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Ativistas veganos podem ser condenados à prisão por resgatarem animais da morte
“Porcos bebês estão sofrendo mutilação, fome e abuso em Smithfield”
Esta semana, alguns ativistas da rede global de direitos animais Direct Action Everywhere (DxE) terão de comparecer ao tribunal após serem acusados no mês passado de invadirem uma fazenda industrial em Mildford, no condado de Beaver, em Utah. Na ocasião, eles resgataram dois leitões da morte. No entanto, o gabinete do procurador-geral de Utah fez outra leitura do episódio.
A procuradoria acusou Wayne Hsiung, Paul Picklesimer, Samer Masterson, Andrew Sharo e Jonathan Frohnmayer de arrombamento e roubo de animais – qualificados como crimes de segundo grau. Com exceção de Masterson, os outros ativistas também foram acusados de tumulto, delito tipificado como classe A.
Eles irão ao tribunal duas vezes esta semana. Na quarta-feira, além dos cinco acusados, Diane Gandee Sorbi, de 63 anos, também deve comparecer à Corte de Sanpete County, onde enfrenta duas acusações por ter roubado um filhote de peru, na tentativa de livrá-lo da morte. Segundo os ativistas, que podem ser condenados a anos de prisão, os animais estavam vivendo em situação degradante.
“Porcos bebês estão sofrendo mutilação, fome e abuso em Smithfield, e a empresa não quer que o público saiba disso”, declarou Wayne Hsiung. Em sua defesa, a Smithfield Food’s Circle Four Farms negou todas as acusações feitas pelo grupo.
Como o consumo de carne favorece a destruição da identidade dos animais
Como achar normal a morte de 70 bilhões de animais terrestres por ano para consumo?
Moby: “Precisamos parar de usar os animais como alimentos”
Ontem, no Dia Mundial do Meio Ambiente, o músico vegano Moby usou a sua conta no Instagram para motivar as pessoas a abdicarem do consumo de alimentos de origem animal.
Ele publicou uma foto da destruição das florestas tropicais provocada pela invasão da agropecuária e declarou que vale a pena lembrar que a agricultura animal é responsável por 45% das mudanças climáticas, 95% da destruição das florestas tropicais, 40% do uso de água e 50% da acidificação dos oceanos.
“Então, é claro que precisamos acabar com nossa dependência dos produtos petrolíferos e parar de usar óleo de palma, mas, para salvar a única casa que temos (assim como 100 bilhões de animais, anualmente), precisamos parar de usar os animais como alimentos”, alertou.
Alguém diz: “O veganismo ensina as pessoas a respeitarem os animais, mas não as pessoas”
“O veganismo não ensina nada disso, mas tentarei entender o seu posicionamento”

Sim, o veganismo é uma filosofia de vida que se volta em primeiro lugar para o direito dos animais à vida (Foto: Jo-Anne McArthur/We Animals)
Alguém diz:
— O veganismo ensina as pessoas a respeitarem os animais, mas não as pessoas.
— Me desculpe, meu camarada, mas há um equívoco substancial na sua afirmação. O veganismo não ensina nada disso, mas tentarei entender o seu posicionamento. Creio que você queira dizer que veganos priorizam os animais não humanos. Sim, no contexto do veganismo, naturalmente, porque o veganismo é uma filosofia de vida que se volta em primeiro lugar para o direito dos animais à vida, pelo direito de não sofrer em decorrência da má intervenção humana, mas isso não significa que veganos desrespeitem seres humanos ou não se importem com seres humanos. Porém, vamos considerar um cenário de veganos que desrespeitam pessoas. Seres humanos são seres complexos, têm suas peculiaridades e vicissitudes.
Logo se você busca perfeição entre veganos, devo dizer que está buscando isso no lugar errado. Simplesmente porque perfeição não existe em nenhum contexto. E desrespeitar pessoas é algo que deve ser analisado sob um prisma mais abrangente. Quero dizer, a não ser que você veja alguém exercendo um desrespeito contínuo ou inerente, isso pode ser apenas uma manifestação equivocada e circunstancial. Bom, um sujeito de quem você não goste, ou que você qualifique como “imbecil”, pode sim ser vegano. Afinal, ser vegano não isenta ninguém de ter falhas. Eu mesmo tenho muitas, e é exatamente por isso que não condeno quem defende os animais, mas carregue falhas em seu histórico.
Eu particularmente não conheço nenhum caso de veganos que tenham feito conscienciosamente mal às pessoas. Sim, os seres humanos podem se exaltar em seus discursos, praguejar a humanidade, criticar o descaso humano em relação aos animais não humanos; até mesmo xingar. Claro, há pessoas que se excedem, mas percebo que isso normalmente acontece quando nos deixamos guiar pela emoção e pela situação, então não racionalizamos nosso discurso e agimos impulsivamente. Mas isso não significa que uma pessoa seja ruim ou odeie, de fato, a humanidade. Afinal, não vivemos no pleno ostracismo. Nos comunicamos com alguém em algum momento, não? Ademais, o veganismo é feito por pessoas, logo há essencialmente um senso coletivista.
E desrespeito muitas vezes é um retrato do momento, um retrato até mesmo difuso. Além disso, todos podemos mudar (ou não), crescer, amadurecer, evoluir, o que quer que seja. Logo quem sou eu para dizer quem deve ou merece ser vegano ou não? Outro ponto. Sua afirmação também carrega uma falha histórica. O vegetarianismo ético, os direitos animais e o veganismo foram idealizados por humanitários. Sim, isso mesmo, por pessoas que antes se preocupavam com seres humanos e entenderam que era importante estender isso aos seres não humanos.
Então realmente não acho muito apropriado dizer que o veganismo ensina as pessoas a não respeitarem pessoas. A história está repleta de personagens protovegetarianos, vegetarianos, protoveganos e veganos que defenderam e defendem os animais humanos e não humanos – o que não significa que defender pessoas seja, de fato, uma premissa ou obrigação. Henry Salt, por exemplo, um dos nomes mais importantes da era vitoriana na defesa dos animais e pioneiro da teoria dos direitos animais, foi o fundador da Liga Humanitária Inglesa.
Não podemos ignorar também que há inúmeras bandeiras específicas em defesa dos humanos, mas só uma em defesa dos animais, e realmente isso faz uma diferença não circunstancial, mas sim substancial. Claro que em um cenário ideal seria muito bom se houvesse respeito a animais humanos, não humanos, uma harmonia verdadeiramente abrangente. Mas creio que as coisas vão evoluindo com o tempo e com as nossas predisposições.
O que há de tão racional em matar um animal para se alimentar de sua carne?
Como nos relacionamos de forma equivocada com os animais
60% dos mamíferos do mundo são produtos da pecuária
“Nossas escolhas alimentares têm um grande efeito sobre os habitats dos animais, plantas e outros organismos”

