David Arioch – Jornalismo Cultural

Jornalismo Cultural

Archive for the ‘Direitos Animais/Animal Rights’ Category

Documentário “Comer Animais” é lançado hoje nos Estados Unidos

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“De onde vêm os nossos ovos, laticínios e carnes?” 

Documentário discute principalmente a realidade da criação de animais em regime industrial (Arte: Divulgação)

O terceiro livro de Jonathan Safran Foer, “Eating Animals”, de 2009, que foi lançado no Brasil com o título “Comer Animais”, foi transformado em um documentário e lançado hoje nos Estados Unidos. Com direção e roteiro de Christopher Dillon Quinn e narração da atriz Natalie Portman, o filme é definido pela equipe de produção como “a história do início do fim da produção industrial”, e começa com a seguinte pergunta: “De onde vêm os nossos ovos, laticínios e carnes?

O filme traz argumentos contra a pecuária industrial e mostra imagens em que os animais são criados em pequenas, médias e grandes propriedades. Embora seja aberto a diferentes pontos de vista, o documentário é apontado como complacente com pequenos criadores de animais, já que a crítica se volta mais para a realidade da criação de animais em regime industrial, o que pode soar um tanto quanto problemático se você defende o veganismo abolicionista, não o reducionismo ou utilitarismo.

Porém, “Comer Animais” também deixa claro que apenas 1% dos animais criados para consumo na atualidade, pelo menos nos Estados Unidos, representam uma realidade diferente, “violenta, mas não tanto quanto a industrial”. Porém, denuncia que os outros 99% estão inseridos em uma realidade de confinamento que pode ser descrita como o holocausto animal.

O jornalista Ben Kenigsberg, do New York Times, assistiu ao documentário antes do lançamento e relatou que passou as últimas 36 horas pós-filme com dificuldade para consumir carne. Porém, como “Comer Animais” não aborda os animais que vivem no oceano, ele conseguiu comer um pouco de salmão defumado.

Na perspectiva de Kenigsberg, o filme convence reunindo uma mixórdia de filosofia, principalmente epistemologia, e economia. “As fazendas industriais podem permitir que mais pessoas sejam alimentadas, mas seus efeitos ambientais invalidam a sua eficiência. O filme nem sequer defende o vegetarianismo, mas parece impossível sair disso sem querer saber mais de onde vem a sua carne”, avalia o jornalista.

Outros espectadores compararam o filme, inspirado no livro homônimo de Jonathan Safran Foer, com documentários como “Food Inc.” de Robert Kenner, e livros como “O Dilema do Onívoro”, de Michael Pollan. Alguns veganos que assistiram ao filme o classificaram como uma oportunidade perdida de abordar o assunto de forma mais abrangente, inclusive discutindo o veganismo na atualidade e suas possíveis contribuições futuras. Como disse Safran Foer, a interpretação é livre. Então assista e tire suas próprias conclusões.

 





 

Ativista vegana é eleita para assumir vaga na Assembleia Legislativa de Karnataka

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Na Índia, Sowmya é uma conhecida ativista dos direitos animais e defensora do veganismo (Foto: Reprodução)

Na quarta-feira, a ativista vegana Sowmya Reddy, de 35 anos, foi eleita para compor a Assembleia Legislativa de Karnataka, no sul da Índia, conhecida como uma assembleia conservadora que sempre foi composta basicamente por homens – inclusive ela foi a única mulher eleita para ocupar uma vaga na AL.

Na Índia, Sowmya é uma conhecida ativista dos direitos animais e defensora do veganismo que ao longo de três anos fez parte do Conselho Nacional de Bem-Estar Animal. Em 2015, ela e o marido Abhishek Raje Wiki oficializaram a relação com um casamento vegano:

“Temos que voltar ao básico. Carregar sacos de pano e garrafas de aço em nossos carros ou bolsas. É assim que as gerações anteriores viviam. Embora seja necessário algum esforço, é uma escolha que acho que todos precisamos fazer para cumprir nossa responsabilidade cívica.”

 





 

Written by David Arioch

June 15th, 2018 at 4:48 pm

Moby está vendendo sua coleção de vinis para ajudar comitê de médicos veganos

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Moby anunciou recentemente que vai priorizar mais a luta pelos direitos animais (Foto: Reprodução)

O músico vegano Moby, que recentemente anunciou que não fará mais turnês para priorizar questões que ele considera mais urgentes, como os direitos animais, está vendendo a sua coleção de vinis raros para ajudar o Comitê Médico Pela Medicina Responsável dos Estados Unidos, composto por médicos veganos. Muitos dos discos que estão à venda no mercado online Reverb LP Shop foram usados por Moby durante sua carreira de décadas como DJ, e trazem inclusive algumas notas manuscritas.

