Archive for the ‘Música’ Category
Uyara Torrente lança o seu primeiro single amanhã
A cantora e atriz Uyara Torrente, mais conhecida como vocalista de A Banda Mais Bonita da Cidade, que conquistou grande visibilidade nacional e internacional a partir de 2011, está se preparando para iniciar uma nova etapa na carreira. Amanhã, dia 17, Uyara lança o seu primeiro single solo “A Temperança”, música que traduz as transformações pessoais da cantora nos últimos dois anos. Regionalismo, cosmopolitismo, modernidade, espiritualidade, busca pelo autoconhecimento e respeito à vida – são elementos diversos que compõem “A Temperança”. Para conversar sobre o projeto solo, encontrei Uyara na casa de seus pais, Neli e Dorival, em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, onde batemos um papo sobre as motivações por trás da nova trajetória que inclui o veganismo. Essa foi a primeira entrevista da cantora sobre o projeto. Confiram:
O que despertou o interesse por um projeto solo paralelo ao trabalho com A Banda Mais Bonita da Cidade?
No começo, a ideia de um trabalho solo quase me assombrava, mas o meu coração foi me direcionando muito pra isso. Só que eu não sabia o que seria. Aí tive algumas vivências muito bonitas, em um processo de autoconhecimento. Fiz terapia, rituais xamânicos, coisas que me botaram de encontro comigo. Aí veio o meu encorajamento. E o meu companheiro, que é o meu parceiro de amor e vida, que é o Marano, baixista da Banda Mais Bonita, me estimulou muito e resolvi dar esse passo. Então estou lançando o meu projeto solo, ainda não é com o disco, é com o single. A minha ideia é lançar uns quatro singles este ano e no ano que vem tentar fazer o disco.
E as composições, você que está escrevendo ou são contribuições de outros compositores?
Eu queria muito compor, mas não tenho ainda essa segurança. Essa música que escolhi para ser o meu single, surgiu em um desses rituais xamânicos, de ayahuasca. Quando tive um encontro muito forte comigo em uma miração, estava tocando essa música – “A Temperança”. Pensei: “É essa música que vou gravar”. Aí fui atrás e a compositora é uma mulher lá do Rio de Janeiro, maravilhosa, tem 60 anos, é dona de um centro de meditação, toda hiponga assim [risos]. Entrei em contato com ela e falei: “Olha, meu, não nos conhecemos, não tenho grana, quero gravar e aí?” A gente chegou a um acordo e ela entrou super na parceria – adorou, achou o máximo. Mas pro disco coloquei que tem que ter pelo menos uma música minha [risos].
Como está sendo o processo de produção de “A Temperança”?
A gente começou a produzir em abril. Eu, o Marano, que também tem um trabalho solo lindo que se chama Ailum, e o Jean, nosso superamigo, que é de uma banda de Curitiba muito conhecida que se chama Tuyo. Como moramos em uma chácara em uma florestinha, a gente se isolou e começou a fazer ela. Depois levamos pra um outro amigo que é o Du Gomide. Ele terminou essa produção com a gente, e então a música foi mixada pelo Guguinha, que é um cara de Olinda muito massa, do dub, que já trabalhou com o Cordel do Fogo Encantado. Ela tá finalmente pronta e vamos lançar no dia 17 de agosto [amanhã] com o clipe.
As parcerias que você citou são fixas ou eventuais?
Boa pergunta. O Du Gomide está no próximo single que vou fazer, porque já estou gravando uma segunda música. Algumas parcerias continuam em algumas músicas, mas eu também tenho vontade de experimentar mais porque tem muitas pessoas com quem sempre quis trabalhar e que com A Banda [Mais Bonita da Cidade] era mais complexo porque a logística é maior, muitas pessoas e tal. Acho que nesse trabalho vou explorar bastante essas parcerias. Sempre com o Marano do meu lado, porque para além de companheiro da vida, gosto muito do olhar artístico e musical dele. Então ele me ajuda bastante a direcionar isso.
