David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Archive for March, 2017

Kid Rock, matando animais por diversão

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Kid Rock com o puma que ele matou em 2015

Em 1998, vi um cara na MTV cantando uma música chamada “Cowboy”. Seu nome? Kid Rock. Nunca gostei muito da sua música, mas creio que sua popularidade começou naquele ano. O que eu não sabia até recentemente, mas que não me surpreendeu tanto, é que ele gosta de caçar, e inclusive paga por isso. Em uma das fotos publicadas pelo próprio músico, ele aparece com um puma que matou apenas por diversão. Kid Rock já saiu algumas vezes em caçadas com Ted Nugent, que também se orgulha de seus feitos e os publica na internet.





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March 28th, 2017 at 7:21 pm

R. Lee Ermey, nascido para matar?

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Foto que R. Lee Ermey publicou em sua página no Facebook em 2014

Nas primeiras cenas de Full Metal Jacket (Nascidos Para Matar), do mestre Stanley Kubrick, dezenas de jovens estão em um campo de treinamento onde se submetem aos mandos e desmandos do sargento Hartmann (R. Lee Ermey). Embrutecido pelo meio, a expressividade do personagem é assombrosa. Politicamente incorreto, o sargento traça comparativos entre fuzileiros navais e criminosos, deixando transparecer a ideia de que um bom soldado sempre está apto a matar alguém com naturalidade, assim como um assassino.

Carrasco incondicional, Hartmann escolhe o jovem Gomer Pyle (Vincent D’Onofrio) como vítima logo no início do filme. Gordinho, o rapaz é estigmatizado como símbolo do fracasso em um universo onde a boa forma é enaltecida. As frases ofensivas do verborrágico sargento percorrem os tímpanos de Pyle com a rispidez de uma lâmina. Aos poucos, o jovem tenta se moldar de acordo com o ambiente e a necessidade de sobrevivência. E mais, sofre uma lavagem cerebral tão truculenta que a sensibilidade desaparece e dá vazão a um hermético comportamento psicopata.

Quando assisti ao clássico de Kubrick, imaginei que aquele comportamento do sargento Hartmann, enaltecendo a violência, fosse somente parte de um personagem. Anos depois, descobri que não. O ator que o interpreta, R. Lee Ermey realmente gosta de violência, mas contra animais não humanos. É possível encontrar muitas fotos dele na internet caçando animais selvagens simplesmente por diversão.

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Written by David Arioch

March 28th, 2017 at 7:08 pm

Pizzaria inaugura bar vegano com temática heavy metal em Toronto

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Pizzaria foi eleita a melhor de Toronto em 2016 (Foto: Apiecalypse Now)

A pizzaria vegana Apiecalypse Now!, em Toronto, no Canadá, anunciou na semana passada a inauguração do FuBar – um bar vegano com temática heavy metal que oferece cerveja, comida e coquetéis – tudo sem qualquer ingrediente de origem animal.

Famosa por oferecer pizzas como a “Pig Destroyer Destroyer”, baseada em cinco tipos de carne falsa e dois tipos de queijo vegetal, e com direito a um pentagrama feito com molho picante, a Apiecalypse Now! decidiu levar a combinação veganismo e heavy metal a outro nível com a abertura do FuBar.

Levando em conta que a popularidade e prestígio da pizzaria cresce a cada ano, a novidade já agradou. Em 2016, a Apiecalypse Now! foi eleita a melhor pizzaria de Toronto pelos leitores da revista Now, deixando para trás pizzarias tradicionais que não são veganas nem vegetarianas.

Sem dúvida, uma conquista que motivou ainda mais a expansão dos negócios, e a abertura do FuBar. A proposta da Apiecalypse Now! é ampliar o cardápio de acordo com a demanda e, claro, cativar cada vez mais quem vê o veganismo e o heavy metal como uma boa combinação.

Saiba Mais

O FuBar fica na Bloor Street West, número 735.

Referência

http://www.apiecalypsenow.com/

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Written by David Arioch

March 28th, 2017 at 1:19 pm

Mille Petrozza, um vegano no cenário mundial do thrash metal

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“Há um movimento veggie no metal hoje em dia e está ficando maior”

“Piadas idiotas, sexismo, bifes e barbecue – o tratamento completo. Tento evitar esse tipo de companhia” (Foto: Reprodução)

Vocalista e guitarrista de uma das maiores bandas de thrash metal da Europa, o alemão Mille Petrozza leva uma vida pacata e caseira quando não está excursionando com o Kreator. Ele fala com orgulho do dia em que preparou um seitan schnitzel para os seus pais. Eles aprovaram e admitiram que não perceberam que não havia carne no prato. “Acho que sou um cozinheiro razoável. Pelo menos foi o que ouvi”, contou em tom de modéstia.

Vegano há anos, Petrozza vê com bons olhos o crescimento do movimento vegetariano/vegano no cenário do metal. “Piadas idiotas, sexismo, bifes e barbecue – o tratamento completo. Tento evitar esse tipo de companhia, mas para a minha sorte a maioria é pelo menos respeitável [em relação ao fato de ser vegano]. Há um movimento veggie no metal hoje em dia e está ficando maior”, declarou na entrevista “Welcome to Health – A Vegetarian/Vegan Special”, publicada pelo Voices From the Dark Side.

