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Quando cães frequentavam a igreja
Animais de Paranavaí tinham o hábito de participar das cerimônias religiosas nos anos 1950
Entre os anos de 1951 e 1957, a primeira igreja de Paranavaí não era frequentada apenas por pessoas, mas também por cães, principalmente em dias de missa. Os animais não podiam ver a porta da igreja aberta que logo entravam e passavam horas no local.
Em 2 setembro de 1951, o frei alemão Ulrico Goevert, logo após tomar posse como pároco de Paranavaí, reuniu alguns pioneiros para cobrir a pequena igreja que não tinha telhado. Terminado o trabalho que levou pouco mais de uma semana, o padre realizou a terceira missa como pároco. Foi a primeira de frei Ulrico na igrejinha.
Naquele dia, o padre se virou em direção aos fiéis para abençoá-los e se deparou com seis cães parados, como se aguardassem a bênção. O mais curioso é que havia mais animais na igreja do que pessoas. Só quatro pessoas estavam lá dentro assistindo a cerimônia religiosa. “Recordei das minhas primeiras missas na Igreja do Carmo, de Bamberg, e também na minha aldeia natal, Darfeld. Aqui era muito diferente, pois poucos participaram das cerimônias no início”, revelou o padre.
E não era apenas em dias de missa que os cães entravam na igreja. A partir de 1951, o episódio se repetiu diariamente. “É oportuno dizer que havia muitos cachorros em Paranavaí. Muitos eram tão devotos que até no meio da semana iam para a igreja”, relatou o pároco Ulrico Goevert em tom bem-humorado.
Os animais se portavam como se estivessem em casa. Os cães não latiam nem rosnavam no interior da igreja, apenas participavam das cerimônias religiosas como os fiéis. Nem se intimidavam com a presença humana, tanto é que o padre decidiu proibir a entrada dos animais.
O que não adiantou muito, pois até 1957 os cães ainda eram encontrados no interior da antiga Igreja São Sebastião, construída em 1952, em substituição a igrejinha. “Às vezes, apareciam até durante a santa missa no altar-mor. Falei ao bispo que eu daria 25 dias de indulgência para cada fiel que desse um pontapé num cachorro dentro da igreja”, frisou o padre. O bispo riu da proposta de Frei Ulrico, mas não concordou em dar as indulgências.
No livro “Histórias e Memórias de Paranavaí”, Frei Ulrico admitiu que deu vários chutes nos cães que invadiam a igreja. E justamente por isso, os animais reagiram. “Os cachorros têm boa memória. Quando me viam na rua, rosnavam e latiam mesmo de longe”, destacou.
À época, um dos cães, revoltado por não poder entrar mais na igreja, mordeu a panturrilha do padre. Apesar de tudo, Frei Ulrico relatava o fato de maneira cômica. “Sempre fui um verdadeiro amigo dos animais, mas não podia permitir a estadia de cães na casa do Senhor”, comentou. De acordo com pioneiros, os animais gostavam de ficar na igreja porque era um local silencioso e de uma atmosfera que inspirava paz.
A chegada de Frei Ulrico Goevert
Logo que chegou a Paranavaí, no dia 1º de setembro de 1951, frei Ulrico Goevert conheceu a primeira igreja de Paranavaí. Era uma casinha de madeira sem telhado e com uma pequena torre. “A casa paroquial também era de madeira, mas tinha cobertura de telhas”, contou Goevert. O padre provincial dos josefinos pediu ao frei alemão para usar o dinheiro arrecadado em uma festa organizada pela comunidade para cobrir e ampliar a igrejinha.
“Ele afirmou que esse seria o meu primeiro trabalho”, enfatizou frei Ulrico que foi enviado a Paranavaí para substituir o padre Carlos Ferrero que comandou as atividades religiosas locais durante alguns meses. Como seria preciso algum tempo para a reforma da igreja, a primeira missa do frei alemão ocorreu num sábado na Casa Paroquial. Lá, improvisaram um altar e um quadro grande de Nossa Senhora das Dores.