O clipe da nova música foi gravado onde?
Foi uma interna, a gente não gravou externa, e usamos chroma key. Então isso possibilita muitos movimentos apesar de ter sido gravado em um lugar fechado. Gravamos com o Rosano Mauro Jr., que é o meu grande amigo e já gravou várias coisas da Banda, inclusive ele também está no vídeo de “Oração”. Na verdade, as pessoas são todas amigas de muitos anos, porque saquei que pra fazer esse projeto atravessei muitos medos e precisei da equipe mais amorosa possível.
Com relação às experiências de vida, autoconhecimento, que você mencionou antes, isso tem quanto tempo?
Tem dois anos. Dos 29 para os 30, me deu um estalo de muitas coisas, de muitas percepções na vida, inclusive o veganismo. Fichas que vão caindo e você pensa: “Por que nunca olhei pra isso? Por que nunca percebi isso?” Veio uma percepção mais sensível do mundo, sabe? Não tenho como não dizer da influência da ayahuasca na minha vida, porque é uma planta de poder que é muito séria, que não pode ser usada de forma leviana. Não é uma apologia, não é nada disso, mas quando você usa da maneira certa, no lugar certo, ela abre o inconsciente e você tem percepções muito finas sobre traumas, sobre coisas que te bloqueavam e não deixavam você fluir na vida. A terapia com a ayahuasca, o veganismo, as minhas escolhas que me fazer ver as coisas de maneira mais sensível me trouxeram pra esse encontro comigo e me trouxeram até esse trabalho.
Você vê como um projeto em que já mira o crescimento? A continuidade? Porque tenho a impressão que você está seguindo um caminho para realmente desenvolver esse caminho.
Penso que sim. Não sei que tipo de repercussão esse trabalho vai ter. Nunca imagino uma coisa como “Oração” porque sei que “Oração” foi uma coisa muito única. Não tenho essa pretensão. Mas o tipo de coisa que ele alimenta em mim, tipo de estado em que esse trabalho me coloca, de criatividade, de vida, de potência, é uma parada que sei que independentemente do sucesso ou da repercussão que vai ter ele é muito pra mim. Sei que tem muita coisa ainda pra sair. Então acredito que seja um trabalho pra vida mesmo.
É quase como uma necessidade, uma realização, uma coisa sua mesmo…
Muitas pessoas me perguntam: “Ah, por que você não vai em tal programa, não faz tal coisa.” Não tenho nenhum tipo de preconceito, julgamento com grandes mídias, nada disso. Acho maravilhoso poder chegar lá, só que a questão é que chega uma hora que você faz por necessidade tua mesmo. Por exemplo, se fico dez dias sem cantar, preciso cantar, porque isso me faz viva. Embora eu ame a Banda, e amo muito, e sou muito inteira lá, a Banda faz o que ela quer fazer, mas a Banda já tem um compromisso com o público. O que a gente faz, a gente pensa: “Putz, será que isso vai chegar, não vai chegar?” A gente faz de maneira muito honesta, mas passamos por esse questionamento. Esse trabalho é um trabalho que estou fazendo muito pra mim. É muito pessoal, pra celebrar o meu encontro comigo mesma.
Tem uma entrega maior sua…
É…eu sinto que a Banda é muito coletiva.
Um pouquinho de cada…
É…e nesse pouquinho não estava cabendo essa parte minha. Então tive que abrir uma outra portinha e seguir junto assim.
Um ponto bem positivo é que você tem parceiros que ajudam a alavancar isso em você, te estimular…
Sim! Muito! Nós vemos muitos relatos dentro do feminismo de caras que botam as minas pra baixo e tive a sorte de encontrar um parceiro, o Marano, que é o contrário. Ele quer ver brilhar as minhas potências. Tanto ele quanto os meninos da Banda, quando contei que eu estava fazendo esse trabalho, eles foram muito maravilhosos. Estou cercada de pessoas que me estimulam muito. É muito fácil a gente ser tomada pelo medo. O medo paralisa. E tenho muitos medos, de muitas coisas. Então acho que essa rede de segurança é muito importante.