Para o alemão, há uma série de motivos para alguém ser vegano – direitos animais, meio ambiente e até mesmo a saúde, que acaba por ser um bônus. “Está tudo conectado”, comentou. Praticamente distante do álcool, que ele há muito tempo só consome ocasionalmente, o vocalista e guitarrista explicou que não compra nem usa nada feito a partir de couro animal. “Só tomo algum tipo de medicamento [farmacêutico] em último caso”, garantiu ao Voices From the Dark Side.

Mille Petrozza disse que evita “forçar” seu posicionamento sobre os outros, mesmo quando eles falam da “teoria da vaca feliz” – animais que são criados “felizes” até o dia de serem mortos e reduzidos à comida. Mas há situações em que ele admite que é difícil ficar calado. “Já ouvi muitas piadas estúpidas sobre veganos. Se pelo menos fossem engraçadas, eu riria delas. Tento não fazer disso um problema, mas às vezes uma discussão acaba sendo inevitável”, confidenciou.

Além de já ter participado de campanhas da Peta2, em defesa dos direitos animais, ele e sua esposa escrevem para a revista vegana alemã “Kochen ohne Knochen”, que significa “Cozinhando sem Ossos”. “O cara que a dirige é meu amigo, dono da Ox Magazine, a principal revista de hardcore da Alemanha. Também foi um dos primeiros a publicar livros de receitas vegetarianas. Eu meio que o inspirei a se tornar vegano, o que é uma coisa boa, então Kochen ohne Knochen agora é vegana ao invés de vegetariana. Uma grande revista, se você puder ler em alemão”, garantiu em entrevista a Noisey – publicada em 25 de janeiro de 2017.

Questionado se é muito difícil conseguir comida vegana quando está em turnê, Petrozza explicou que normalmente isso não é um problema. “Há uma lista bem detalhada, inclusive com sugestões para aqueles que nunca ouviram falar sobre veganismo antes. 95% das vezes, os organizadores tomam conta de tudo. Mas em uma turnê com quatro bandas e 30 pessoas, às vezes eu sou o único vegano, o que não torna as coisas muito fáceis”, revelou na entrevista “Welcome to Health – A Vegetarian/Vegan Special”.

Petrozza: “Já ouvi muitas piadas estúpidas sobre veganos. Se pelo menos fossem engraçadas, eu riria delas” (Foto: Reprodução)

Mas, se algo der errado, o alemão come nozes, ou simplesmente sai para comprar a sua própria comida, tendo como auxílio o aplicativo Happy Cow, que o ajuda a encontrar locais que preparam pratos vegetarianos. Outra preocupação do músico é a qualidade dos alimentos. “Eu costumava ter o meu próprio pedaço de terra em uma fazenda orgânica. Hoje, faço compras na Vegan Wonderland, que é uma loja de vendas online”, frisou.

Fã de comida indiana, ele criticou que muitas pessoas ainda são vítimas da propaganda da indústria da carne e da indústria farmacêutica. E essas mesmas pessoas já o criticaram por ser vegano, alegando que é loucura não comer carne e outros alimentos de origem animal. “Faça o seu trabalho de casa antes de vir me falar alguma coisa. O engraçado é que a maioria que faz isso não sabe nada sobre comida em geral”, desabafou.

De acordo com o músico, há muita gente ignorante em relação à alimentação. Por isso, quando se sentem mal, dificilmente relacionam isso com seus maus hábitos alimentares. “A comida errada pode causar doenças muito sérias, você pode se tornar diabético. O que você coloca dentro do seu corpo causa isso. Quando estou em turnê, boa comida vegana é a chave para me manter feliz, nivelado e ter energia para dar o meu melhor no palco”, afirmou a Mark Kadzielawa, do 69 Faces of Rock, em outubro de 2012.

Mille Petrozza, que não descarta a possibilidade de um dia criar um hino vegano do Kreator, já levou a questão dos direitos animais para o cenário do heavy metal. Em 2001, a banda lançou o álbum “Violent Revolution”, que traz uma música homônima que ganhou um clipe bem produzido criticando a exploração de animais. No vídeo, eles apresentam uma inversão de papéis, em que seres humanos se tornam vítimas de vivissecção, são enviados para o abate e embalados – numa analogia às bandejas de carne disponíveis em mercados e açougues.

“[O vídeo] foi uma ideia do diretor, mas se encaixa perfeitamente. Filmamos em uma fábrica em Döner-Kebab, e o cheiro era muito desagradável. Ainda é um dos meus vídeos favoritos”, disse ao Voices from the Dark Side. Entre os veganos e vegetarianos que conheceu em turnê com o Kreator, Petrozza cita todos os integrantes do Heaven Shall Burn, alguns do Caliban, John Joseph, do Cro-Mags, e Barney Greenway, do Napalm Death.

Entre as músicas que têm os direitos animais como temática, Petrozza qualificou “Murder”, da banda inglesa de grindcore Extreme Noise Terror como um clássico. A música que faz parte do álbum “A Holocaust in Your Head”, de 1989, fala que 450 milhões de animais eram assassinados a cada ano na Grã-Bretanha, e tudo isso para descer pela garganta e sair pela bunda das pessoas.

Em entrevista publicada pela Noisey em 25 de janeiro de 2017, perguntaram ao vocalista do Kreator o que ele achou da declaração de Donald Trump, alegando que a crise climática, que segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) tem como agravante a agropecuária, é uma farsa.

“Pessoas estão morrendo por causa do aquecimento global, há provas científicas. É outra das coisas estranhas que Trump diz, uma daquelas coisas que não fazem sentido no mundo real. Talvez faça sentido no mundo de Trump. Mas no mundo real, isso é um problema concreto”, respondeu.

