David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Archive for the ‘estudantes’ tag

Quando você recebe uma notícia mais do que boa

without comments

Conversando com crianças e pré-adolescentes sobre veganismo

without comments

A convite da professora Rosana Martineli, fui hoje à Escola Estadual Curitiba conversar com crianças e pré-adolescentes sobre história, contos e veganismo. Mais uma vez, uma experiência muito legal. Em um determinado momento, depois de eu falar um pouquinho sobre o que é ser vegano, e por iniciativa dos próprios alunos que tinham muita curiosidade em relação ao tema, um deles me perguntou:

— Mas você não precisa de carne?

— Será? Olhando pra mim, você acha que eu preciso de carne?

Muitos alunos riram.

— Não…humm…vou parar de comer carne também.

Em outro momento, outro aluno me perguntou o que eu faria se estivesse em uma ilha e precisasse comer um animal para sobreviver.

— Bom, acredito que isso não é algo que aconteceria facilmente, mas hipoteticamente se estou em uma ilha, e se nessa ilha há arvores, eu provavelmente recorreria em primeiro lugar aos frutos dessas árvores. Além disso, não há garantia nenhuma de que esse suposto animal seja o meu alimento, e não eu o alimento dele caso ele seja carnívoro. Por quê? Não tenho dúvida nenhuma de que as habilidades naturais de caça de um animal selvagem são muito superiores à humana. Afinal, o ser humano só é bom caçador quando está bem munido para a caça, ou seja, com armas em punho, e preparando-se para atingir um animal de forma traiçoeira, às escondidas, não é mesmo? Eu particularmente desconheço um ser humano que enfrente um animal selvagem com os próprios braços e de frente. Acho que há várias possibilidades que não podem ser descartadas. Mas é importante entender também que veganismo não é baseado em improbabilidades, no que é vagamente possível. É sobre eu fazer o possível para não tomar parte na exploração, na violência contra animais. Quero viver, certo? Eles também querem. Sigo esse caminho de reconhecer que eles também têm esse direito, e por isso não me alimento deles, assim como tenho a preocupação de não usar nada de origem animal.





Estudantes de Santa Maria de Jetibá: “Os animais são seres tão amáveis, e nenhum deles merece ser maltratado”

without comments

“Esse trabalho [de conscientização sobre a exploração animal], acaba impactando as famílias, porque os familiares acabam se envolvendo e o assunto é socializado”

Algumas das cartas que recebi dos mais de 20 estudantes de Santa Maria de Jetibá (Foto: David Arioch)

O escritor e professor Antonio Neto, de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, realizou um longo trabalho de conscientização sobre a exploração animal com mais de 20 estudantes do 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio São Luís. Depois de estudarem o tema, os alunos foram convidados a se corresponder com um ativista dos direitos animais. Para a minha surpresa, recebi o convite para manter contato por carta com dezenas de estudantes que agora têm uma noção de como a humanidade é injusta no tratamento dispensado aos animais.

Em uma das cartas, eles falam sobre a crueldade envolvida na produção da carne de vitela, que só é possível a partir da morte de um bezerro de mais ou menos quatro meses. “A vitela é a carne do bezerro macia, branca e gostosa. Isso é o que todo mundo pensa dela antes de descobrir sua origem. Assim que o bezerro macho nasce, ele já é tirado de sua mãe, que fica mugindo por suas crias durante semanas. Os filhotes são colocados em pequenos estábulos, podendo apenas mexer a cabeça, para assim não criarem músculos e a carne ficar macia. Como se não bastasse, ficam 22 horas por dia sem ver a luz, na tentativa do animal não entrar em desespero e criar úlceras. O ferro é removido de sua alimentação, deixando os bezerros anêmicos. Com quatro meses de vida, mais ou menos, são abatidos sem nunca terem visto a luz do sol. Ficamos indignados com todo esse sofrimento dos bezerros, ainda mais que não é por necessidade, mas sim por capricho das pessoas. Isso tem que parar! Os animais são seres tão amáveis, e nenhum tipo deles merece ser maltratado.”

