de agosto de 2016, quando um vazamento de amônia no frigorífico Minerva Foods em Barretos, interior paulista, resultou na morte de uma pessoa e deixou 30 feridas. Porém, o primeiro episódio em que a empresa foi responsabilizada por um vazamento de amônia que feriu funcionários foi em 2012. Em 2013, a Justiça do Trabalho de Araraquara condenou a Minerva Foods a pagar R$ 200 mil por danos morais coletivos devido a irregularidades.

Segundo investigação do jornalista Marcelo Toledo, em publicação da Folha de S. Paulo de 31 de agosto de 2016: “A empresa, que também respondia a uma outra ação civil pública em Araraquara por não realizar o controle de vazamentos de amônia, firmou acordo judicial com o MPT em 2014, no valor de R$ 750 mil, para extinguir as ações.”

Argumento comum de quem defende a Minerva Foods no caso da exportação de bovinos vivos é o de que pessoas envolvidas na cadeia produtiva podem ser prejudicadas economicamente pelo impedimento na operacionalização de suas atividades. No entanto, essas pessoas desconsideram fatos que merecem ser considerados. Um exemplo é o de que a Minerva Foods também é conhecida por suas demissões em massa. Um dos casos mais emblemáticos foi registrado em Mirassol D’Oeste, No Mato Grosso, em 2015, quando o Ministério Público do Trabalho entrou com uma ação contra a empresa pela demissão de mil funcionários, ou seja, de todos os funcionários de uma de suas unidades.





 

Google lança vídeo denunciando o papel da pecuária no desmatamento da Amazônia

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20% das florestas da Amazônia desapareceram com o desmatamento (Foto: Reprodução)

Este mês, o Google lançou um vídeo em seu canal no YouTube intitulado “Eu Sou Mudança – Consumo Consciente”. O trabalho bastante objetivo, que não chega a um minuto e meio de duração, denuncia, de maneira bem simples e didática, como a pecuária tem contribuído com o desmatamento na Amazônia. Ao final, enfatiza que “o desmatamento pode estar no prato de quem consome carne”, relacionando esse hábito com o impacto ambiental.

De acordo com o vídeo, na Amazônia, mais de 750 mil quilômetros quadrados de floresta foram destruídos, dois terços foram transformados em pasto, o equivalente ao tamanho da Espanha. Tudo começa assim, uma pequena estrada de terra é aberta na floresta, por onde entram madeireiros interessados no corte das árvores com maior valor comercial. Quando acabam de cortar, e deixam a área, chega o fazendeiro de gado pela mesma estrada, corta todas as árvores remanescentes e bota fogo em tudo para fazer pasto.

Aí o gado se espalha, em uma imensidão de território só ocupado por ele. Segundo informações do filme, a pecuária extensiva ainda é a maior responsável pela derrubada de floresta na Amazônia brasileira. É um ciclo vicioso. Após a derrubada da floresta, o pasto se degrada rapidamente, exigindo assim novas aberturas na floresta.

O vídeo diz também que 38% de toda a carne produzida no Brasil vem da Amazônia. Somos o maior exportador de carne do mundo. “Não seria exagero dizer que o desmatamento pode estar no seu prato. Até agora já são 20% de toda a Amazônia que se foi. Todo esse pasto, e pensar que era tudo floresta”, termina.

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Written by David Arioch

July 30th, 2017 at 6:14 pm