Mille Petrozza acredita que o número de pessoas aderindo ao veganismo cresce a cada dia, o que é algo extremamente positivo, embora ele seja cético sobre a possibilidade de ter a chance de viver em um mundo vegano.

Saiba Mais

Mille Petrozza nasceu em 18 de dezembro de 1967 em Essen, na Alemanha.

O Kreator foi fundado em Essen em 1982. Entre os anos de 1985 e 2017, a banda lançou 14 álbuns.

Referências

http://www.voicesfromthedarkside.de/Specials/WELCOME-TO-HEALTH-A-VEGETARIAN-VEGAN-SPECIAL–7789.html

https://noisey.vice.com/en_ca/article/kreators-mille-petrozza-is-still-the-angriest-vegan-in-metal

http://www.blabbermouth.net/news/kreator-frontman-we-always-try-to-re-invent-ourselves-on-every-record/

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Written by David Arioch

March 27th, 2017 at 9:45 pm

Oito anos de David Arioch – Jornalismo Cultural

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Desde 2009, produzo e edito de forma independente todo o material do blog

Em menor ou maior proporção, me guiei por um universo realmente diverso

Em março de 2009, completei três anos de exercício profissional como jornalista, depois de trabalhar desde 2006 produzindo principalmente matérias especiais sobre histórias e personagens do Noroeste do Paraná. Afeiçoado a escrever sobre fatos históricos e figuras pitorescas, dentre outros assuntos, decidi modestamente criar um blog para compartilhar o meu trabalho, e sem qualquer pretensão. À época, comecei a transformar em textos algumas entrevistas que não tiveram espaço nos meus tempos de foca na mídia impressa.

Meu primeiro texto, intitulado “De Bamberg a Paranavaí”, conta a história do Frei Bonaventura, um alemão que foi enfermeiro do Exército Alemão na Segunda Guerra Mundial. Ele se tornou padre, perdeu quase toda a família na guerra, e veio ao Brasil trazendo a cunhada e os sobrinhos. Frei Bona, como era mais conhecido, dizia, com um sorriso cândido e olhar profundo “que não errou em escolher um país que tem tudo para estar entre os melhores do mundo.” Ele fundou um seminário que ofereceu boa educação para centenas de crianças e adolescentes ao longo de décadas.

Desde então, publiquei matérias e outros tipos de texto sobre assuntos que me agradavam e me motivavam como jornalista e curioso da oralidade. Ouvir pessoas foi o que mais fiz durante muito tempo, e ainda faço sempre que posso. Transformei relatos, anseios, aspirações, sonhos e ideias em quase 1,2 mil textos publicados.

Alguns trabalhos exigiram semanas de dedicação, enquanto outros, muito, muito menos. Desde o início, sempre trabalhei com seriedade, mas não me preocupava nem pensava em repercussão. Fazia isso apenas pelo prazer de ler o resultado final, e ter a certeza de que a história de algo ou alguém já não seria mais esquecida, mesmo que meu trabalho não fosse mágico como eu gostaria.

Matérias, reportagens, artigos, aforismos, opiniões, reflexões, críticas, contos e crônicas. Em menor ou maior proporção, me guiei por um universo realmente diverso. Publiquei pouco conteúdo factual, do cotidiano, e que no dia seguinte seria visto como matéria antiga ou texto velho. Me distanciando um pouco do jornalismo, passei por alguns ambientes onde a realidade vai à ficção e a ficção à realidade.

Nunca tive hora para produzir, ou melhor, para parar de produzir. Se uma ideia surgia, já anotava em um pedaço de papel ou apenas a memorizava, ansiando por transformá-la em algo, mesmo quando a cidade silenciava. Escrever por satisfação, não por obrigação, tem dessas coisas. Ainda sou assim.

Sempre dei prioridade ao que pode transparecer atemporal, porque acho que isso tem tudo a ver com uma proposta variegada de jornalismo cultural, embora possa ir além. Também divulguei a realidade dos marginalizados, o aspecto íntimo e humano de personagens anônimos, ignorados e relegados ao esquecimento. Algumas publicações cresceram e se tornaram modestos documentários.

Também me lancei como personagem em minhas histórias – crônicas e contos que remetem à minha infância, adolescência e início da fase adulta, principalmente. Ademais, assumi a forma de humanos, animais e até mesmo da chuva caudalosa. Alguns de meus trabalhos geraram bastante controvérsia, consequência natural de um processo.

A verdade é que nunca me dei bem com barreiras. Escrevo sobre aquilo que me agrada, e meu blog deixa isso às claras. O mais importante é eu estar em sintonia com o que estou produzindo. Atualmente escrevo bastante sobre vegetarianismo, veganismo e direitos animais, porque são assuntos que me interessam muito. Também me sinto motivado pelo feedback dos leitores, que normalmente compreendem e respeitam minha produção.

Além disso, estou sempre aberto a críticas e disposto a aceitar sugestões de pauta, desde que estejam dentro do que tenho me proposto a fazer. Depois de oito anos, decidi abrir espaço para que os leitores possam contribuir com o meu trabalho no meu blog independente David Arioch – Jornalismo Cultural.

Por isso, disponibilizei um botão de doação ao final de cada publicação para que os leitores contribuam, se acharem que vale a pena, me incentivando a prosseguir nessa caminhada. Muito obrigado, e que venham mais anos de blogosfera…

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Atuo profissionalmente como jornalista desde março de 2006.