Com relação à apresentação do single, já pensa em shows?
Penso, ainda não tenho. Estava até anotando isso ontem no meio da minha ansiedade porque, mesmo que eu tenha só um single, já tenho repertório que quero permear. Esse repertório tem a ver com Paranavaí, tem a ver com a minha família, porque desce que nasci os meus pais tocam todo final de semana. Na realidade, quase todo dia [risos]. O grande insight desse trabalho foi o Marano que me deu quando perguntei se ele achava que havia alguma coisa em mim que eu poderia explorar. Ele respondeu: “Tem, a sua regionalidade, que é uma coisa muito forte em você, de onde você vem.” É verdade. Tatuei coração de Jacu em mim, porque sou jacu, cara, sou do interior. E isso é a coisa mais linda que eu tenho e carrego. Tenho essa frase que brinco que é cabelo moderno e coração de jacu. É justamente isso o repertório do show. É pegar essas canções, e quero até incluir alguma coisa do Gralha Azul [um dos grupos de música regionalista mais tradicionais do Paraná], que eram coisas que meus pais cantaram a vida inteira, e passei a vida inteira cantando com eles.
É a sua história também…
É a minha história. Vou colocar a música pra você ouvir e você vai perceber que tem elementos muito regionais e elementos de música do mundo, e elementos modernos, e é uma mistura mesmo. Então pro show eu vou levar esse lado que é o eu mais eu possível. Quero deixar pelo menos um pocket show pronto. Porque vai que eu lanço e alguém queira um show [risos].
É legal isso, porque você está seguindo um trabalho novo sem se desvincular da Banda. De repente, acaba até fortalecendo o vínculo de vocês.
É…a banda faz parte da pessoa que eu sou. O histórico da banda, o estouro de 2011 foi uma coisa muito louca, igualmente maravilhosa e traumática.
Porque vem tudo em grande intensidade?
Foi muito rápido e muito grande e muito louco, porque de repente tem uma invasão louca na sua vida, e muitas pessoas achando muitas coisas, e eu muito nova e muito perdida.
E falta tempo pra aprender a lidar com isso. É uma avalanche, não?
É uma avalanche, você aprende na marra. Hoje consigo falar disso com tranquilidade, e o quanto isso me fez ser a pessoa que eu sou, mas durante muito tempo isso foi uma grande confusão dentro de mim, chegando a ter palpitações. Então a banda é muito parte do que eu sou. Então ela está inevitavelmente em mim e eu inevitavelmente nela [risos].
Uyara, e como o veganismo entrou na sua vida?
Fiquei muitos anos comendo só peixe, não tinha empatia por peixe, até que vi um programa de pesca, aqueles caras se exibindo com um peixão na mão, tantos reais, aí falei: “Meu Deus! O que é isso?” Então parei com o peixe. O Vini [Vinícius Nisi], que você deve conhecer, que é meu amigo há muitos anos, inclusive a gente fundou a Banda, virou vegano. Então vi que era possível. Mas eu não tinha ainda uma questão animal. Isso foi entrando aos poucos, quando assisti “Black Fish”, quando tive uma gata. Tudo isso me influenciou, mudou muita coisa, porque tenho uma conexão com ela; não em uma lógica racional, intelectual, mas existe alguma coisa, uma outra sensibilidade, que a gente nesse mundo louco abafou. Aí no meu primeiro trabalho de ayahuasca veio o veganismo, porque veio a conexão com a natureza, os animais. Nessa época, assisti aquele filme “Okja”, e no meio do filme, cara, eu nunca consumia leite, mas me deu vontade de comprar Sucrilhos, aí quando levantei a colher: “Putz, não vai dar mais.” E não deu.
