David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Archive for the ‘Veganismo’ tag

Página do Brooklyn está promovendo a alimentação vegetariana

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Página oferece muitas informações para quem quer começar a seguir uma dieta vegetariana

Iniciativa partiu do presidente do bairro, Eric Adams, que se tornou vegetariano em 2016 (Foto: Erica Sherman/Brooklyn Borough President’s Office

A página do bairro nova-iorquino do Brooklyn, nos Estados Unidos, está promovendo a alimentação vegetariana. A iniciativa partiu do presidente do bairro, Eric Adams, que adotou uma alimentação livre de alimentos de origem animal depois de ser diagnosticado com diabetes tipo 2 em 2016. Segundo o New York Times, uma boa dieta vegetariana permitiu que Adams perdesse quase 14 quilos e revertesse a sua diabetes.

O presidente do Brooklyn decidiu criar uma página para divulgar mais a alimentação vegetariana. Até então, a promoção do vegetarianismo era feita por ele no “boca a boca”, dialogando com os moradores do bairro sobre a sua própria história com o vegetarianismo e o quanto pode ser positivo não se alimentar de animais

Na página Plant-Based Nutrition, do site do Brooklyn, o leitor encontra links que oferecem guias com todas as informações para quem quer começar a seguir uma dieta vegetariana. Também sugere a leitura dos livros “Como Não Morrer”, do médico Michael Greger; “O Plano Garfos em Vez de Facas”, de Alona Pulde e Matthew Lederman; e “O Programa de Reversão de Diabetes do Dr. Neal Barnard”.

Além disso, disponibiliza o endereço de lojas e restaurantes vegetarianos e veganos no bairro. Também divulga eventos veganos e sugere aplicativos para vegetarianos e veganos que queiram conhecer as opções livres de exploração animal no Brooklyn.





Quando alguém fala que vegano tem que morar na floresta

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Written by David Arioch

June 20th, 2018 at 12:13 am

Justine Butler: “Por que o leite é uma questão feminista”

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“Ficamos indignadas com histórias de estupro e gravidez forçada, mas essas são práticas comuns na moderna pecuária leiteira”

Justine Butler defende que a vaca tem direito de não ser violada e isso deve ser respeitado (Foto: Jo-Anne McArthur/We Animals)

Pesquisadora e autora da organização Viva!, recentemente a bioquímica Justine Butler, que tem no currículo um doutorado em biologia molecular e a publicação de um relatório científico intitulado “White Lies”, que teve repercussão internacional pela abordagem dos efeitos dos laticínios na saúde humana, republicou o seu artigo “Why milk is a feminist issue” – sobre as razões pelas quais o leite é uma questão feminista.

Justine começa o artigo declarando que o feminismo combina uma gama de ideias que compartilham um objetivo comum – apoiar os direitos das mulheres: “Não foi antes de 1991 que a violação física dentro do casamento se tornou um crime. Antes disso, a lei sugeria que o casamento implicava consentimento para o sexo, e uma vez casada, uma mulher poderia ser considerada como propriedade do marido.”

De acordo com a autora, nos últimos cem anos as mulheres têm lutado arduamente pelo direito de controlar o que acontece com seus próprios corpos. “Ficamos indignadas com histórias de estupro e gravidez forçada, mas essas são práticas comuns na moderna pecuária leiteira. As vacas vivem essa realidade repetidas vezes, em escala industrial, e sem escolha.”

Justine Butler, que testemunhou várias fases do feminismo no Reino Unido e em outras partes do mundo, explica que o feminismo ocorreu em ondas – tendo as sufragistas como pioneiras: “A segunda fase ocorreu nos anos 1960 com o feminismo liberal. Uma terceira onda surgiu na década de 1980 com o ecofeminismo, que se identificou com a opressão dos animais criados para consumo. Na década de 1990, os vínculos entre o abuso de animais e a opressão das mulheres foram rebaixados e um feminismo pós-moderno emergiu, priorizando os seres humanos, com pouca preocupação em relação aos animais e ao meio ambiente. O feminismo centrado no ser humano passou a dominar o pensamento feminista no início dos anos 2000.”