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Written by David Arioch

March 26th, 2017 at 6:07 pm

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O mundo é tão grande quanto a compaixão humana poderia ser

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“Dizemos que amamos a vida e o outro, mas o outro são poucos” (Foto: Reprodução)

Vivemos em um mundo onde tudo é possível, até mesmo o fim da crueldade contra os animais. O mundo é tão grande quanto a compaixão humana poderia ser. Nascemos para crescer, evoluir, transpor barreiras, e reconhecer o direito à vida daqueles que nos parecem reles simplesmente por não se comunicarem como nós.

Ignoramos que abstraímos vidas que não geramos, e acreditamos que isso é parte natural da nossa existência. Fechamos os olhos para o fato de que aquilo que corrói o outro também nos corrói – mas de maneira que não enxergamos objetivamente porque estamos preocupados demais com nossas individualidades e peculiaridades estritamente humanas.

Dizemos que amamos a vida e o outro, mas o outro são poucos; apenas aqueles com quem simpatizamos e julgamos merecedores da existência, sob uma perspectiva que é sempre mais homogênea do que heretóclita. Penso que um mundo livre da crueldade animal só vai ser possível quando a consciência da maioria apontar, quem sabe, e mesmo que infelizmente e inconsequentemente, até por força de tragédias inesperadas e pouco imaginadas, que a salvação da humanidade depende também da forma como tratamos aqueles que são inferiorizados.

Enquanto um simples animal pacato e silencioso for maltratado ou desprezado por não ter voz análoga à nossa, dificilmente sairemos do abismo moral que criamos para defender o que chamamos de direito e necessidade de sobrevivência, mesmo que o tempo há muito tenha mostrado que o que fazemos é simplesmente tentar perpetuar aquilo que relativiza nosso valor existencial – nosso desejo de provocar o fim ansiando pelo festim.

 

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Vaca, bezerro e laticínios

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Como os seres humanos, uma vaca e seu bezerro compartilham um vínculo forte e especial (Foto: Animal Australia)

Como os seres humanos, uma vaca e seu bezerro compartilham um vínculo forte e especial – um que se forma poucos minutos após o nascimento. Quando as vacas e seus bezerros podem levar uma vida natural, o bezerro chega a mamar por até um ano. Porém, isso é o que menos acontece. Uma pesquisa da Animal Australia mostrou que as vacas são profundamente afetadas pela dor emocional de serem separadas dos bezerros, uma prática padrão da indústria de laticínios. Será que vale a pena consumir leite e derivados?





Written by David Arioch

March 26th, 2017 at 1:23 am

Patrik Baboumian: “A força deve construir, não destruir. Minha força não precisa de vítimas. Minha força é a minha compaixão”

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“Eu reprimia também o fato de que o meu próprio comportamento enquanto consumidor levava ao sofrimento animal”

Patrik Baboumian: “Desde a infância, sempre me senti compassivo em relação aos animais” (Foto: Divulgação)

Nascido em Abadan, no Irã, em 1º de julho de 1979, o atleta de strongman Patrik Baboumian, de origem armênia, se mudou com sua mãe e sua avó para a Alemanha quando ele tinha apenas sete anos. “Sempre tive fé em meus planos de construir uma carreira nos esportes de força, mas inicialmente eu era o único que acreditava nisso. Minha mãe era o meu maior obstáculo quando decidi ingressar em uma academia aos 15 anos. Ela estava preocupada que eu pudesse ter más influências. Agora ela está muito feliz por eu ter resistido a ela e corrido atrás do que acabou sendo o meu destino”, informou em entrevista a Lilly Torosyan, do Armenian Weekly, em 29 de agosto de 2012.

O que despertou em Baboumian o sonho de se tornar um atleta de força foi uma experiência que teve com seu falecido pai – assistir a série “O Incrível Hulk”, protagonizada pelo fisiculturista Lou Ferrigno. A ideia de um homem verde e forte rasgando a camiseta transmitiu a ele uma poderosa ideia de força. “Quando o bombardeio está acontecendo, você vê muitas pessoas gritando ao seu redor, e você não pode fazer nada porque você é pequeno. Então você só quer fugir disso e ser forte”, disse a Jessica McDiarmid, do The Star, em 8 de setembro de 2013, se referindo às consequências da Revolução Iraniana.

Depois de construir uma carreira sólida como atleta de força, um dia, Patrik Baboumian começou a refletir sobre o consumo de carne e concluiu que ingerir proteína animal era incompatível com a sua compaixão pelos animais. Ele não chegou a ser influenciado por fatores externos, nem mesmo pesquisou sobre o assunto. “O que percebi, depois de pensar sobre a minha vida, é que desde a infância sempre me senti compassivo em relação aos animais. Isso foi expresso em minha necessidade de ajudar os animais que estavam em perigo ou sofrendo”, contou ao Vegetarian Bodybuilding.

Em uma ocasião, o atleta cuidou de um pássaro ferido e o abrigou em sua casa durante todo o inverno. Também forneceu refúgio a um pequeno ouriço no outono. “Quando vejo um pássaro, tenho o desejo de ajudá-lo. Isso é incoerente comigo indo ao supermercado no mesmo dia para comprar peito de frango. Entendi que em um caso eu via o sofrimento diante dos meus olhos, e no outro não era visível para mim. Eu reprimia também o fato de que o meu próprio comportamento enquanto consumidor levava ao sofrimento animal, assim como a maior parte da nossa sociedade faz todos os dias”, lamentou.