É uma coisa que você nem percebe e vai acontecendo dentro de você, e quando você se dá conta não tem mais condições de seguir adiante.
Realmente, não tem, totalmente. E o Marano estava na mesma vibe. E daí a gente falou: “Vamos assistir os docs.” Assistimos o “Cowspiracy” e mais uns outros. Daí a gente percebeu que realmente não dava mais. Vai fazer um ano que viramos veganos. Acho que o veganismo me traz uma sensação de coerência com as coisas que escolho. Sinto que respeito mais as coisas. Como posso ser uma pessoa que bate no no peito pela preservação da [Área de Proteção Ambiental da] Escarpa Devoniana, que a galera quer derrubar, quer acabar com tudo, e ao mesmo tempo come carne? Meu, eles querem destruir pra fazer pasto, entendeu?
E teve algum resultado positivo a campanha a favor da Escarpa Devoniana?
É complicado. A gente consegue e depois eles vão lá e conseguem. Daí a gente briga, briga, briga, mas infelizmente acho que é muito difícil, porque o dinheiro é uma coisa que comanda, né? Interesse de três, quatro ou cinco pessoas.
Onde o single vai estar disponível para compra?
Então, como é um single, vou disponibilizar tudo gratuitamente. Vai estar nas redes e vai ser distribuído pela Tratore. Ela que vai colocar em todas as plataformas.
Moby vai parar de fazer turnês para se dedicar a atividades como o ativismo em defesa dos animais
“Nada disso é lucrativo, mas é muito mais satisfatório”
Em entrevista à matéria “Moby: on drugs, depression and coming close to suicide: ‘I didn’t want to die in a garbage bag”, publicada no Daily Telegraph na última quarta-feira, o músico vegano Richard Melville Hall, mais conhecido como Moby, revelou que vai parar de fazer turnês para se dedicar a atividades como o ativismo em defesa dos animais.
“Estive em turnê por tanto tempo, e há tantas outras coisas para se fazer na vida. Ficar em casa e sair para caminhar, jantar com os amigos, trabalhar com a política, o ativismo [em defesa dos animais] e a música, e dormir na minha própria cama, e acordar toda manhã e fazer um smoothie”, disse.
Recentemente, Moby fez uma parceria com o mercado digital Reverb.com para vender 100 peças de seu equipamento musical para beneficiar o Comitê Médico Pela Medicina Responsável dos Estados Unidos, que ajuda a disseminar o vegetarianismo e o veganismo nos Estados Unidos. Ele também tem realizado importantes eventos que ajudam a difundir cada vez mais uma filosofia de vida livre da exploração animal.
Outro exemplo é a idealização do festival anual de música vegana “Circle V”, realizado em Los Angeles desde 2016 em parceria com o baixista da banda No Doubt, Tony Kanal. “Nada disso é lucrativo, mas é muito mais satisfatório”, garante Moby.
Referência
McLean, Craig. Moby: on drugs, depression and coming close to suicide: ‘I didn’t want to die in a garbage bag. Dailty Telegraph (23 de maio de 2018).
A morte de Chuck Mosley
Fiquei sabendo agora que o Chuck Mosley faleceu. Triste. Embora eu curta muito o vocal do Mike Patton, Mosley fez história com o Faith No More também. Cantei muito “We Care a Lot” na minha adolescência nos anos 1990. Música que deu origem ao disco homônimo dos caras em 1985.
Raimundos elogia a banda Retaliação durante o 16º Motofest
No último sábado, durante o show dos Raimundos no 16º Paranavaí Motofest, evento que reuniu milhares de pessoas no Parque de Exposições Arthur da Costa e Silva, o vocalista e guitarrista Digão, da banda Raimundos, aproveitou a oportunidade para parabenizar a banda de thrash/groove metal Retaliação, de Paranavaí.