O padre estava tão preocupado com as dificuldades que enfrentaria em Paranavaí que admitiu ter suplicado à santa para lhe ajudar. “Naquele tempo, a ‘cidade’ tinha mais ou menos 60 casas e eram todas de madeira. Muitas nunca seriam classificadas como casa, conforme o conceito alemão”, comentou. No início dos anos 1950 ainda havia muitas residências com características de rancho, o que despertou estranheza em frei Ulrico, acostumado ao estilo de vida europeu.
No dia 2 de setembro de 1951, a segunda missa transcorreu em uma casinha que mais parecia uma “barraca de madeira”. No mesmo dia, o padre provincial apresentou frei Ulrico como o novo pároco de Paranavaí e entregou-lhe uma estola e um decreto de nomeação assinado pelo bispo.
O padre fixou residência na Casa Paroquial, onde havia apenas uma mesa, quatro cadeiras, dois armários e duas camas. “Não tinha fogão, e na hora de dormir o padre Carlos se abrigava na casa do vizinho, pois só havia camas para mim e o provincial”, Lembrou.
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A caça à onça em Cidade Gaúcha
O dia em que Fernandez e Euclides quase foram mortos por uma onça
Em Cidade Gaúcha, no Noroeste do Paraná, os pioneiros Fernandez e Euclides decidiram caçar uma onça que entrou no chiqueiro de Fernandez e comeu alguns porcos em 1957. O que os caçadores não esperavam é que a onça, matreira como era, não cairia tão fácil na emboscada.
Nos anos 1950, Cidade Gaúcha, que surgiu para abrigar migrantes do Sul do Brasil, era um pequeno vilarejo envolto por mata primitiva. Um lugar onde a derrubada de mata e as queimadas faziam parte do cotidiano. Em meio a tal cenário já despontavam as onças, animal que foi considerado o mais perigoso da fauna noroestina.
Na descrição dos pioneiros de Cidade Gaúcha, eram “enormes gatos” com um “miado” díspar e grave que ressoava pelo povoado durante a noite e podia ser ouvido a quilômetros de distância. Chamava atenção pela estatura, pois grande e pesada ainda conseguia ser veloz. O animal se pendurava nos galhos das árvores mais altas e lá ficava imóvel por horas, até o momento oportuno de dar o bote.
Os pioneiros Euclides e Fernandez relataram décadas atrás que era muito complicado matar uma onça. No entanto, o juízo sempre cedia à cólera quando um colono chegava em casa e se deparava com alguns animais mortos ou levados pela felina. Exemplo foi o colono Fernandez que perdeu parte da criação de porcos para a onça. Irascível, o pioneiro previu o retorno do animal conhecido por dizimar criações de suínos, bovinos e equinos.
Fernandez decidiu caçá-la antes que levasse o que sobrou da criação. Contou com a parceria do amigo Euclides, caçador que há muito tencionava eliminá-la. O fato das baixas nas criações serem sempre provocadas pelo mesmo animal despertou um misto de ódio, excitação e senso de justiça. Não reconheciam que o invasor por aquelas bandas era o homem e não a onça.
A caçada malsucedida
Tudo foi preparado previamente, e no dia seguinte pela manhã, Euclides e Fernandez, acompanhados de dois cães de caça, se embrenharam na mata. Depois de percorrerem alguns quilômetros a pé, soltaram os cachorros para farejarem os rastros da onça. Logo começaram a rosnar e latir, até que o silêncio tomou conta do lugar. Um dos cães sumiu e o outro retornou ofegante e assustado. Para Fernandez, só podia ser um sinal de que a “inimiga” estava próxima. Ajeitaram os gatilhos das espingardas e, sem piscar, deram alguns passos até ouvirem o som que emanava dos galhos de uma árvore. Lá estava a felina, como se os aguardasse, atenta a cada movimento dos caçadores.
Quando Fernandez deu o primeiro tiro o animal saltou. Com as patas, dilacerou seus braços e ombros – na região da escápula e do úmero. O estrago foi tão grande que o homem sentiu as garras da onça roçando os ossos. O gatilho da espingarda de Euclides falhou no momento do ataque. Desesperado ao vê-la sobre o companheiro, o caçador tirou uma peixeira da cintura e a golpeou. Mesmo ferida, a felina atacou os dois braços de Euclides, destruiu a espingarda e depois fugiu pela mata.