“Você vai amá-los. E o dinheiro vai para o Comitê Médico pela Medicina Responsável. Então todos ganham. Bem, exceto eu, porque agora não tenho mais nenhum vinil”, declarou no vídeo de divulgação. Em abril, Moby vendeu 100 de seus instrumentos musicais e equipamentos de DJ no Reverb, também para ajudar o comitê.

Além de defender o consumo de alimentos de origem vegetal em substituição aos alimentos de origem animal como uma medida preventiva contra doenças, o grupo vai além da dieta, voltando-se para os direitos animais.

Nos últimos anos, o comitê tem lutado por medidas legislativas contra a realização de testes em animais nas escolas de medicina. O grupo também é conhecido por incentivar a reformulação das refeições escolares nos Estados Unidos – oferecendo opções veganas e excluindo alimentos de origem animal como carnes processadas.

 





 

Campanha visa banir a criação de animais em regime de confinamento na Suíça

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Na Suíça, a maioria dos animais criados para consumo não veem grama ou luz solar ao longo da vida

Sentience Politics: “Suas necessidades básicas são desconsideradas” (Foto: Jo-Anne McArthur/We Animals)

Na Suíça, uma iniciativa liderada pela organização antiespecista Sentience Politics, e que conta com o apoio de outras organizações e grupos de bem-estar animal e direitos animais, quer tornar ilegal a criação de animais em fazendas industriais, onde animais vivem em regime de confinamento até o momento do abate. O sistema tem sido debatido em diversos países, considerando que a prática é apontada como a que mais impõe sofrimento aos animais.

Intitulada “No Factory Farming in Switzerland”, a campanha exige a criação de uma emenda constitucional em oposição às fazendas industriais. Como a Suíça tem um sistema tipificado como “democracia semidireta”, que permite que os cidadãos votem diretamente em políticas individuais, a Sentience Politics e mais 15 grupos e organizações precisam de 100 mil assinaturas para que o projeto seja levado adiante.

Atingida a meta de assinaturas em um prazo máximo de 18 meses, a campanha pode ser submetida à votação no sistema suíço de iniciativa popular. Prevendo manobras que podem ser colocadas em prática, caso o projeto se torne lei, a Sentience Politics também sugere que sejam instituídas regulamentações em relação à importação de animais e produtos de origem animal para fins nutricionais.

Segundo a organização, 50 milhões de animais terrestres são criados e mortos para consumo todos os anos na Suíça. “Suas necessidades básicas são desconsideradas. A indústria dissemina intencionalmente a ilusão de que não há agropecuária intensiva na Suíça – embora a maioria dos ‘animais de fazenda’ suíços não veja grama ou luz solar em suas vidas”, informa a Sentience Politics.

Considerando que não há pasto o suficiente para a criação de 50 milhões de “animais soltos” na Suíça, e os custos de produção fora do regime intensivo são outros, a iniciativa, se transformada em emenda, pode realmente desestimular a criação de animais para consumo.





 

Por que é mais ético não se alimentar de animais

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Chernobyl, a história dos cães que não envelhecem

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“Os olhos do cachorro brilham quando Igor agarra um graveto e joga na árvore”

“Hoje os cães de Chernobyl confiam nos trabalhadores da estação para se manterem vivos” (Foto: Sean Gallup/Getty Images)

No dia 26 de abril de 1986, o reator da Unidade 4 da Usina Nuclear de Chernobyl explodiu e espalhou materiais radioativos no meio ambiente. Em reação a esse desastre, a antiga União Soviética estabeleceu uma Zona de Exclusão de 30 quilômetros ao redor da usina e garantiu a evacuação de mais de 120 mil pessoas de Pripyat, no norte da Ucrânia, e das vilas vizinhas. Ninguém pôde levar nada, nem mesmo os animais de estimação, que foram obrigatoriamente abandonados, mesmo com a resistência dos moradores.

No livro “Chernobyl Prayer: A Chronicle of the Future”, publicado pela Penguin Classics em 2016, a autora Svetlana Alexievich relata que os cães latiam e uivavam tentando entrar nos ônibus que partiam de Pripyat, mas os soldados do Exército Soviético os chutavam para longe. “Eles correram atrás dos ônibus por muito tempo. Famílias desoladas fixaram notas em suas portas: ‘Não mate nossa Zhulka. Ela é uma boa cadela.’” De nada adiantou. Os esquadrões da morte exterminavam todos os animais que encontravam.

Porém, como havia muitos cães, dispersos por toda Prypiat e por outras aldeias que faziam parte da Zona de Exclusão, uma parcela significativa sobreviveu, inclusive migrando para as florestas, onde desenvolveram uma capacidade singular de sobrevivência. Claro, com o tempo esses cães tiveram seus descendentes, e são esses animais que hoje povoam Chernobyl e toda a Zona de Exclusão. Eles criaram a sua própria comunidade e vivem principalmente entre os de sua espécie. No entanto, ocasionalmente têm contato com trabalhadores ou visitantes.