Baboumian se tornou vegano em 2011 (Foto: Divulgação)

Diante dessas reflexões, Patrik Baboumian viu apenas duas opções: continuar consumindo proteína animal e ignorar o sofrimento animal ou seguir sua compaixão e mudar de vida. Em 2005, ele tomou a decisão de banir todos os tipos de carne da sua alimentação. “Talvez não seja o suficiente você apenas parar de comer animais. Talvez você devesse boicotar toda a indústria animal, porque…não é o que você, como um ser compassivo, iria querer [financiar]. Então você deveria dar um passo à frente e se tornar vegano”, argumentou em entrevista ao The Star.

Em 2011, quando conquistou o título de homem mais forte da Alemanha, o atleta parou de consumir ovos e laticínios, e foi mais além – abraçou o veganismo. Mesmo sem saber se isso iria afetar o seu desempenho como atleta e o seu grande volume muscular, Baboumian não pensou duas vezes.

“Eu sofria de azia constante ao consumir produtos lácteos. É importante saber que proteína de origem animal contém quantidades especialmente elevadas de aminoácidos contendo enxofre. Isso leva a uma excessiva acidificação do corpo. Se torna evidente quando se tem azia, e a coisa diabólica sobre essa situação é que, a princípio, beber leite ajuda. O estômago tem algo a fazer nesse momento, e o ácido fica equilibrado. Eu não percebia que a azia era causada em primeiro lugar pelos laticínios”, declarou ao Vegetarian Bodybuilding.

A transição para o veganismo foi mais fácil do que Patrik Baboumian imaginava. Duas semanas depois que ele se tornou vegano, o desejo por produtos lácteos, que ele consumia em grande quantidade, desapareceu. “Quando você é viciado em algo e fica em abstinência por muito tempo, o desejo desaparece”, explicou e acrescentou que o seu desempenho atlético se manteve estável, e depois melhorou em longo prazo. Segundo Baboumian, o veganismo o ajudou a se tornar mais forte, acelerou a sua recuperação após o treinamento e ampliou a sua sensação de bem-estar.

” Talvez você devesse boicotar toda a indústria animal, porque…não é o que você, como um ser compassivo, iria querer [financiar]” (Foto: Divulgação)

Além disso, ele não teve problemas em conquistar mais massa muscular. Mas, claro, é preciso levar em contar que o atleta é um sujeito consciente, e que sempre se preocupou em garantir a ingestão adequada de carboidratos, proteínas e gorduras. “A proteína é um fator chave para o desenvolvimento de um corpo que é capaz de suportar os eventos extenuantes que você precisa enfrentar como strongman”, ponderou em entrevista ao TheAllAnimalVegan em 5 de outubro de 2013.

Também foi em 2013 que Patrik bateu o recorde mundial de yoke walk, carregando 550 quilos por mais de dez metros durante o Toronto’s Vegetarian Food Festival. Ao final, soltou um rugido e berrou: “Vegan power!” Em 2014, ele voltou a sua atenção para a publicação de um livro sobre nutrição esportiva intitulado “VRebellion”, em que responde perguntas frequentes sobre nutrição vegana e como ganhar peso, força e músculos.

“Quis fornecer uma pequena visão sobre as particularidades da minha dieta, porque simplesmente acho que faço certas coisas de forma diferente. Talvez eu possa dar uma ou duas dicas úteis para pessoas interessadas no estilo de vida vegano”, declarou ao Vegetarian Bodybuilding. Patrik Baboumian também encarou a publicação do livro como uma oportunidade de dizer o que muitos veganos gostariam – que muitas pessoas que consomem carne, já consomem muitos alimentos de origem vegetal, logo não há sentido em olhar com tanta estranheza para a alimentação de um vegano.

“Você deve pensar sobre o fato de que uma dieta vegana não consiste apenas de saladas e legumes. Batatas, aveia, arroz ou macarrão de sêmola de trigo durum – há uma abundância de incríveis fontes de energia para o corpo. Amendoins, por exemplo, são uma maravilhosa fonte de proteínas e gorduras vegetais”, enfatizou. Baboumian também citou feijões, lentilhas e ervilhas como boas fontes proteicas.

Desde que se tornou vegano, suas principais fontes de proteínas são leite de soja, proteína isolada de soja, tofu, nozes e feijões, e fez um alerta: “Se seu corpo é muito ácido, ele não pode digerir proteínas em ótimos níveis e, para um atleta de força preocupado com uma oferta suficiente de proteínas, isso é um pesadelo.”

Para obter energia, ele recorre a carboidratos como arroz, batata, aveia e frutas, além de verduras e legumes (Foto: Divulgação)

Para obter energia, ele recorre a carboidratos como arroz, batata, aveia e frutas, além de verduras e legumes. “Uso shakes e smoothies para obter muitas calorias em forma líquida, porque para mim é difícil comer tudo que preciso para ganhar peso e manter o desenvolvimento de força”, confidenciou.

Em 2015, ele bateu o seu próprio recorde de yoke walk, ao carregar 560 quilos durante 28 segundos. De acordo com Baboumian, a sua vantagem em relação aos outros atletas é que ele prioriza tanto o seu aspecto físico quanto mental.