Apesar de muito machucados, os dois foram encontrados por colonos e levados para o hospital de Rondon. Lá, segundo o frei alemão Ulrico Goevert, que vivia em Paranavaí, estavam com febre alta e braços e ombros atados.
Dias depois, os colonos voltaram à rotina. Mas só até a mulher de Fernandez revelar que a onça levou ‘o seu melhor porco”. “A raiva o cozinhou por dentro. Parecia que a vergonha causada pela onça doía mais que o ferimento nos ombros”, comentou Frei Ulrico no livro “Histórias e Memórias de Paranavaí”. À época, o padre estava participando de uma missão religiosa em Rondon e Cidade Gaúcha.
Uma nova emboscada
Sem pestanejar, Fernandez pegou novamente a espingarda, a municiou e foi até a casa de Euclides convidá-lo para a caçada. O amigo aceitou, ajeitou a peixeira na cintura e seguiu o companheiro. De acordo com os caçadores, era preciso mais cautela porque a onça ferida sempre foge do perigo. Acompanhados por um cão de caça, seguiram as pegadas do animal e o avistaram devorando o pernil de um leitão. Rapidamente, Fernandez puxou o gatilho e acertou o peito da onça que ainda tentou resistir, mas faleceu.
A primeira coisa que fizeram foi medir a felina. Tinha 2,64m de comprimento e pesava mais de 100 quilos. Orgulhosos, Fernandez e Euclides tiraram várias fotos ao lado da onça-pintada morta. “Quando vi a magnífica pele do animal já curtida brotou em mim o desejo de pendurá-la no Seminário Carmelitano Teresiano de Vocações Tardias, em Bamberg [no Estado da Baviera, na Alemanha], para despertar nas novas gerações de missionários a alegria da caça à onça”, destacou o padre alemão. A pele da felina foi leiloada por cerca de dois mil cruzeiros e o dinheiro doado para o Hospital de Rondon que atendia principalmente os menos favorecidos.
Saiba Mais
Nos anos 1950, alguns pioneiros pagavam muito dinheiro para caçadores livrarem suas propriedades das onças.
Observação
Como está claro no texto, nem mesmo os mais civilizados tinham consciência de que o homem era o verdadeiro invasor.
Histórias de Paranavaí eram publicadas em revista alemã
Frei Ulrico Goevert começou a escrever para a Karmmelstimmen em 1958
Em 1951, logo que chegou a Paranavaí, o frei alemão Ulrico Goevert teve a ideia de relatar em um diário todos os fatos que lhe chamavam a atenção. Foi assim até o final de 1957. Um ano depois, recebeu o convite para publicar as histórias uma vez por mês na revista alemã Karmelstimmen.
Sobre a necessidade de contar alguns dos fatos mais simples até os mais complexos da história local, o padre justificou que quando um acontecimento não é registrado por escrito em pouco tempo as pessoas esquecem ou criam outras versões. Frei Ulrico começou a escrever, quem sabe, visando a preservação histórica regional que independente de época sempre contribui para a formação da identidade de um povo.
A partir das publicações na revista alemã Karmelstimmen, de Bamberg, no Estado da Baviera, o padre queria mostrar aos leitores o quão extraordinária era a jovem Paranavaí que despontava em meio a mata virgem, onde pessoas de diversas etnias conviviam com animais silvestres; um lugar onde crianças balançavam sobre os cipós que adornavam as casas. Segundo frei Ulrico, a solidariedade da população o encantava e o motivava a se sentir mais brasileiro do que alemão.
“Quando uma criança come durante o recreio escolar, sempre oferece o pão à criança mais pobre e diz: Qué um pedaço? O trabalhador mais pobre também fica feliz em dar ao companheiro um pouco da sua sopa de feijão”, escreveu o padre para a Karmelstimmen em 1958. A sugestão para publicar textos sobre Paranavaí partiu do padre provincial Adalbert Deckert, superior de frei Ulrico em Bamberg.