Os estudantes demonstraram indignação e surpresa ao saber que existe uma suposta iguaria nominada foie gras que é resultado do sofrimento extremo do híbrido pato Mulard. “Aprendemos que o foie gras não passa de um patê gorduroso, feito no fígado do pato ou dos gansos, e que é muito consumido na França. Tudo começou quando os criadores cruzaram o pato-de-pequim e o marreco, nascendo assim o pato Mulard, os pequenos sofredores. São criados em dias, soltos e comem apenas milho. Depois de um longo período, são colocados em pequenas gaiolas, onde só conseguem mover a cabeça. Engaiolados, são forçados a comer mais do que o normal. Na sua garganta, é posto um enorme tubo, que vai ao encontro do seu estômago, e ali é onde é despejada a alimentação. O pato fica nesse tormento por três a quatro meses, e o seu fígado é obrigado a crescer doze vezes mais do que o normal. Na nossa opinião, quem pratica esse ato deveria ser preso por praticar essa crueldade com animais tão inocentes, que nem sequer conseguem se proteger ou expressar a dor que sentem ao passar por esse processo.”

O consumo de carne de cachorro na China, que é comparado ao tradicional hábito ocidental de consumir carne de animais como bovinos, suínos, caprinos, aves e peixes, também foi reprovado. “Na cultura oriental, eles acreditam que quanto mais o cachorro sofre, mais a carne fica macia e gostosa para o paladar chinês. Não concordo porque o cachorro é pra gente dar carinho. Tenho dois cachorros que são da raça pastor alemão.”

Os alunos também ficaram revoltados ao saber que o romantismo em torno das roupas e calçados baseados em peles de animais vela uma realidade nada agradável.  “Percebemos que o comércio de peles é uma crueldade com os animais. Eles tiram as peles dos animais vivos e depois os matam. Algumas cenas são muito fortes. A maioria da sala achou isso muito errado. Eles morrem sozinhos. O que traz felicidade para as pessoas pode levar sofrimento para os outros. Uma coisa é você ver animais livres na floresta, e outra é você ver animais sendo torturados por pessoas, e isso tudo só para pegar peles e deixar pessoas ricas e felizes.”

Os estudantes que participaram do projeto se manifestaram contra a tourada, a considerando uma prática extremamente violenta, cruel e desnecessária. “A tourada é um ‘esporte’ da Espanha e do México. Porém, esse esporte maltrata muito os touros. O toureiro ataque ele com uma lança nas costas, fazendo o touro perder muitos litros de sangue. Achamos esse ‘esporte’ uma brutalidade, uma falta de respeito com os animais. Pode até ser a alegria de muitas pessoas, mas é uma tristeza muito grande para os animais.”

Sobre lutas de animais incentivadas por seres humanos, como as rinhas, também não deram outro parecer que não fosse o de contrariedade: “Eu acho isso errado, ficar treinando animais para brigar. Eu acho errado animais, não são para isso, animais são para cuidar, não para ser criado para matar uns aos outros.”

O trabalho sobre a exploração animal coordenado pelo professor e escritor Antonio Neto faz parte do projeto de incentivo à leitura e à escrita “Descobrindo o Ato de Ler o Mundo”. “Propus alguns temas que abordam a crueldade que a humanidade comete contra os animais, como touradas, rinhas, comércio de pele, produção de foie gras e vitela. A turma, a maioria, não tinha conhecimento dessas práticas controversas. Os temas foram sorteados entre os grupos. Cada grupo fez a pesquisa, estudou sobre o tema e fez uma apresentação em PowerPoint em sala de aula. Depois, trabalhei com eles os gêneros textuais carta e cartão”, informa Neto.

O objetivo do trabalho foi despertar a criticidade dos estudantes em relação à normalização da crueldade. No geral, o trabalho trimestral teve e tem grande impacto na vida dos estudantes, que desde o início começaram a se questionar sobre a naturalização de hábitos que custam sofrimento a outros seres vivos. De acordo com o professor, os alunos ficaram chocados e rejeitaram fortemente a exploração animal em muitos aspectos. “As reações foram de repúdio, asco e profundo desacordo. Esse trabalho, na sua execução, acaba impactando as famílias, porque os familiares acabam se envolvendo e o assunto é socializado”, declara.

Como fui escolhido para participar desse projeto como ativista dos direitos animais, agradeço a confiança do professor e escritor Antonio Neto e dos estudantes Higor Koeler, Igor Gonçalves, Jackson Ismeuriky Pintkowsky, Júlia Albertino dos Santos, Kamila Pissigatti Augustinho, Larissa Miguel Usberti, Lenderson Lucas Daróz, Lilian Julia Berger Wutke, Luiza Herzog Tirola, Marcos Antonio de Souza, Mateus Cezar Rodrigues, Matheus Henrique F. Dettmann, Micaela Kuster, Mikael Linkow Graunke, Naely Berger Uhlig, Railane Cristine Trabach, Rodolfo Henrique Erdmann, Thiago Besserte Schwanz, Vanessa Knaak, Walace Amorim Ferreira e Webester Storch.