Hoje a autora diz que as feministas devem se questionar se está tudo bem para os seres humanos controlarem violentamente o sistema reprodutivo de um animal enquanto se opõem fundamentalmente a um tratamento similar dispensado às mulheres: “Por que escolher a qual forma de opressão nos opomos? Esse tipo de distinção é chamada de ‘especismo’. Envolve a atribuição de diferentes valores morais ou direitos aos indivíduos com base em quais espécies eles pertencem. ‘Sou uma feminista vegana porque sou um animal entre muitos e não quero impor uma hierarquia de consumo a essa relação’”, defende, citando a autora Carol J. Adams.

Justine também parafraseia a ativista Alice Walker, que parte do princípio de que os animais existem por suas próprias razões: “Eles não foram feitos para os humanos, assim como pessoas negras não foram feitas para os brancos ou as mulheres para os homens.” A suposição de que os animais criados para consumo não sofrem quando mantidos em condições que não seriam toleradas pelos seres humanos tem como base a ideia de que eles são menos inteligentes do que os seres humanos, e não têm senso de si mesmos.

Porém, isso é evidentemente errado – garante Justine Butler, que cita o trabalho do professor John Webster, da Universidade de Bristol, que dedicou décadas estudando o comportamento de animais criados para consumo e refuta tal afirmação: “As pessoas assumiram que a inteligência está ligada a capacidade de sofrer e que, como os animais têm cérebros menores, eles sofrem menos que os humanos. Essa é uma lógica patética.”

Inúmeras pesquisas mostram claramente que vacas criam laços de amizade, guardam ressentimentos e são estimuladas por desafios intelectuais. E claro, são capazes de sentir fortes emoções, como dor, medo e ansiedade, assim como alegria. “Todos nós gostamos do sol nas nossas costas. Características semelhantes foram encontradas em porcos, cabras, galinhas e outros animais”, exemplifica a autora.

Não são poucos os cientistas que sugerem que os animais podem ser tão semelhantes aos seres humanos em alguns aspectos que as leis de bem-estar precisam ser urgentemente repensadas. Christine Nicol, professora de bem-estar animal na Universidade de Bristol, reconhece que muitos animais não humanos têm notáveis ​​habilidades cognitivas e de inovação cultural.

“A imagem bucólica de uma vaca e seu bezerro em um ambiente pastoral é um mito. As vacas não produzem constantemente leite, e como nós, só o fazem depois de uma gravidez e um parto de nove meses. Uma vaca leiteira moderna será confinada e obrigada a engravidar logo após o seu primeiro aniversário, usando um aparelho de contenção denominado rape rack [em que uma vaca é imobilizada e inseminada]“, relata Justine.

Após dar à luz, a vaca amamentaria o bezerro por até um ano, mas na pecuária leiteira é comum a separação em um ou dois dias. “Bezerros machos são subprodutos indesejáveis, ​​e todos os anos, no Reino Unido, 100 mil ou mais são abatidos, enquanto outros são vendidos para a produção de carne de vitela”, informa a autora, acrescentando que a imensa demanda física leva à infertilidade e infecções graves (mastite e laminite), reduzindo produtividade e expectativa de vida. Nesse sistema, um animal que poderia viver naturalmente pelo menos 20 anos, é morto com não mais do que seis anos.

Justine Butler não considera um exagero dizer que o leite é produto do estupro, sequestro, tortura e assassinato, considerando que as vontades e os anseios da vaca são completamente desconsiderados:

“Atos de violência sexual ou atividade sexual forçada com animais geram repulsa na maioria das pessoas. Então, por que fechamos os olhos para esse tratamento dado às vacas leiteiras? O leite é o produto da exploração das capacidades reprodutivas de um corpo feminino. Considerar isso uma questão feminista não é radical, mas uma posição política totalmente defensável. As vacas compartilham conosco a arquitetura básica do cérebro responsável pela emoção. As vacas mães se sentem extremamente angustiadas quando as suas crias são tiradas delas – elas choram e berram. Elas ainda estão de luto quando a máquina de ordenha suga o leite de seus úberes. Um torturante ciclo de tormento físico e emocional é imposto sobre elas até sucumbirem. O leite vem de uma mãe enlutada e isso é uma questão feminista.”

Referência

Butler, Justine. Why milk is a feminist issue (2015).

 

 





Café vegano chama a atenção ao lado de um açougue no Canadá

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Shirley: “As pessoas nos diziam: ‘Você vai ser vegetariano em Calgary? Você nunca vai conseguir!”