Boa parte dos textos publicados na revista abordou também o trabalho dos padres carmelitas. “Cumpri com muito gosto a tarefa de descrever aos leitores como foi fundada a missão em Paranavaí, além das nossas alegrias”, disse Goevert. Quando o primeiro relato foi publicado, o vigário pediu aos leitores alemães que não fossem rigorosos com o seu estilo literário. Frei Ulrico acrescentou que nunca teve intenção de escrever livros ou artigos científicos.
Modesto, o padre qualificou os próprios textos como rabiscos, talvez pelo fato de tê-los concebido com bastante pessoalidade, incluindo muitos adjetivos e comentários. Ainda assim, é perceptível que essas características agregaram mais valor aos textos, os deixando leves, cômicos e recheados de envolventes contextualizações. “Quando escreveu para os alemães, frei Ulrico não teve a preocupação de fornecer certos detalhes ou citar nomes de pessoas”, revelou frei Wilmar Santin, responsável pela tradução dos artigos publicados na revista alemã.
Em janeiro de 1992, durante a Festa de São Sebastião, a Ordem dos Carmelitas publicou o pequeno livro “Histórias e Memórias de Paranavaí” que reúne uma compilação de textos que Ulrico Goevert escreveu para a revista Karmelstimmen.
Para a publicação da obra, Wilmar Santin fez uma profunda pesquisa para a inclusão de notas de rodapé. “O livro não é só para homenagear o frei Ulrico, mas também manter viva parte da memória histórica do povo de Paranavaí e região. Povo sem passado é povo sem futuro”, enfatizou Santin.
Saiba Mais
Livro “Memórias e Histórias de Paranavaí” foi editado pela Livraria Nossa Senhora do Carmo.
Frei Adalbert Deckert chegou a Paranavaí no dia 10 de junho de 1955 para uma visita canônica e ficou aqui até o dia 14 de julho.
Bamberg, cidade de origem da revista para a qual frei Ulrico Goevert escrevia, é um município de 70 mil habitantes.
De Bamberg a Paranavaí
Enfermeiro da Segunda Guerra Mundial cumpriu missão e encontrou paz no Brasil
Depois de enfrentar as tragédias da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o padre e enfermeiro alemão Bonaventura Einberger veio a Paranavaí com a missão de construir um seminário em Graciosa, distrito de Paranavaí, no Noroeste do Paraná. Além de concluir o trabalho, adotou o Brasil como pátria e aqui viveu ao longo de 31 anos.
Em meados de 1953, o frei alemão Ulrico Göevert, que já vivia em Paranavaí, pediu para a Ordem dos Carmelitas na Alemanha enviar um padre apto a construir um seminário em Graciosa. “O frei Bonaventura mal chegou e já foi visitar propriedades nas imediações da igreja. Ali ele escolheu um sítio. No dia seguinte, começaram a derrubada da mata”, conta a pioneira Francisca Schiroff.
Entre o início da construção e a inauguração, passaram nove meses. A maior parte do investimento veio da Ordem dos Carmelitas da Alemanha. De acordo com Francisca, quase todos da comunidade ajudaram, mas o destaque maior foi o frei Bonaventura que viveu em função do Seminário Imaculada Conceição.
Antes de chegar a Graciosa, onde a quietude se contrastava apenas com o som preponderante da natureza, Einberger ainda mantinha fresca em suas lembranças os sons de bombas, metralhadoras e gritos exasperados, consequência de dores, na maioria das vezes, irremediáveis.
Tudo começou em meados da década de 1940, quando o frei Bonaventura foi convocado a compor um grupo de enfermeiros em um navio do Terceiro Reich. Segundo a pioneira, o padre cuidou de centenas de soldados alemães que se feriram na linha de frente.
A guerra fez com que Bonaventura Einberger perdesse o contato com os familiares, principalmente com os irmãos Otto Einberger, inspetor-chefe da SS (Schutzstaffel), unidade de elite da polícia nazista, e o caçula Heinrich Einberger, soldado do Exército alemão.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, Einberger desconhecia o paradeiro dos irmãos. “Otto, que tinha 38 anos, foi capturado pelo Exército soviético. Ele ficou oito meses em uma prisão russa próxima de Moscou, até que foi encontrado morto depois do fim da guerra”, revela Francisca, referindo-se ao fatídico dia 13 de outubro de 1945.