Milo: “Considero o impacto ambiental na minha tomada de decisão, então isso me ajuda a pensar se quero escolher bife ou frango ou usar tofu?” (Foto: Creative Commons)
Um estudo intitulado “A Distribuição de Biomassa na Terra”, publicado esta semana pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, revelou que 60% de todos os mamíferos do mundo são produtos da pecuária. Ou seja, existem para serem comercializados como alimentos ou fontes de alimentos.
Desses 60%, a maioria é formada por suínos e bovinos. Tratando-se de animais não mamíferos, 70% das aves do mundo todo são criadas para consumo, e apenas 30% são silvestres. Os seres humanos, que somam 7,6 bilhões na atualidade, não representam mais do que 0,01% de todos os seres vivos que habitam a Terra. Ainda assim, a humanidade conseguiu provocar o desaparecimento de 83% de todos os mamíferos selvagens desde o início da civilização, segundo a pesquisa.
Ron Milo, do Instituto de Ciência Weizmann, de Israel, que liderou o trabalho, declarou que ficou chocado ao descobrir que não havia uma estimativa abrangente de todos os diferentes componentes da biomassa. “Espero que isso dê às pessoas uma perspectiva sobre o papel dominante que a humanidade desempenha agora na Terra”, enfatizou.
Para o pesquisador, a maneira como nos alimentamos exige uma profunda reflexão. “Nossas escolhas alimentares têm um grande efeito sobre os habitats dos animais, plantas e outros organismos. Considero o impacto ambiental na minha tomada de decisão, então isso me ajuda a pensar se quero escolher bife ou frango ou usar tofu?”
Referência
Nascem, crescem numa velocidade assustadora e morrem para tornarem-se comida
Casal de criadores de gado transforma fazenda em um santuário de animais no Texas
“As mães chorando por uma semana, e a ausência de suas almas no pasto, me assombravam”

“Chorei tantas vezes que ele [Tommy] tentou esconder o fato de estar fazendo isso, mas eu sempre soube por causa do lamento das vacas quando perdem seus bebês e não conseguem encontrá-los” (Foto: Rowdy Girl Sanctuary)
Em 2009, Renée King-Sonnen se mudou para uma propriedade rural em Angleton, no Texas, com o marido Tommy Sonnen, da quarta geração de uma família de criadores de gado. Fascinada pelos animais, Renée começou a passar muito tempo com eles, desenvolvendo empatia e analisando suas personalidades e individualidades. Logo ela percebeu que rapidamente as vacas criam laços profundos com os bezerros – o que a fez associar com a relação de uma mãe com o seu filho humano.
Por outro lado, para além desse cenário de amor animal que inspira reflexão, Renée conheceu outra faceta da realidade ao testemunhar como os bezerros eram separados das vacas, enviados para leilões e encaminhados para os matadouros. A certeza de que nesse meio o laço familiar é rompido precocemente, e as vidas dos animais são tão curtas em decorrência da exploração, a chocou.
“A experiência de vê-los partir, as mães chorando por uma semana, e a ausência de suas almas no pasto, me assombravam. Chorei tantas vezes que ele [Tommy] tentou esconder o fato de estar fazendo isso, mas eu sempre soube por causa do lamento das vacas quando perdem seus bebês e não conseguem encontrá-los”, enfatizou.
Deprimida, em outubro de 2014, Renée falou para o marido que não queria mais contribuir com a morte de animais vulneráveis, que a cada dia a ensinavam uma nova lição. O amor dos animais pela liberdade, por exemplo, ela descobriu na figura de Houdini, um bezerro que sempre que tinha alguma oportunidade tentava fugir da propriedade. Renée King então passou a considerar insuficiente poupar apenas alguns animais da morte.
Buscando uma mudança mais substancial, ela conheceu o veganismo e decidiu correr atrás de um sonho – transformar a fazenda em um santuário de animais. Renée fez contato com pessoas do movimento vegano que foram determinantes nesse processo de transformação de uma fazenda de gado em um santuário. O marido concordou, e não apenas os bovinos foram poupados, mas também os porcos, frangos, galinhas e outros animais que viviam no local.
Hoje o casal vegano que administra o Rowdy Girl Sanctuary, no mesmo local de onde os bovinos partiam rumo à morte, recebe visitas e abriga um número cada vez mais crescente de animais livrados da morte precoce nos matadouros. Segundo René King-Sonnen, um sonho, de fato, concretizado.
Referências
Capps, Ashley. Former Meat and Dairy Farmers Who Became Vegan Activists (4 de novembro de 2014).
Rowdy Girl Sanctury. Renee King-Sonnen – Founder (7 de abril de 2016)