“Quero mandar um salve para essa banda muito massa que tocou Pantera hoje à tarde. Eu tava lá, mermão. Essa banda é massa, viu? Banda Retaliação. Muito boa essa banda, metal de verdade feito com alma, brother! Parabéns, irmão! Estamos juntos! ”
Fundada em 2015, a Banda Retaliação, que se destacou no Motofest deste ano, tem recebido inúmeros convites para tocar em inúmeras cidades do Sul e do Sudeste do Brasil. Atualmente, o grupo é formado pelo vocalista Thiago Santana, baixista Roger Yuzo Noguti, guitarrista Marcelo Ganzer, guitarrista Guimarães Junior e baterista Roney Verdério.
As principais influências do Retaliação são bandas como Pantera, Kreator, Slayer, Sepultura e Lamb of God, além de clássicos do NYHC, ou seja, o hardcore que surgiu em Nova York, nos Estados Unidos, nos anos 1980. Como cada integrante tem diferentes influências, isso tem ajudado a banda a moldar o seu próprio estilo, seja por meio de músicas autorais ou fazendo releituras de clássicos de grandes nomes do metal. Quem quiser entrar em contato com a banda, pode ligar para (44) 99885-0318.
O vegetarianismo na vida de Attila Csihar
O vocalista e compositor húngaro Attila Csihar, que se tornou famoso como vocalista da banda de black metal Mayhem, não cansa de surpreender quem não o conhece. Levando em conta o seu perfil performático, sombrio e chocante durante suas apresentações, as pessoas rendidas aos clichês dificilmente imaginam que ele seja vegetariano. Sim, Attila Csihar se tornou vegetariano nos anos 1990.
Em entrevista à Revolver Magazine, ele contou que ficou enojado quando encontrou cabeças e pedaços de suínos no palco em seu primeiro show com o Mayhem. “Fiquei terrivelmente apavorado. Foi algo como: “Porra, não sei se quero fazer parte disso”, relatou.
Csihar explicou mais tarde que com o tempo entendeu que as carcaças de animais sobre o palco refletem a sociedade, a gula humana e a sua relação com os animais, o que pode parecer horrível ou reprovável para muita gente, mas para ele isso apenas reforça um fato cotidiano.
O vocalista e compositor concorda que embora estejamos imersos em uma sociedade acostumada a se alimentar de animais, a maioria rejeita a possibilidade de ter que confrontar uma realidade mais próxima de um matadouro do que de um açougue, onde os pedaços são fatiados e embalados de forma a despersonalizar o que a morte de animais realmente representa.
Antes de tocar no Mayhem, com quem gravou três álbuns entre os anos de 1994 e 2014, Attila Csihar fez parte da banda de black metal Tormentor, fundada em 1984, e que gravou o primeiro álbum “Anno Domini” em 1988. Ele ingressou na banda norueguesa em 1994, após a morte do fundador e guitarrista Oystein Aarseth, mais conhecido como Euronymous, assassinado em 10 de agosto de 1993.
Além do seu projeto Plasma Pool e da sua carreira solo, Csihar também teve passagens por bandas como Aborym, Limbonic Art, Korog, Anaal Nathrakg, Keep of Kalessin, Emperor, Sear Bliss, Sunn O))), Astarte, Ulver, Taake, Burial Chamber Trio e Grave Temple, entre outras. Ele também é conhecido por suas máscaras peculiares, como as criadas pelo egípcio Nader Sadek, que já assinou a direção de efeitos visuais dos shows do Mayhem e de seus projetos.
Saiba Mais
Attila Csihar nasceu em Budapeste, na Hungria, em 29 de março de 1971.
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
A morte e a ajuda de Chester Bennington
Em muitos vídeos da banda Linkin Park no YouTube tem dezenas, talvez centenas ou milhares, de comentários de pessoas que sofriam ou sofrem de depressão e encontraram alento nas músicas do vocalista e compositor Chester Bennington, encontrado morto hoje, após cometer suicídio por enforcamento.