Bonaventura, inconformado com a morte do irmão, decidiu buscar o corpo para enterrá-lo em Bamberg, sua cidade natal. O corpo de Heinrich nunca foi encontrado e a única conjetura possível é a de que foi alvejado em um confronto terrestre com os soviéticos.
Em 1953, depois de perder os pais e os irmãos, surgiu uma oportunidade de deixar tudo para trás. Acompanhado pela cunhada e três sobrinhos, filhos do irmão Otto Einberger, o frei Bonaventura veio a Paranavaí. “Eles compraram um sítio de cinco alqueires aqui em Graciosa e fixaram residência, com exceção do frei que vivia no seminário”, garante Francisca.
Einberger era discreto e reservado
Quando chegou a Graciosa, o frei Bonaventura Einberger foi recebido por todos os moradores do distrito. “Ele falou muito obrigado em português”, relembra a pioneira Francisca Schiroff que durante décadas guardou um grande baú de madeira que pertenceu ao frei.
O objeto foi doado para a Fundação Cultural de Paranavaí e colocado em exposição no Museu Histórico de Paranavaí que funciona na Casa de Cultura Carlos Drummond de Andrade. “Ele trouxe grandes caixas de madeira. Veio com toda a mudança. A ideia dele já era se fixar aqui”, destaca Francisca.
Quando aprendeu a falar fluentemente em português, o frei Bonaventura visitou todas as capelas da região. “Ele ia a cavalo, não tinha pressa. Inclusive quando o animal ficava com fome e havia algo na beira da estrada, ele parava e deixava o cavalo comer. Tinha dó”, conta Francisca sorrindo. O equino foi o principal meio de transporte do frei durante sete anos, até que ganhou um jipe da Ordem dos Carmelitas.
Segundo a pioneira, Einberger era bastante amistoso e jamais teve qualquer tipo de inimizade. “Acho que todo mundo gostava dele justamente por não se envolver com política e assuntos familiares. Só ajudava quando lhe era solicitado, algo constante”, informa, referindo-se a uma época em que padre desempenhava papel de conselheiro.
No entanto, Bonaventura Einberger era bastante reservado e tímido. A pioneira conta que o padre era acanhado a ponto de evitar ser fotografado sozinho. “Me recordo também que festas para ele tinham de ser surpresa, do contrário, ele fugia”, enfatiza em tom de nostalgia.
Frei alemão adotou pátria brasileira
Quando, por curiosidade, questionavam o frei Bonaventura Einberger sobre as agruras vivenciadas durante a Segunda Guerra Mundial, a expressão do padre mudava na hora. Hesitante e apreensivo, se limitava a dizer que era algo horrível.
Einberger torcia para que qualquer guerra jamais chegasse ao Brasil, citando a experiência de ter visto tantas pessoas morrendo. “Falava também que viu muitas casas sendo bombardeadas, noite após noite”, reitera a pioneira Francisca Schiroff.
Quando o assunto era o Brasil ou nova pátria, como ele mesmo dizia, o frei Bonaventura, com um sorriso cândido e olhar profundo, afirmava que não errou em escolher um país que tem tudo para estar entre os melhores do mundo. “Dizia que aqui é muito bom para se viver. Era algo muito sincero, tanto que ele esteve com nós até o dia de sua morte”, lembra a pioneira Francisca Schiroff emocionada.
O frei Bonaventura Einberger faleceu em 14 de novembro de 1984, aos 80 anos, em decorrência de algumas complicações envolvendo rins, pulmão e coração. “Agradecemos por ele não ter ficado muito tempo acamado. Foi uma grande perda, ainda mais se tratando de uma pessoa que dedicou sua vida ao povo de Graciosa e de Paranavaí”, enfatiza Francisca.
Saiba Mais
O frei Bonaventura Einberger está enterrado na cripta da Igreja São Sebastião em Paranavaí.
Ele nasceu em Bamberg no dia 15 de fevereiro de 1904 e se tornou sacerdote em 29 de junho de 1929.
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