O açougueiro John Wilbourg se tornou um dos clientes do café vegano (Foto: Reprodução)

Um fato chama a atenção em Calgary, no Canadá. Desde o ano passado, um café vegano tem despontado em uma área de açougues. O Hearts Choices foi fundado pelo casal Eahly Shirley e Nan Thammanatr, que deixou Vancouver para fixar residência em Calgary, onde o consumo de carne é considerado mais elevado do que em outras grandes cidades do Canadá.

Em entrevista ao CBC News, Shriley contou que assim que chegaram a Calgary eles perceberam que havia poucas opções vegetarianas: “As pessoas nos diziam: ‘Você vai ser vegetariano em Calgary? Você nunca vai conseguir!” Ainda assim o casal aceitou o desafio de promover o vegetarianismo e o veganismo em meio a uma forte cultura cowboy.

“Estávamos andando um dia pelo mercado de agricultores de Calgary e vimos um pequeno estande de 10×10 vazio. Então pensamos: “Ei, talvez poderíamos começar um negócio aqui vendendo produtos vegetarianos.’ E foi assim que começamos, com um minúsculo freezer e um pequeno estande, lucrando, por exemplo, 30 a 40 dólares por dia”, relatou Eahly Shirley que, assim como a esposa, é vegano.

Em 2017, o café Hearts Choices foi instalado ao lado do açougue Master Meats, onde pouco tempo depois um episódio se tornou inesquecível – o carro “veggie” do café se chocou acidentalmente contra o carro do açougue. Os clientes aproveitaram para tratar o incidente como um conflito entre bacon x facon e bisteca x tofu.

Apesar de tudo, o relacionamento entre os proprietários do café e John Wildenbourg, o proprietário do açougue que tem uma filha vegetariana, é bem amigável. Inclusive o açougueiro é cliente da cafeteria vegana. Pelo menos seis opções do cardápio estão entre os seus alimentos preferidos na atualidade – com destaque para as “asinhas de couve-flor”. Além disso, o Hearts Choices já não é mais visto como um estranho no ninho. O negócio cresceu e o casal possui mais dois empreendimentos veganos em Calgary.





Written by David Arioch

June 19th, 2018 at 3:30 pm

Natalie Portman: “Eu não como animais”

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A atriz se tornou vegetariana aos nove anos e vegana há sete anos

Natalie sobre o consumo de animais: “É a fonte número um de poluição, superando carros ou qualquer outra coisa” (Foto: Reprodução)

Na semana passada, a atriz e produtora Natalie Portman, que recentemente lançou o documentário “Eating Animals”, inspirado no livro homônimo de Jonathan Safran Foer, participou do The Late Show with Stephen Colbert.

Depois de comentar que ela agora tem um documentário chamado “Eating Animals”, Colbert a questionou se ela não se alimenta de animais: “Eu não como animais”, respondeu Natalie Portman, acrescentando que se tornou vegetariana aos nove anos e vegana há sete anos.

Colbert admitiu que experimentou uma dieta completamente livre de alimentos de origem animal por sete meses. “Nada que tivesse olhos passou pelos meus lábios. Nada com casco, penas, escamas; sem leite, sem laticínios ou qualquer coisa parecida por sete meses” revelou. O apresentador, que acabou cedendo, relatou que está tentando ser vegano novamente.

Sobre “Eating Animals”, que no Brasil deve receber o título de “Comer Animais”, assim como o livro, Natalie explicou que o documentário todo é voltado para a discussão sobre a agropecuária industrial, que representa 99% de todos os animais criados para consumo nos Estados Unidos, incluindo carnes, ovos e laticínios.

“É a fonte número um de poluição, superando carros ou qualquer outra coisa”, afirmou. Quando começaram a falar sobre “carnes mais sustentáveis”, proveniente de pequenos criadores de animais, Natalie Portman argumentou que, embora pequenas propriedades sejam melhores para o meio ambiente, elas não têm condições de sustentar a demanda dos consumidores por produtos de origem animal – o que indica que a abstenção desse consumo é o melhor caminho.





Maratonista vegana bate recorde na Noruega

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Fiona Oakes tem um santuário para animais em Tower Hill Stables, no Reino Unido

Fiona correu na Maratona de Tromso, na Noruega, com uma fantasia de vaca, visando conscientizar as pessoas sobre a realidade das vacas leiteiras (Foto: Reprodução)

Na semana passada, a maratonista vegana Fiona Oakes bateu o recorde de mulher mais rápida a completar uma meia maratona vestindo uma fantasia. O Guinness, Livro dos Recordes, reconheceu que Fiona, que completou o trajeto em uma hora e 32 minutos, superou em 14 minutos o recorde anterior.