“Como sou muito pequeno para competir na divisão de pesos pesados, minha única chance de superar a desvantagem física é ser mentalmente mais forte. Um fato é que eu nunca desisto. Ganhei o título de homem mais forte da Alemanha três semanas depois de uma lesão muscular em minha panturrilha esquerda. Eu mal conseguia andar três dias antes da competição. Fiz tudo que estava ao meu alcance para me recuperar o mais rápido possível”, destacou.

Os três exercícios mais importantes para Patrik Baboumian são multiarticulares – agachamento livre, levantamento terra e levantamento de tronco. A justificativa é que para ele são os mais eficazes quando se trata de construir massa muscular e força. “Como um atleta vegano lutando contra os estereótipos comuns de veganos como magros e fracos, me considero mais um guerreiro com propósito de atleta”, frisou.

Após se tornar vegano em 2011, outra mudança é que Baboumian parou de usar muitos suplementos que ele superestimava, reduzindo a lista à creatina, beta-alanina, levedura nutricional, vitamina B12, fenacho, canela-do-ceilão (como antioxidante) e glutamina. “Nunca me senti tão bem em toda a minha vida. Desde que escolhi esse estilo de vida por razões éticas, vou cumpri-lo independentemente da minha carreira. […] A força deve construir, não destruir. Minha força não precisa de vítimas. Minha força é a minha compaixão”, justificou.

À noite, Patrik Baboumian, que mora na área rural de Berlim, gosta de fazer longas caminhadas para relaxar e refletir, e normalmente acompanhado de um cão. “Adoro estar na natureza enquanto todo mundo dorme. Aprecio a atmosfera tranquila, sem o ruído da vida humana que é onipresente durante o dia”, narrou ao Vegetarian Bodybuilding.

Questionado se teria alguma sugestão a dar para quem está cogitando o vegetarianismo ou o veganismo, ele recomendou que as pessoas não deem ouvidos aos supostos gurus da nutrição e da indústria de suplementos que dizem que precisamos de carne, ovos e laticínios para conseguir proteínas o suficiente. “Há uma abundância de fontes de proteínas vegetais, e seu corpo vai agradecer por você parar de alimentá-lo com alimento morto. Go vegan and feel the power!”, sugeriu no Toronto’s Vegetarian Food Festival em 2013.

Saiba Mais

Desde que se tornou vegano, Patrik Baboumian tem participado de campanhas em favor dos direitos animais e do veganismo.

Em 2009, ele bateu o recorde mundial de levantamento de tronco, erguendo 165 quilos. Desde então, o atleta tem vencido o Campeonato Alemão de Levantamento de Tronco.

Referências

https://www.thestar.com/news/gta/2013/09/08/vegan_strongman_shoulders_550_kg_a_record_perhaps_at_vegetarian_food_fest.html

http://www.greatveganathletes.com/patrik-baboumian-vegan-strongman

Big Armenian Heart: An Interview with the ‘Strongest Man of Germany’

PATRIK BABOUMIAN – Germany’s strongest man, and vegan

 

Vegan Badass Patrik Baboumiam: “I Compete to Change the World”

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Drauzio Varella e a defesa dos transgênicos

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Ainda não é possível afirmar que os transgênicos são seguros (Arte: Redação Online)

Li um artigo do médico Drauzio Varella, escrito em 2011, mas atualizado este mês, em que ele diz que o benefício que os alimentos transgênicos podem trazer à humanidade não admite discussões apaixonadas. Por outro lado, ele mesmo faz um discurso apaixonado em algumas passagens do texto, e não apresenta referências, a não ser a sua própria opinião, que não é a de um especialista em organismos geneticamente modificados (OGMs), mas a de um entusiasta.

Levando em conta que o tema ainda é bastante controverso, uma citação em especial me chamou a atenção. “Os alimentos transgênicos poderão representar, para a saúde pública dos próximos cem anos, avanço semelhante ao do saneamento básico no século 20”, escreveu Varella.

Embora o médico oncologista tenha se posicionado dessa forma, se referindo aos transgênicos como se pudessem ser a salvação da humanidade, o que vai ao encontro do discurso dos fabricantes de transgênicos, é preciso ponderar sobre alguns pontos conflitantes apresentados por instituições e pesquisadores de prestígio na área:

De acordo com o projeto Genetically Modified Food, do Center for Health and the Global Environment, da Universidade Harvard, por trás do sucesso da modificação genética, ainda surgem efeitos inesperados e potenciais armadilhas.

A diminuição dos níveis de glutelina no arroz, por exemplo, foi associada a um aumento não intencional nos níveis de compostos chamados prolaminas, que podem afetar a qualidade nutricional do arroz e aumentar seu potencial para induzir a uma resposta alérgica. Organismos modificados podem, além disso, escapar de estufas, campos e gaiolas de aquicultura e invadir ecossistemas naturais ou quase naturais, e perturbar sua biodiversidade.

O programa da Universidade Harvard que realiza pesquisas na área desde 2012 também informa que os alimentos transgênicos podem danificar a biodiversidade, por exemplo, promovendo uma maior utilização de pesticidas associados com culturas geneticamente modificadas que são particularmente tóxicas para muitas espécies, e, por introduzir genes e organismos exóticos no meio ambiente, podem perturbar comunidades vegetais naturais e outros ecossistemas.