“As cartas foram enviadas para você para que o estudo dos gêneros carta e cartão ocorressem numa situação real. Escolhi você por causa do seu ativismo em prol dos animais. A ideia é que os estudantes compartilhem suas impressões com uma pessoa de fora do nosso meio, da nossa cidade. Sabendo do seu blog, alguns estudantes pediram que você denuncie as atrocidades que eles descobriram. Já que os animais não têm voz, sejamos nós as vozes deles”, justificou Antonio Neto.

Saiba Mais

O projeto foi realizado em São Luís, zona rural de Santa Maria de Jetibá.

Santa Maria de Jetibá fica na Mesorregião Central Espírito-Santense e conta com pouco mais de 38 mil habitantes.

Contribuição

Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:





Cartas que recebi de estudantes sobre a exploração animal

without comments

Foto: David Arioch

Na foto, algumas das cartas que recebi de mais de 20 estudantes da área rural de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo. Fui escolhido como ativista para me corresponder com eles sobre a realidade da exploração animal. Ainda não li todas, mas já me surpreendi com a sensibilidade e inocência deles. É uma honra participar desse projeto a convite do professor e escritor Antonio Neto. No decorrer da semana vou produzir e publicar um texto sobre isso em meu blog.





Um convite animador

without comments

Eles vão enviar cartas para um ativista para relatar esse trabalho (Foto: Reprodução)

Um amigo que é escritor e professor no Espírito Santo entrou em contato comigo me contando que vai fazer um trabalho com estudantes de 13 a 16 anos sobre hábitos e práticas que tratam os animais com crueldade. Depois disso, eles vão enviar cartas para um ativista para relatar esse trabalho e o que eles aprenderam com isso. Eu fui escolhido para me corresponder com essa garotada. São alunos da zona rural de uma cidade pequena, e muitos deles ainda preservam um espírito infantil e inocente, segundo o meu amigo. Fiquei feliz com isso.





Estudantes abrem cafeteria vegana em universidade palestina

without comments

CyLfvUOXUAAnXK0

Cafeteria usa a alimentação como forma de conscientização (Foto: Liga Animal Palestina)

Em outubro do ano passado, foi inaugurada na Universidade de Al Quds, em Jerusalém, na Palestina, a Sudfeh – a primeira cafeteria e restaurante universitário vegano do mundo árabe. Logo no primeiro mês, a Liga Animal Palestina (PAL), formada principalmente por estudantes, comercializou 1,6 mil refeições veganas.

Embora tivessem receio de que a aceitação não fosse muito boa, eles se surpreenderam com a receptividade positiva, inclusive por parte de quem não é vegano nem vegetariano. Claro, reflexo de um bom trabalho que envolve a oferta de alimentos frescos da cozinha palestina, que já possui muitos pratos sem ingredientes de origem animal, e outros que não são difíceis de “veganizar”.

Entre os pratos oferecidos aos estudantes estão húmus, feijões, sopas, folhas de videira recheadas, falafel e maqluba – a paella palestina. Ou seja, alguns dos alimentos mais tradicionais da culinária árabe. Muitos dos estudantes que passaram pelo Sudfeh pelo menos uma vez estão retornando. E a boa qualidade da comida é atribuída ao chefe Anan e sua equipe.

Os fundadores da cafeteria idealizada pela PAL investiram o equivalente a pouco mais de R$ 38 mil, e o dinheiro foi arrecadado através de doações de 200 pessoas e organizações, incluindo a Vegan Society, da Inglaterra, via projeto de financiamento coletivo. O nome Sudfeh é uma referência ao bom acaso do surgimento do empreendimento, que faz referência à sorte, esperança e à satisfação de estar no local certo no momento certo.

Além de administrar a cafeteria que oferece opções para mais de 13 mil estudantes na Universidade Al Quds, a PAL é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo conscientizar os estudantes da Universidade Al Qds sobre os benefícios da alimentação vegana para a saúde, além dos direitos animais.

Os lucros da cafeteria que surgiu graças ao empenho de um grupo de estudantes palestinos vão ser destinados a financiar projetos de proteção animal e bolsas de estudos para estudantes de baixa renda. Por enquanto, algumas prioridades são as castrações de cães de rua e um programa para melhorar a vida de cavalos e burros.