Há alguns anos, um homem foi contratado para capturar e matar os cães de Chernobyl, sob a alegação de que não havia recursos para cuidar dos animais. Ele se recusou a fazer esse serviço. Atualmente, só na área da Usina Nuclear de Chernobyl há mais de 250 cães que vagam o dia todo. Quem trabalha na localidade, e está acostumado com a presença canina, geralmente reserva uma parte de sua refeição para alimentá-los.

Os cães de Chernobyl tiveram de deixar as florestas da Zona de Exclusão porque começaram a ser perseguidos e mortos por matilhas de lobos. Também se tornou cada vez mais difícil encontrar alimentos. Em 18 de fevereiro deste ano, o jornal britânico The Guardian publicou na reportagem “Meet the dogs of Chernobyl – the abandoned pets that formed their own canine Community” que há 300 cães vivendo na Cidade de Chernobyl.

Já a estimativa da organização não-governamental Clean Futures Fund, que ajuda cidades afetadas por acidentes industriais, é de que há mais de 250 cães vivendo em torno da usina nuclear, outros mais de 225 cães na Cidade de Chernobyl e centenas de cães nos postos de controle de segurança e em outras localidades da Zona de Exclusão.

“Os cães de Chernobyl são desnutridos, foram expostos à raiva por causa de predadores selvagens [como lobos]”, garante a Clean Futures. Em Chernobyl, a expectativa de vida dos cães é bastante reduzida por causa da exposição à radiação. A maioria tem no máximo quatro ou cinco anos. Poucos ultrapassam os seis anos de vida. Para piorar, há aqueles que enfrentam o rigoroso inverno ucraniano, que chega a 30 graus negativos, sem um abrigo apropriado.

Por outro lado, os cães que moram perto dos postos de controle têm cabanas feitas pelos guardas de Chernobyl. Com o tempo, eles aprenderam também que a presença humana pode significar sempre uma chance de ganhar comida. Prova disso é que vários podem ser vistos na entrada do Café Desyatka, onde normalmente esperam receber dos clientes um pouco de borscht, uma tradicional sopa de beterraba.

“Hoje os cães de Chernobyl confiam nos trabalhadores da estação para se manterem vivos. Alguns os levam para dentro e cuidam de seus ferimentos. Mas eles também correm o risco de exposição à raiva ao interagir com os cães”, informa a Clean Futures.

Há poucos meses, a jornalista britânica Julie McDowall viajou para a Zona de Exclusão da Ucrânia. Ela narra que quando estavam nos bosques atrás da Usina Nuclear de Chernobyl, um cachorro correu em sua direção – um animal magrinho, com pelos tigrados e olhos amarelos. Igor, o guia, tocou o focinho dele com a mão:

“Eles resistem na neve e a água gelada balança das árvores. Os olhos do cachorro brilham quando Igor agarra um graveto e joga na árvore. Distraído, o animal o persegue e nosso pequeno grupo está livre para se mover. Mas o cão reaparece e joga o graveto aos pés de Igor. Ele joga novamente. O cachorro traz de volta.”

O nome do cãozinho, que tentava mastigar as bolas de neve arremessadas por Igor, segundo Julie, é Tarzan. Ele é mais um dos que passam o dia vagando pela Zona de Exclusão desde que sua mãe foi morta por um lobo. Quem cuida dele são os guias que levam os visitantes para Chernobyl. É uma dura realidade, considerando que os cães de Chernobyl vivem não apenas entre humanos, mas também entre animais como alces, linces, lebres e lobos, animais que acabaram adotando Chernobyl como lar após a evacuação de 1986.

Saiba Mais

O que ajuda a levar um pouco de alento aos centenas de cães de Chernobyl é o trabalho da ONG Clean Futures Fund, dos Estados Unidos, que montou clínicas na localidade para lidar com emergências e doenças como raiva, parvovirose, cinomose e hepatite, além de estabelecer um programa de vacinação e castração.

Referências

Alexievich, Svetlana. Chernobyl Prayer: A Chronicle of the Future. Penguin Classics (2016).

Clean Futures Fund. Dogs of Chernobyl.

McDowall, Julie. Meet the dogs of Chernobyl – the abandoned pets that formed their own canine Community (5 de fevereiro de 2018).





 

Alguém diz: “Você não tem dó das plantas?”

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“Não tenho condições de competir com um bovino em uma dieta vegetariana” (Foto: Reprodução)

Um sujeito alega que quem mais causa mal às plantas são vegetarianos e veganos e então lança a pergunta: “Você não tem dó das plantas?” Devo dizer que pensei que ele, como alguém que consome carne, comesse principalmente animais herbívoros há muito domesticados (que consomem de 10 a 40 quilos de vegetais por dia), como os bovinos, não carnívoros como tigres e leões.