Além disso, desde o início dos anos 2000, pesquisadores brasileiros têm publicado artigos levantando questionamentos sobre a viabilidade e a obscuridade dos transgênicos. Um exemplo é o artigo “Transgênicos: avaliação da possível (in)segurança alimentar através da produção científica“, publicado na revista “História, Ciências, Saúde – Manguinhos”, da Fundação Oswaldo Cruz, em que os pesquisadores Maria Clara Coelho Camara, Carmem L.C. Marinho, Maria Cristina Rodrigues Guilam e Rubens Onofre Nodari revelaram que no Brasil os transgênicos começaram a ser aprovados e introduzidos não respeitando normas de biossegurança:

No Brasil, pelo menos 85% do milho é de origem transgênica, de acordo com a BBC (Foto: Reprodução)

“Contudo, o mais intrigante é a aprovação de três tipos de milho transgênico, o milho Liberty Link (evento LL25), o milho Guardian (evento MON810) e o milho Bt11 (evento Bt11), sem estudos sobre segurança alimentar e riscos ao meio ambiente nos ecossistemas brasileiros, contrariando as normas mais elementares de biossegurança, razão pela qual o IBMA e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recorreram contra a decisão da CTNBio, junto ao Conselho Nacional de Biossegurança.”

Em outro artigo sobre o assunto, intitulado “Avaliação de riscos dos organismos geneticamente modificados“, publicado na Ciência e Saúde Coletiva, os pesquisadores Thadeu Estevam Moreira Maramaldo CostaI, Aline Peçanha Muzy Dias, Érica Miranda Damasio Scheidegger e Victor Augustus Marin, escreveram que a Comissão nacional de Biotecnologia (CTN-Bio), deveria tomar medidas mais enérgicas e cobrar, de toda e qualquer empresa ou instituição que desejasse produzir e/ou reproduzir transgênicos, estudos de análise de risco tanto para a saúde humana quanto para o ambiente, fazendo valer também o Código de Defesa do Consumidor e o Decreto nº 4.680, de 24 de abril de 2003. Um fato preocupante, já que ainda hoje isso não é prática comum.

Considerado um dos maiores especialistas em transgênicos do brasil, o engenheiro agrônomo, cientista, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ex-membro da Comissão Nacional de Biotecnologia (CTN-Bio), Rubens Nodari disse em entrevista à jornalista Laís Araújo, do Brasil de Fato, em setembro de 2016, que entre os impactos dos transgênicos estão as toxinas produzidas, que podem causar danos a organismos benéficos como as abelhas, e a perda de variedade genética, decorrente do fluxo gênico. Segundo o pesquisador, o impacto, que já existe, é um aumento da contaminação das variedades não-transgênicas pelas transgênicas, causando a erosão genética. A constituição genética que estão nas variedades crioulas pode ser perdida.

Em 2016, outro trabalho sobre a produção de transgênicos foi realizado por Rinaldo Vieira da Silva Júnior, no Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imeecc) da Unicamp, apontando que no caso da coexistência de dois tipos de lavouras, a produtividade das duas deve cair, mas o maior prejuízo recai sobre a planta natural.

Segundo a reportagem “Transgênicos podem oferecer riscos para a biodiversidade“, do Jornal da Unicamp, embora os defensores dos transgênicos considerem esses organismos como a solução para a ampliação da produção de alimentos, os ambientalistas afirmam que os OGMs têm promovido o aumento do uso de agrotóxicos e comprometido de forma significativa a biodiversidade e a saúde da população nos países onde são produzidos.

Minha intenção não é demonizar os transgênicos ou o Drauzio Varella, mas esses questionamentos e dúvidas deixam claro que ainda não há o que exaltar ou comemorar. Por enquanto, há muitos estudos conflitantes e discordantes sobre o tema, e a população precisa ficar atenta ao desenvolvimento, benefícios, malefícios e consequências dos transgênicos.

Além das controvérsias envolvendo produção, consumo e impacto ambiental, outro ponto a se considerar é o viés econômico da produção de organismos geneticamente modificados, já que, de acordo com a Fundação Heinrich Böll, o pagamento de royalties é uma das consequências do plantio de sementes transgênicas, mas não é a única. O agricultor que planta sementes transgênicas fica vinculado, através de um contrato, à empresa dona da patente da semente.

Embora os transgênicos sejam apresentados como uma das soluções para resolver o problema da fome em países em desenvolvimento, a engenheira agrônoma Flavia Londres diz, em seu artigo “Transgênicos no Brasil: as verdadeiras consequências“, publicado pela Unicamp, que não é bem assim: “Um outro fator que se soma a estes é o modelo de agricultura no qual os transgênicos se inserem [uma “evolução” do modelo da Revolução Verde]. Caracterizado por extensos monocultivos altamente tecnificados, ele tem levado, em todo o mundo, à concentração de terras e à expulsão dos pequenos agricultores do campo. A exclusão social que vem em sua consequência só faz aumentar a fome nos países pobres.”

Saiba Mais

Alimentos transgênicos ou geneticamente modificados são produzidos a partir de organismo que sofreram alterações no DNA através de técnicas de engenharia genética.

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Written by David Arioch

March 25th, 2017 at 2:41 am

Deadlock: “Os animais não podem falar, mas nós podemos”

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“Discordo do preço e da taxa que esses seres têm que pagar para podermos festejar e comer”

“O Deadlock é uma banda vegana e sempre escreve sobre direitos animais e coisas do tipo” (Foto: Divulgação)

Criada em Schwarzenfeld, na Alemanha, em 1997, a banda de death metal melódico Deadlock é formada por músicos que não apenas seguem o veganismo como filosofia de vida, mas também o colocam como prioridade nas letras do grupo.