Inclusive pessoas que disseram ter desistido da ideia de cometer suicídio enquanto ouviam Linkin Park. Música é uma coisa extremamente poderosa. Há pessoas que confortam tanta gente em proporção inimaginável, o que não significa que sejam inatingíveis ou que não sejam frágeis.
Ouvindo Rammstein desde 1999
Curto muito a banda alemã Rammstein. Conheci em 1999 quando eu era molecote e estava em Cuiabá. Como eu já curtia metal industrial, contagiado pelo Ministry, de Al Jourgensen, foi alegria à primeira vista. Por outro lado, me recordo que naquela época era difícil encontrar quem não desprezasse a banda. Prova disso foi a primeira apresentação que eles fizeram no Brasil naquele ano, abrindo o show do Kiss. Jogaram inclusive objetos no palco e chamaram os caras de “palhaços”. Como se ser palhaço pudesse ser uma ofensa; além de uma baita contradição, já que o Kiss era a atração principal.
Muitas bandas que ouvi na adolescência e inclusive na fase adulta ficaram pelo caminho. Quero dizer, parei de ouvir muita coisa, mas Rammstein continua sendo uma banda que considero inesquecível, mesmo que haja períodos em que eu não a escute. Controversa, boas letras (consequência natural de músicos com bom nível cultural em geral – uma coisa que reconheço que não é tão comum na música) e bons clipes. Acho que tudo isso se soma para eu ter a banda em grande estima.
Bola Sete, um vegetariano que deixou seu nome na história do jazz
O compositor, violonista e guitarrista carioca Bola Sete, que foi aluno do maestro Moacyr Santos, fez muito sucesso tocando jazz nos Estados Unidos e no México nas décadas de 1960 e 1970. De origem pobre, mas com uma herança musical muito forte, descobriu a aptidão para a música ainda na infância, quando começou a tocar cavaquinho e violão.
No Estados Unidos, Bola Sete foi um grande parceiro de Dizzy Gillespie e Vince Guaraldi, com quem lançou em 1963 o disco “Vince Guaraldi, Bola Sete and Friends”. Guaraldi foi o autor da trilha sonora do desenho animado “Peanuts”, que traz personagens como Charlie Brown e Snoopy. Em 1967, Bola Sete deixou o Vince Guaraldi Trio para criar o seu próprio trio, que trazia na formação os brasileiros Sebastião Neto e Paulinho, contrabaixista e baterista.
Quando o grupo decidiu se separar, Bola Sete já era um homem de meia-idade com sobrepeso e alguns problemas de saúde. Então ele viu que seria necessário dar uma guinada em sua vida. Parou de tocar e começou a meditar, praticando regularmente o hatha yoga. Primeiro, ele abandonou o consumo de carne e mais tarde se tornou vegetariano.
“Isso não apenas permitiu que ele perdesse mais de 22 quilos, mas também que ele conseguisse controlar a sua asma agravada por anos inalando fumaça nos clubes onde tocava. O novo estilo de vida garantiu que ele produzisse a música mais incrível de sua carreira”, afirmou o pesquisador Gerald E. Brennan.
Embora Bola Sete tenha seu nome quase sempre relacionado ao jazz, estudiosos de sua música como Brennan o consideram o pai da música new age. Isto porque as composições do brasileiro se tornaram muito espiritualizadas, destoando do jazz tradicional; algo que ficou mais claro depois que ele se tornou vegetariano.
Em 1970, quando excursionou pelo México com Stan Getz e outros artistas do jazz, Bola Sete se tornou extremamente popular, o que o motivou a lançar em 1971 o álbum “Shebaba”. “Bola Sete é tão significativo quanto Jimi Hendrix e Segovia, no sentido de ter sabedoria, conhecimento, alma e paixão”, escreveu o célebre guitarrista mexicano Carlos Santana. Nos Estados Unidos, há mais artistas que consideram Bola Sete um dos maiores guitarristas de todos os tempos, e não somente do jazz.