Quem não pode ir à Palestina, pode conhecer o sabor da cafeteria Sudfeh por meio de um livro de receitas que eles disponibilizaram para download:

https://pal.ps/wp-content/uploads/2016/09/Sudfeh-Cookbook-1st-Edition-ilovepdf-compressed-2.pdf

Referências

https://pal.ps/en/sudfeh/

https://www.vegansociety.com/whats-new/news/vegan-society-helps-fund-first-vegan-cafe-palestine

Contribuição

Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:





O exemplo do Centro de Educação Infantil Santa Terezinha do Menino Jesus

without comments

img_20161130_191519853

Persil com alguns dos estudantes do Centro de Educação Infantil (Foto: David Arioch)

Estive ontem no Centro de Educação Infantil Santa Terezinha do Menino Jesus, em frente à Unipar, no Jardim Santos Dumont, em Paranavaí. Eles estão fazendo um lindo trabalho de despertar em crianças de um a cinco anos o interesse pela arte.

O projeto é baseado em pinturas, esculturas e desenhos do meu amigo e artista plástico Roberto Persil, referência em artes plásticas no Paraná, que inclusive tem acompanhado todo o processo e segue interagindo com as crianças. É incrível ver uma criança de dois anos falando sobre arte, empolgada e com os olhos brilhando. Isso me faz acreditar cada vez mais em um futuro melhor. Quantas crianças se preparando para se tornarem grandes seres humanos. Me anima ver essa educação pautada no ser humano, na interação humana.

 

Minhas reportagens em projeto de incentivo à leitura

without comments

prostitution03-horz

Inclusão das reportagens no projeto foi feita pelo escritor e professor Antonio Neto (Fotos: Reprodução)

Ontem, fiquei muito feliz ao saber que as minhas reportagens “Sou prostituta sim, acompanhante não” e “Latinha, infância fragmentada pelo crack?” estão sendo usadas no projeto Descobrindo o Ato de Ler o Mundo, de incentivo à leitura, de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, por sugestão do professor e escritor Antonio Neto. O trabalho é desenvolvido com estudantes do último ano do Ensino Médio. Incrível como a textualidade é capaz de transpor fronteiras. Em breve sai reportagem sobre o assunto no meu blog.

As duas reportagens estão nos links abaixo:

//davidarioch.com/2013/02/07/sou-prostituta-sim-acompanhante-nao/

//davidarioch.com/2011/07/13/latinha-infancia-fragmentada-pelo-crack/

Educação sem competição

without comments

Estudantes não são avaliados com base em notas (Foto: Divulgação)

Estudantes não são avaliados com base em notas (Foto: Divulgação)

Uma das características mais marcantes do sistema educacional finlandês é o alto grau de autonomia das escolas e dos professores.

Não há avaliação padrão obrigatória para os alunos, a não ser um único teste de língua, matemática e ciências naturais ao final do ensino secundário – quando os alunos têm entre 17 e 19 anos.

No dia a dia, os professores não avaliam os alunos por notas, e sim por critérios descritivos, evitando comparações entre eles. Em síntese, o foco não é o desempenho em situações específicas, mas o aprendizado em geral.

Acesse: http://www.oph.fi/english/education_system

Written by David Arioch

January 27th, 2016 at 12:18 am

“De gente importante, quem você entrevistou?”

without comments

Meu gravador Zoom H1, companheiro de longa data (Foto: Reprodução)

Meu gravador Zoom H1, companheiro de longa data (Foto: Reprodução)

Nesses dez anos trabalhando como jornalista, fui convidado algumas vezes para conversar com estudantes em escolas. Um dia, há alguns anos, quando uma professora abriu espaço para os alunos fazerem perguntas, uma garotinha com idade entre 13 e 14 anos questionou o seguinte:

“Quais pessoas você gostou mais de entrevistar? De gente importante, quem você entrevistou?” Eu, como alguém que tenta sempre andar na contramão da obviedade, dei uma resposta pouco usual, mas que repito sempre que necessário: “Olha, você seria uma pessoa importante pra eu entrevistar. Todo mundo aqui tem potencial pra render boas matérias. Meus melhores personagens, os mais importantes, são aqueles que ninguém imagina que vale ou rende uma matéria. Na minha profissão, gratificante é transformar em personagem alguém que nunca se viu como um.”

Contribuição

Este é um blog independente, caso queira contribuir com o meu trabalho, você pode fazer uma doação clicando no botão doar:





Written by David Arioch

January 17th, 2016 at 5:12 pm