“O Deadlock é uma banda vegana e sempre escreve sobre direitos animais e coisas do tipo. Sei que pode parecer um ponto de vista extremo, mas queríamos fazer um paralelo com a indústria da exploração animal”, disse o guitarrista Sebastian Reichl em entrevista a Peter Woods, publicada em 3 de agosto de 2016 no Ave Noctum.

Em 2008, a banda lançou o álbum “Manifesto”, inteiramente dedicado à questão dos direitos animais. Ao final da música “Deathrace”, ou “Corrida Mortal”, escrita pelo guitarrista Sebastian Reichl e pelo baterista Tobias Graf, começa um rap com duração de dois minutos falando sobre como os animais são tratados pela indústria da exploração animal e como as pessoas fecham os olhos para essa realidade.

“Os animais não podem falar, mas nós podemos…Olhe para o pico da evolução do líder da cadeia alimentar. Imagine que todos vocês eram canibais e a humanidade o gado do gado, bloqueado em uma caixa pequena o suficiente para entrar em estado de descontrole e violência. […] Discordo do preço e da taxa que esses seres têm que pagar para podermos festejar e comer”, criticam.

Em “Slaughter’s Palace”, ou “O Palácio da Matança”, o Deadlock conta a história de um garoto que não gostava de ir para a escola e também não se considerava bom nos estudos. Sem amigos ou qualquer outra coisa para fazer, um dia ele assistiu seu pai trabalhando como açougueiro e decidiu seguir a mesma profissão. “Não me culpe por matar animais, porque o gado é criado apenas para fazer parte da nossa cadeia alimentar”, justifica o personagem na música, que vê sua função como resultado da demanda criada pela população.

““Temos um relacionamento muito próximo com a natureza” (Foto: Divulgação)

A música “Seal Slayer”, ou “Matador de Focas”, que também faz parte do álbum “Manifesto”, chegou a ser gravada com o título de “Kill, Kill, Kill” para uma campanha de combate a caça às focas. “Eu ainda me lembro como foi matar pela primeira vez, eu devo ter batido cem vezes. E a neve ficou toda vermelha”, diz a letra.

Em entrevista ao Lords of Metal, o então vocalista do Deadlock, Johannes Prem, declarou que acharia melhor morrer do que sustentar uma família com o dinheiro conquistado por meio do sangue e da pele de lindos filhotes. “É inacreditável o quão brutal esses bastardos tratam e torturam bebês focas”, desabafou.

John Gahlert, que era baixista da banda desde 2009 e assumiu como vocalista em 2011, relatou a Kyle McGinn, do Dead Rhetoric, que o álbum “Manifesto” foi lançado como um elemento fundamental na formação da identidade vegana da banda. “Desde o lançamento desse álbum, trabalhamos com frases simbólicas em nossas letras, e há combinações de palavras que você pode encontrar em todos os nossos álbuns. São frases típicas que usamos e vamos continuar usando, porque têm um significado para aqueles com um background vegano”, justificou.

Ao All About The Rock, Gahlert enfatizou que o veganismo está se tornando cada vez mais bem aceito, o que é muito bom também para a banda, já que eles sempre deixaram claro para o público que os direitos animais é um tema prioritário, independente de críticas.

“Temos um relacionamento muito próximo com a natureza. Todos temos smartphones, mas ainda somos hippies [risos]. Quando a banda começou, foi num momento em que o movimento vegano era pequeno na Alemanha. Nosso baterista Tobias [Graff] tinha criado a primeira distribuidora vegana [online] por atacado [na Alemanha]. É um trabalho pioneiro no movimento vegano, e é por isso que o Deadlock estava mais associado com a palavra vegan do que agora”, explicou a Kyle McGinn, do Dead Rhetoric, em 7 de agosto de 2016.

Analisando todos os álbuns do Deadlock, desde o “The Arrival” de 2002, ao “Hybris”, de 2016, é fácil perceber que a questão mais pertinente levantada pela banda é a forma como a humanidade está lidando com os animais, e se ela tem condições de enxergar um futuro livre da crueldade contra seres vivos não humanos. “Claro que todos vivemos na mesma sociedade e somos peças pequenas de uma roda gigante, mas se você tem a possibilidade de dizer o que pensa, você deve fazer isso”, recomendou o vocalista John Gahlert em entrevista ao Infernal Masquerade publicada em 6 de agosto de 2013.

Formação

John Gahlert – Vocalista

Margie Gerlitz – Vocalista

Sebastian Reichl – Guitarra e teclado

Ferdinand Rewicki – Guitarra

Werner Riedl – Bateria

Saiba Mais

Entre os anos de 2002 e 2016, o Deadlock lançou os álbuns “The Arrival”, “Earth Revolt”, “Wolves”, “Manifesto”, “Bizarro World”, “The Arsonist”, “The Re-Arrival” e “Hybris”.

Em 4 de setembro de 2014, o baterista Tobias Graf faleceu em decorrência de um câncer.

Em 2016, a vocalista Sabine Scherer saiu do Deadlock e em seu lugar entrou a vocalista Margie Gerlitz.

Referências

http://allabouttherock.co.uk/deadlock-interview/

Interview – Deadlock

Deadlock – On Perseverance

http://www.lordsofmetal.nl/en/interviews/view/id/2411

http://www.roomthirteen.com/features/149/Deadlock_Interview.html – 2 de junho de 2005

http://www.infernalmasquerade.com/?q=other/002561-interview-deadlock-john-gahlert-2013

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