Saiba Mais
Djalma de Andrade, mais conhecido como Bola Sete, nasceu em 16 de julho de 1923 no Rio de Janeiro, e faleceu nos Estados Unidos em Greenbrae, na Califórnia, em 14 de fevereiro de 1987.
Entre os anos de 1958 e 1985, Bola Sete gravou 14 discos.
Referências
Http://www.bolasete.com/index.php
http://www.musicianguide.com/biographies/1608002433/Bola-Sete.html
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
Matt Skiba: “Foi uma reação instintiva não querer carne [de animais] em meu corpo”
Skiba é fundador da banda de punk rock Alkaline Trio, além de guitarrista e vocalista da banda Blink 182
Fundador da banda de punk rock Alkaline Trio, além de guitarrista e vocalista da banda Blink 182 desde 2016, Matt Skiba se tornou vegetariano aos 19 anos, assim que deixou a casa dos pais. Um dia, ele estava comendo um pedaço de carne e notou os olhos do seu companheiro felino em sua direção.
“Imaginei-me comendo meu gato e, de repente, não pareceu tão bom para mim. Foi uma reação instintiva não querer carne [de animais] em meu corpo. Isso é parte de quem sou. Foi uma decisão pessoal e natural”, informou em entrevista concedida a Liz Miller, do Veg News, e publicada em 22 de fevereiro de 2010.
Skiba não teve trabalho em levar muitos amigos para o vegetarianismo. Na realidade, ele não precisou dizer nada para convencê-los a não consumir mais alimentos de origem animal. Sua tática sempre foi levá-los para comer em restaurantes vegetarianos e veganos, mostrando que opções que não custem a exploração animal não faltam.
“Se eu não tivesse dito a eles que o sanduíche de ‘frango’ que eles estavam comendo era na realidade vegetariano, eles nunca saberiam, e tinha o gosto mais fresco e melhor do que o de qualquer frango. Há muita comida de boa qualidade lá fora e isso fala por si mesmo”, exemplificou o guitarrista e vocalista.
Matt Skiba acredita que a maioria das pessoas amam os animais, e que não é porque elas comem carne que elas são más ou desgostam deles. Para o músico, o problema é a ausência do reconhecimento de uma conexão entre as coisas, de reconhecer as implicações da exploração animal. “Acho que ignorância é uma bênção para muitas pessoas”, declarou.
Ele também disse que muita gente come comida vegetariana sem saber, sem vê-las como comida vegetariana; e que isso é a maior prova de que o vegetarianismo e o veganismo não estão realmente distantes de ninguém.
“Perdi o gosto pela carne. Não como carne há 17 anos. Lembro que olhei para o meu gato e pensei: ‘Cara, não posso comê-lo. Que diferença faria se fosse um gato pequeno ou uma vaca?’ E ocorreu-me que tudo está conectado e que eu não poderia mais contribuir com isso [a exploração animal]”, enfatizou em entrevista ao Cool Try, da Austrália.
Saiba Mais
Matt Skiba nasceu em McHenry, Illinois, em 24 de fevereiro de 1976. Ele fundou o Alkaline Trio em 1996.
Entre os anos de 1998 e 2013, Skiba lançou os álbuns “Goddamnit”, “Maybe I’ll Catch Fire”, “From Here to Infirmary”, “Good Morning”, “Crimson”, “Agony & Irony”, “This Addiction” e “My Shame Is True” com o Alkaline Trio.
Com o Blink 182, ele gravou o álbum “California” em 2016.