Honestamente, sou incapaz de comer tantos vegetais assim em um dia. Não tenho condições de competir com um boi em uma dieta vegetariana. Afinal, falo de um animal adulto que pode chegar a 600 quilos. E, claro, para alguém afirmar que vegetarianos e veganos são os que mais causam mal às plantas é porque só pode estar se alimentando da carne de animais essencialmente carnívoros como tigres e leões.

Ademais, quando alguém se alimenta de animais, antes do pedaço de carne chegar ao seu prato, há toda uma cadeia produtiva que deveria ser considerada. Um animal objetificado não nasce pronto para ser consumido. Ele demanda uma série de recursos antes mesmo de existir. Há um planejamento de como será a sua vida visando atender um mercado que o tipifica como produto, não animal senciente e consciente que é.

Parece-me um tanto quanto paradoxal criarmos animais que deverão ser alimentados com toneladas de vegetais e então mortos violentamente para as pessoas se alimentarem de suas carnes. Quando penso nisso, associo à ideia de uma pessoa que pode atravessar uma ponte, mas prefere derrubá-la para fazer um trajeto mais longo para chegar até o outro lado de um rio.

Degradamos o meio ambiente para criar milhões, bilhões de animais que alimentamos com imensas quantidades vegetais e que serão mortos precocemente – animais que não desejam sofrer nem morrer. Então alguém aponta o dedo para o amigo vegetariano ou vegano o acusando de não ter dó das plantas porque esse amigo come pequenas porções de vegetais. Sim, o mundo é um lugar estranho.





 

CEO do PayPal diz que carteiras de couro bovino vão se tornar obsoletas até 2028

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Consumidores estão considerando desconfortável o uso de matéria-prima baseada na morte de animais

Schulman: “Carteiras feitas de vacas mortas serão coisa do passado” (Reuters/Robert Galbraith)

De acordo com um relatório divulgado esta semana pela Bloomberg, cresce a cada dia o número de consumidores preocupados em comprar roupas, calçados e acessórios livres de matérias-primas baseadas em animais, o que está colocando em risco principalmente a indústria de couro, que movimenta mais de 90 bilhões de dólares.

Segundo a Bloomberg, enquanto a mudança reflete, em parte, uma abundância de opções, os consumidores também argumentam que é desconfortável usar algo baseado na morte de animais, além da crescente preocupação com o impacto ambiental. Embora a última queda registrada no comércio global de calçados de couro tenha sido de 12%, a tendência é de constante declínio.

Em teleconferência, o CEO do PayPal, Daniel Schulman, declarou que tudo indica que as carteiras de couro bovino vão se tornar obsoletas até 2028: “Carteiras feitas de vacas mortas serão coisa do passado, porque os consumidores estão escolhendo materiais mais modernos e se distanciando do dinheiro baseado em papel.”

A Grand View Research, empresa de pesquisa de mercado baseada em São Francisco, previu recentemente que a indústria global de couro vegano deve valer mais de 85 bilhões de dólares até 2025, superando a indústria de couro bovino.

Referência

Veg News





 

Ativistas filmam espancamento de porcos em matadouro na Inglaterra

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“Eles estavam abusando dos animais que já estavam aterrorizados”

Um dos funcionários da Bramall & Son que estava chutando um porco (Foto: Sheffield Animal Save)

Na segunda-feira, dez ativistas do Save Movement, de Sheffield, na Inglaterra, estavam participando de uma vigília com duração de três horas em frente ao matadouro Bramall & Son quando testemunharam a chegada de 10 a 12 caminhões que transportavam porcos, ovelhas, bois e vacas.

Na ocasião, Jordan Heart e outros ativistas ouviram gritos partindo do pátio. Quando chegaram ao local, testemunharam um funcionário do matadouro chutando um porco que gemia e gritava. As cenas foram filmadas e compartilhadas pelo Sheffield Animal Save.

“Eles estavam abusando dos animais que já estavam aterrorizados. Ficamos chocados com a possibilidade de chutarem e abusarem dos animais, especialmente porque os fazendeiros alegam que se preocupam com os seus animais”, declarou Heart.

Após o abate, antes de deixarem o local, os ativistas viram partes dos animais, antes amedrontados, serem jogadas em uma caçamba de lixo do lado de fora do matadouro. O Save Movement é conhecido por acompanhar e registrar a realidade dos matadouros, principalmente o abate de porcos, bois, vacas, frangos, galinhas, ovelhas e de outros animais. O objetivo é conscientizar as pessoas sobre a realidade da produção de alimentos de origem animal.

 

 

 





 

Sobre pessoas que debocham do veganismo

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