Oakes correu na Maratona de Tromso, na Noruega, com uma fantasia de vaca, visando conscientizar as pessoas sobre a realidade das vacas leiteiras, que depois de uma vida de exploração são mortas e reduzidas a pedaços de carne, além de serem precocemente separadas de seus filhos.

O recorde surpreendeu, principalmente pelo fato de que a prova iniciada às 22h30 foi dificultada pela chuva e por ventos de até 32 quilômetros por hora. Em entrevista ao Great Vegan Athletes, Fiona explicou que a Meia Maratona de Tromso serviu como uma preparação para uma ultramaratona de 250 quilômetros – o que inclui percorrer quatro áreas de deserto.

“A roupa de vaca funcionava como uma pipa em alguns pontos, e fiquei com medo de ser levada para o Oceano Ártico e acabar sendo o café da manhã do urso polar”, disse em tom bem-humorado. A resistência de Fiona Oakes também surpreendeu porque ela teve de suportar o peso de uma fantasia de vaca encharcada e extremamente gelada.

“Isso me atrapalhou consideravelmente e foi muito desconfortável, mas não tão ruim quanto é para tantos animais, humanos e não humanos, que sofrem a cada dia de suas terríveis existências”, enfatiza. Fiona, que possui um santuário para animais no Reino Unido, recentemente comprou mais terras para ampliá-lo.





Um dos restaurantes mais requintados de Londres está em transição para o veganismo

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Alex Gauthier, que hoje é um defensor do veganismo, garante que em até dois anos o cardápio do Gauthier Soho será totalmente vegano (Foto: Reprodução)

O chef Alex Gauthier, proprietário de um dos restaurantes mais requintados de Londres, o Gauthier Soho, de alta gastronomia francesa, há cinco anos servia mais de 20 quilos de foie gras por semana.

Porém, em 2015, ativistas dos direitos animais começaram a protestar contra o seu restaurante, que financiava a cruel realidade vivida pelos gansos, que são forçados a se alimentarem até seus fígados dilatarem.

Então Alex Gauthier refletiu pela primeira vez sobre o sofrimento dos animais e perguntou se aquilo realmente estava certo e se era o que ele queria continuar fazendo. Sem cogitar outra possibilidade, decidiu começar a abolir os alimentos de origem animal do menu do restaurante. Hoje, além de não oferecer mais o foie gras, 75% do cardápio do Gauthier Soho é livre de ingredientes de origem animal.

No restaurante há também um cardápio diferenciado e especial para veganos, que tem inclusive se popularizado em Londres. Alex Gauthier, que já não come mais nada de origem animal e hoje é um defensor do veganismo, garante que em até dois anos o cardápio do Gauthier Soho será totalmente vegano.

 

 





Written by David Arioch

June 18th, 2018 at 7:22 pm

Avenida Paulista vai ser cenário do Encontro Vegano Junino no domingo

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O evento vai ser realizado das 12h às 20h nos Salões Gran Real e Nobre do Clube Homs

Encontro Vegano vai oferecer uma grande diversidade de opções alimentícias (Fotos: Divulgação)

No próximo domingo, 24, vai ser realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, das 12h às 20h, o Encontro Vegano Junino JMA J’adore mes amis. Realizado nos Salões Gran Real e Nobre do Clube Homs, o evento oferece em 1500 metros quadrados uma grande diversidade de alimentos tipicamente juninos – como bolo de milho, canjica, buraco quente, pamonha, feijão tropeiro, além de muitas outras opções de lanches, refeições, bebidas e sobremesas. Quem chegar às 10h, pode participar das atividades de yoga e meditação.

Além das opções alimentícias, o Encontro Vegano Junino vai contar com expositores comercializando vestuários, calçados, cosméticos, artesanatos e acessórios – tudo isento de exploração animal. Outro atrativo é que a Econudo estará no local com suas peças em inox reutilizáveis, acompanhando a tendência da abolição dos canudos de plástico.

Este ano o Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (UN Environment) elegeu como tema principal o combate à poluição plástica, e cada vez mais a população mundial está se conscientizando sobre a quantidade desnecessária de lixo produzido pela humanidade, gerando impacto negativo no planeta e na vida dos animais – que acabam ingerindo acidentalmente esses produtos que não são biodegradáveis. Como os canudos comuns não são reciclados, o Encontro Vegano JMA o baniu das últimas edições.

Em 2018, o Encontro Vegano JMA completa quatro anos. Aberto gratuitamente ao público, já recebeu cerca de 80 mil visitantes e contou com mais de 500 empreendedores, tornando-se referência no veganismo em acessibilidade. Nos encontros, o público tem uma prova de que é possível um estilo de vida baseado na ética e respeito aos animais, aos humanos e ao planeta.

Acompanhando o crescimento do veganismo no Brasil e no mundo, o evento reúne na curadoria expositores qualificados em bens e serviços veganos, ou seja, baseados em ingredientes e matéria-prima sem origem animal e também não testados em animais. O espaço sempre conta com abertura antecipada para a atividade de yoga e meditação, e presença de ONGs e protetores de animais independentes que recebem doações de ração, medicamentos, fraldas, jornais, tapetes higiênicos, cobertores e outros itens para ajudá-los nos resgates.

Serviço

Encontro Vegano JMA

Entrada gratuita

Av. Paulista, 735 –  Salões Gran Real e Nobre do Clube Homs –  São Paulo

Próximo ao metrô Brigadeiro

12h às 20h – Yoga e meditação às 10h

Acessibilidade com elevador

A maioria dos expositores aceita cartão





Written by David Arioch

June 18th, 2018 at 2:41 pm

Veganismo não é sobre perfeição ou pureza

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Documentário “Comer Animais” é lançado hoje nos Estados Unidos

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“De onde vêm os nossos ovos, laticínios e carnes?” 

Documentário discute principalmente a realidade da criação de animais em regime industrial (Arte: Divulgação)

O terceiro livro de Jonathan Safran Foer, “Eating Animals”, de 2009, que foi lançado no Brasil com o título “Comer Animais”, foi transformado em um documentário e lançado hoje nos Estados Unidos. Com direção e roteiro de Christopher Dillon Quinn e narração da atriz Natalie Portman, o filme é definido pela equipe de produção como “a história do início do fim da produção industrial”, e começa com a seguinte pergunta: “De onde vêm os nossos ovos, laticínios e carnes?

O filme traz argumentos contra a pecuária industrial e mostra imagens em que os animais são criados em pequenas, médias e grandes propriedades. Embora seja aberto a diferentes pontos de vista, o documentário é apontado como complacente com pequenos criadores de animais, já que a crítica se volta mais para a realidade da criação de animais em regime industrial, o que pode soar um tanto quanto problemático se você defende o veganismo abolicionista, não o reducionismo ou utilitarismo.

Porém, “Comer Animais” também deixa claro que apenas 1% dos animais criados para consumo na atualidade, pelo menos nos Estados Unidos, representam uma realidade diferente, “violenta, mas não tanto quanto a industrial”. Porém, denuncia que os outros 99% estão inseridos em uma realidade de confinamento que pode ser descrita como o holocausto animal.

O jornalista Ben Kenigsberg, do New York Times, assistiu ao documentário antes do lançamento e relatou que passou as últimas 36 horas pós-filme com dificuldade para consumir carne. Porém, como “Comer Animais” não aborda os animais que vivem no oceano, ele conseguiu comer um pouco de salmão defumado.

Na perspectiva de Kenigsberg, o filme convence reunindo uma mixórdia de filosofia, principalmente epistemologia, e economia. “As fazendas industriais podem permitir que mais pessoas sejam alimentadas, mas seus efeitos ambientais invalidam a sua eficiência. O filme nem sequer defende o vegetarianismo, mas parece impossível sair disso sem querer saber mais de onde vem a sua carne”, avalia o jornalista.

Outros espectadores compararam o filme, inspirado no livro homônimo de Jonathan Safran Foer, com documentários como “Food Inc.” de Robert Kenner, e livros como “O Dilema do Onívoro”, de Michael Pollan. Alguns veganos que assistiram ao filme o classificaram como uma oportunidade perdida de abordar o assunto de forma mais abrangente, inclusive discutindo o veganismo na atualidade e suas possíveis contribuições futuras. Como disse Safran Foer, a interpretação é livre. Então assista e tire suas próprias conclusões.