Referências
http://vegnews.com/articles/page.do?pageId=1716&catId=5
http://cooltry.com.au/interview-matt-skiba-alkaline-trio-matt-skiba-and-the-skerets/
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:
Johnny Marr: “Desde que escrevemos ‘Meat is Murder’, nunca mais comi carne”
“Eu não poderia ser hipócrita. Para ser honesto, não foi realmente um sacrifício [ficar sem comer carne]”
Um dos fundadores da icônica banda britânica de rock The Smiths, Johnny Marr até hoje é citado como um dos mais importantes guitarristas dos anos 1980. Ao lado de Morrissey, ele gravou o álbum “Meat is Murder”, que se tornou um símbolo para vegetarianos e veganos do mundo todo. Enquanto Morrissey assinava as letras das músicas, Marr se responsabilizava pela harmonia. A parceria durou cinco anos, e juntos gravaram quatro discos.
Em entrevista a John Hind, do The Guardian, publicada em 20 de novembro de 2016, Johnny Marr contou que desde que ele e Morrissey escreveram “Meat is Murder”, ele nunca mais comeu carne. “Eu não poderia ser hipócrita. Para ser honesto, não foi realmente um sacrifício [ficar sem comer carne], disse em referência ao álbum lançado em 1985.
A faixa título, que critica o consumo de carne, e ainda traz o apelo de uma pequena gravação de vacas mugindo em um matadouro, mudou a vida de muita gente. Enquanto Morrissey canta: “Morte sem razão é assassinato”, a guitarra de Johnny Marr chora ao fundo. Sem dúvida, “Meat is Murder” é uma das composições mais intensas e perturbadoras escritas pelo The Smiths em sua curta e produtiva carreira.
Prova da força da música é que até hoje os fãs se aproximam de Johnny Marr para dizer que “Meat is Murder” mudou completamente seus hábitos alimentares, e mais – suas vidas. Ele se orgulha de encontrar pessoas dizendo que se tornaram vegetarianas ou veganas por causa da composição, de acordo com informações publicadas no Clash Music em 27 de julho de 2010.
“Não teria sido certo para mim tocar essa música sem ser vegetariano. A coisa engraçada é que até então a minha única interação com os animais tinha sido algo como: “Espero que este cão não me morda”. […] Mas quando parei de comer animais, comecei a sentir mais empatia por eles”, declarou em entrevista publicada por Louise Wallis em 6 de agosto de 2011.
Johnny Marr se tornou vegano em 2005, quando se mudou para Portland, no estado do Oregon, nos Estados Unidos. Sobre essa decisão, ele justificou que gosta da ideia do progresso, de ser progressista. “Portland tem uma atitude muito liberal e moderna, e alguns dos meus amigos lá já eram veganos. Estou feliz por ter entrado nessa. É muito mais fácil ser vegano nos Estados Unidos do que na Europa; há mais variedade cultural e, portanto, mais escolhas”, argumentou.
Questionado sobre o processo de composição de “Meat is Murder”, Marr relatou que Morrissey deu o título e a letra da música e ele entrou com o sentimento. “Apareci com a melodia, que interpretei como sugestiva, contudo inquietante, e a banda captou isso em uma tarde de inverno em Liverpool. A senti intensa, mas estranhamente bela quando a criamos. Adoro essa faixa”, admitiu a Louise Wallis.
“Desistir dessas coisas [alimentos de origem animal] não significa sacrifício ou miséria para mim. Vejo isso como o oposto, é interessante. […] Todas essas coisas me tornaram mais focado e energizado. Toda a minha família é vegetariana. Angie [esposa] era vegetariana quando nos conhecemos. Eu tinha 15 anos, e ela 14. Era bem informada. Eu provavelmente teria me tornado vegetariano mesmo sem a música, suponho”, destacou.
Saiba Mais
Johnny Marr nasceu em Manchester, na Inglaterra, em 31 de outubro de 1963.
Ele gosta de comer salada com tofu, comida tailandesa, mediterrânea e mexicana, além de massas e muito espinafre.
Referências
https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2016/nov/20/life-on-a-plate-johnny-marr-the-smiths
http://www.clashmusic.com/news/johnny-marr-talks-vegetarianism
Contribuição
Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar: